Meninas Como Nós – introdução

Quando eu era criança tinha uma coisa que me incomodava demais quando íamos à praia. O problema era a areia e o sal do mar que, quando combinados, me deixavam toda melecada e grudenta e eu odiava aquela sensação. Me lembro de uma vez que seguíamos viagem pelo litoral de Santa Catarina e paramos em uma praia à caminho da cidade para onde iríamos. Nadamos, foi divertido, mas na hora da volta, tivemos que somente nos secar com as toalhas e seguir viagem. Sem banho. Argh, aquela sensação me incomodava demais.

Eu aprendi, ao longo do tempo, que muitas outras coisas me deixavam incomodada assim: não ter um barulho de ventilador para dormir; não ter leite com achocolatado pela manhã; não ter uma comida que me agrade nas refeições; não poder tomar banho depois de um dia cansativo; quando a internet fica fora do ar; etc. Basicamente, eu gosto do conforto. Gosto de ter as coisas feitas do meu jeito e ser muito clara em expressar meu descontentamento quando isso não acontece.

Nessa época do relato que contei eu tinha cerca de 9 anos. Meu maior problema era a areia do mar no meio dos meus dedos dos pés. Areia das férias. Férias na praia.

Você sabe qual o maior problema de meninas de 9 anos do Iraque? Elas são vendidas como escravas sexuais para terroristas.

Viu o contraste?

Essa série que começo hoje tem o objetivo de abrir nossos olhos. De nos mostrar que meninas ao redor do mundo, com a mesma idade que eu e você, estão vivendo realidades completamente diferentes das nossas.

Eu li outro dia o relato de uma moça de 22 anos também vendida como escrava sexual. A mesma idade que eu tinha enquanto lia. Mesma idade, mesmo corpo, mesmos anseios, mesmos medos. Podia ser eu.

Mas, não era. Vivo aqui, em outra realidade. Pela vontade e soberania de Deus eu nasci aqui, em uma família amorosa, e ela lá, em uma realidade de guerra.

Então qual meu papel nisso? Só existem duas coisas que posso fazer: fechar os olhos e ignorar totalmente essa verdade e continuar uma vida fútil; ou abrir os olhos para essa realidade e me colocar nas mãos de Deus para ser usada de qualquer forma possível para ajudar – seja com orações, seja para fazer essa situação conhecida, seja até para ir lá.

Esse texto é uma chamada ao despertamento. Quero que passemos essa semana nos preparando para ver as realidades que tenho lido e pesquisado em outros blogs e sites, o que tem se passado com jovens, crianças, meninas como nós, vítimas da guerra e do descaso e do abuso.

Prepare seu coração para verdades doídas de serem lidas e terrivelmente mais doídas de serem vividas.

Realidades doídas de serem lidas e terrivelmente mais doídas de serem vividas. #MeninascomoNós Click To Tweet

Quero desafiar você, e eu, a estarmos despertas. Pai, que mundo é esse ao meu redor? Ele está caído, está no caos, jaz no maligno. E qual meu lugar nisso? Deixemos Ele nos mostrar o que tem sido muito confortável: talvez nosso tempo livre gasto com coisas e não pessoas; talvez nossas brigas e discussões por motivos bobos e fúteis; talvez nossa vontade de ter tudo agora, e da maneira que queremos; talvez nossas comprinhas para aliviar o stress; talvez nosso tempo livre gasto em redes sociais… Deixemos Ele nos mostrar. Deixemos Ele quebrar todo muro que nos mantém em nossas realidades cor-de-rosa, ignorando as meninas como nós desse vasto mundo.

Enquanto penso nas realidades que vivemos em comparação com as das meninas que vamos ver, fico pensando nesse versículo de Ezequiel:

“Ora, este foi o pecado de sua irmã Sodoma: Ela e suas filhas eram arrogantes, tinham fartura de comida e viviam despreocupadas; não ajudavam os pobres e os necessitados.” (Ezequiel 16:49)

Que não sejamos como as meninas de Sodoma.

Em Cristo,
Francine

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