Os contos de fadas e o amor-instantâneo

Eu cresci assistindo aos filmes da Disney e, como a maioria das meninas que fizeram o mesmo, fui afetada por isso. Passei minha infância querendo ser princesa – gentil, amável, respeitada (não acho que tenha nada de errado com essa parte) e a adolescência querendo um Príncipe Encantado (não digo o mesmo dessa parte…) Não dá pra negar, portanto, que esses filmes afetam nossas ideias de romance e relacionamentos.

Hoje quero falar sobre como esses filmes retratam o amor, um amor que eu gosto de chamar de amor-instantâneo, ou amor-miojo.

Pensem comigo nessa comparação: você pega o miojo, tira do saquinho, coloca em um pote com água, coloca no microondas e pronto! Lá está seu jantar.

Com esses filmes acontece assim: príncipe vê princesa, dançam/cantam/fazem alguma atividade rápida parecida, precisam se separar rapidamente e pronto! Já se amam para sempre.

Mas, Fran, por que essa implicância boba com simples filmes? Porque eu sei, por experiência própria, que eles nos afetam de forma mais profunda do que gostaríamos de assumir. Nós passamos a vida achando que vamos ver alguém na rua/na igreja/no culto da mocidade, ele vai ser lindo, ele vai nos achar lindas, e pronto! Amor para sempre.

O amor não é assim. Essa primeira impressão, esse primeiro contato pode até gerar a atração, o interesse, mas nunca o amor. Nunca aquilo retratado em 1 Coríntios 13. Porque aquilo lá demanda tempo. Demanda conhecer. Demanda cuidado. Demanda intenção. Vai muito, muito além de um sentimento.

Se o amor fosse simplesmente um sentimento, talvez Deus não precisasse nos ordenar a amar (cf. 1 João 4:21), porque iríamos senti-lo e seria natural. Mas, não é. Amar de verdade vai além do que podemos fazer com nossas próprias forças, exige que Deus nos ajude, exige que façamos a escolha intencional de amar e cuidar e estar perto.

As princesas da Disney parecem encontrar um rapaz uma vez e a partir daí já estão declarando amor eterno. Percebem como isso é perigoso para nós? Nos ensinam (indiretamente) que o amor é apenas um sentimento que, para acontecer só precisa de um contato de 5 minutos e que para se manter não precisa de interação, cuidado, convivência.

Isso é tão irreal! Se você conversar com qualquer casal que está casado há anos você vai ouvir eles afirmarem que o amor precisa de investimento, de decisão.

Não estou aqui afirmando que o amor é somente uma escolha e que, portanto, eu posso escolher qualquer pessoa e passar a amá-la. Pessoalmente também acho esse pensamento perigoso! Mas, acredito que, uma vez que você se percebe interessado em alguém, o famoso “estar apaixonado”, é preciso que exista então uma consciência de que o amor exige dedicação, MUITA dedicação, para ser mantido.

Um namoro, um noivado, um casamento exige que sejamos intencionais. E é por isso que os contos de fadas me assustam. A gente não vê o que acontece depois do “felizes para sempre”. Hoje cantamos juntos, amanhã a bruxa te prendeu, daí te salvo e nos casamos. Cadê envolvimento? Cadê as brigas e diferenças? Cadê dificuldades?

Claro que eu sou consciente de que esses filmes foram feitos para nos alimentar a fantasia e por isso eles não vão retratar as dores e enjoos da gravidez, as diferenças familiares, os cabelos emaranhados toda manhã…

Mas, quando nós assistimos esses filmes passamos, ainda que inconscientemente, a achar que os relacionamentos, para serem bons, não podem ter dificuldades. E quando a primeira aparece, corremos.

E é aí que mora o perigo.

Quero com esse texto levantar a questão: nós, como moças, estamos CONSCIENTES de que o amor NÃO É o que os filmes retratam? Ou estamos somente declarando isso com nossas bocas enquanto nossos corações anseiam por um príncipe encantado sem defeitos?

Pergunto isso porque vivi muitos anos nessa mentira, esperando a perfeição. Até o dia em que percebi que estava buscando que meu namorado fosse não parecido com Cristo, mas exatamente como Cristo, ou seja, perfeito. E isso é um fardo enorme para eles e até mesmo para nós, porque estaremos eternamente insatisfeitas.

Onde encontraremos um modelo de perfeição, um amor que é eterno e forte como os contos de fadas mostram? Em Cristo e nEle somente.

Onde encontraremos um modelo de amor perfeito? Em Cristo e nEle somente. Click To Tweet

Fora dEle encontraremos somente pecadores, como nós, que têm tentado viver uma vida de obediência e santidade, mas que vão cair, vão nos machucar e vão errar. E aí nós teremos que escolher: eu vou passar a vida buscando um conto-de-fadas irreal ou vou arregaçar as mangas e TRABALHAR intencionalmente por um amor de verdade?

Porque para sermos (e recebermos) tudo isso dessa lista abaixo precisamos amar muito e cuidar muito e conviver muito e perdoar muito. E fazer isso TODOS OS DIAS.

O amor é paciente, o amor é bondoso.

Não inveja, não se vangloria, não se orgulha.
Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor.
O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade.
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor nunca perece. (1 Coríntios 13:4-8)

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Eu gostaria muito que a gente pudesse conversar nesse texto assim como fizemos no “Intoxicada de Romance“, porque esse assunto de filmes e como eles nos afetam é algo que pesa em meu coração. Eu já vi isso afetar meus relacionamentos e é preciso muita paciência do meu namorado para apontar essas questões… Então, vamos conversar nos comentários?

Em Cristo,
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