As vestes da insegurança

Nesse texto, gostaria de propor uma reflexão que vai investigar as motivações das nossas aparentes boas ações. Será que as boas ações ainda são boas ações quando as motivações não partem de um desejo de glorificar a Deus? Centralizando um pouco o assunto, que tal aplicarmos essa reflexão ao nosso guarda-roupa? O ponto não é falar sobre o que vestimos (Se você quiser ler sobre esse tema, temos um artigo sobre isso aqui no Graça). Nesse post quero investigar mais a fundo o que nos motiva a nos vestirmos da maneira que nos vestimos.

Durante a composição do post estive pensando e percebendo detalhes sobre a forma que ideias secularizadas adentram à nossa cosmovisão e nos fazem agir de modo anti-cristão. Por exemplo, observe a filosofia do empoderamento feminino, demonstrada em frases como: “Você precisa mostrar atitude”, “Você precisa mostrar que chegou e ser reconhecida por isso”. Todas sabemos como o feminismo tem ganhado corpo em nossa época, nas escolas, faculdades e etc. O feminismo é uma realidade, e isso está claro até para a mais desatenta de nós, e suas causalidades estão diante de nossos olhos a todo momento, por vezes até em nossos discursos.

No outro extremo, em direção diametralmente oposta, existe a tradição da modéstia e do recato, e eu não falo do modo bíblico de viver esses pontos, mas do estereótipo que tem se criado em torno da tradição reformada. Para ser mais direta, cito o estereótipo vazio de significado teológico da famosa “européia” que, contrapondo o empoderamento marxista, se atira em outro pecado: a insegurança. É este ponto que eu gostaria de tratar com vocês nesse artigo. Quero falar sobre respostas erradas que acabamos dando a ideias erradas.

A atualidade, com os meios digitais, nos induz a pensar que as transformações do corpo, estilo e cabelo podem ser a saída e suficiente solução para uma garota que não é notada, que não é escandalosa em sua aparência e que não considera a extrema vaidade. É por esse viés, em busca da futilidade, que tentam nos vender a confiança mentirosa para viver.

E como temos respondido a isso? Existem mulheres que preferem se manter neutras durante todo o tempo e em todas as situações. Mulheres e meninas que não se importam em como viver, afinal não há espaço para que elas sejam vistas. Mulheres e meninas que, de tanto aceitarem a vergonha até chegarem ao ponto de se rejeitar, já se neutralizaram contra estímulos externos. Mulheres que não consideram que têm problemas, porque se consideram o próprio problema. Mulheres que se escondem por receio. Meninas que se escondem em seus trajes exageradamente longos por medo, se escondem por não aceitarem sua correta identidade em Cristo, mas que por fora são puras damas. Todos admiram e dizem que ali há uma pessoa segura de si, uma pessoa que se porta de modo diferente por causa de uma convicção superior.

Mas, será? Será que o anseio de glorificar a Deus, mostrando o padrão cristão à sociedade tem sido a nossa motivação, ou os nossos trajes têm sido uma fuga da sociedade, amparando-se num estereótipo aparentemente cristão para disfarçar a falta de aceitação com o próprio corpo?

Se tivéssemos corpos de modelo ainda nos vestiríamos como nos vestimos, ou desejaríamos dialogar mais com a exposição feminina de nosso tempo? Desejaríamos likes ou a glória de Deus exposta em nosso verdadeiro recato?

Se tivéssemos corpos de modelo ainda nos vestiríamos como nos vestimos, ou desejaríamos as selfies e os likes? Nossa modéstia é sincera ou hipócrita? Click To Tweet

Uma vez Francine escreveu um post sobre recato, e coloco aqui uma citação do artigo:

O recato não é a atitude de sentir-se superior, moralmente falando, e esconder-se por trás de um puritanismo forçado. O recato é ordem bíblica. Algo que vem, antes, de um coração rendido às ordens do Senhor.

Se quando nos vestimos não há em nossa mente o conselho de Paulo às mulheres, precisamos pensar em como estamos vivendo e prestando culto todos os dias com nossa vida ao Senhor.

Para continuar nesse ponto, gostaria de tratar sobre a insegurança e suas causas.

INSEGURANÇA (definição do Google)
1. ausência de segurança; periculosidade.
2. sensação ou sentimento de não estar protegido, seguro.

Pensar que confiança e insegurança são tão próximos, mas ao mesmo tempo tão distantes em seus conceitos, é um pouco difícil de assimilar. A confiança em si, em seu próprio eu, é um erro fatal, pois demonstra toda a falta de confiança no Deus criador. Dessa forma, se não conseguimos confiar em nosso eu, por não atingir a todas as exigências qualitativas e características impostas pelo plano social, frustradas e sem forças, a realidade da insegurança chega e se instala.

A partir daí passamos a ignorar nossas responsabilidades e propósitos dados a nós por Deus. Nos encontramos em meio a realidades de bondade divina, de fartura, de bençãos e não conseguimos enxergar isso, pois o que rege nosso coração é a preocupação com o que falta no “meu eu”. Não conseguimos amar o próximo porque a insegurança nos traz insatisfação cnosco mesmas e com Deus. Isso não é um problema apenas contra a alma, mas contra a soberania do Senhor, contra Seus propósitos entregues a nós. O coração disposto ao Senhor está ocupado em ser mudado e ser aceito diante de outros, a necessidade de ser aceito de bom grado por outros toma muito do esforço, da força de nosso ser. Com esse triste e perigoso anseio do coração, diversas outras ações são desenvolvidas.

Nós todas já nos encontramos em momentos assim, sabemos que nossas forças são colocadas em atingir essas metas tolas que colocamos em nossa mente e coração. Queridas, que dificuldade é ter os olhos abertos a isso! Meu ponto aqui era pensar nas complicações da insegurança no vestuário, mas acredito que esse problema quando instaurado se reflete em diversas outras áreas da vida.

Analisando o cenário feminino hoje, há diversas possibilidades de estarmos nos portando de maneira singela e recatada, mas não por termos a consciência de que esse é o padrão colocado por Deus para que eu e você sigamos.

As mulheres não-cristãs não veem limites para a superação de uma baixa auto-estima, não veem limites para a superação da insegurança no vestir. Elas dizem, “Exploda, mesmo que isso não seja tão bem visto ou aceito por outras pessoas a seu redor. Irradie ousadia e poder, não se importe com os outros.” É essa a solução que encontramos fora da vontade do Senhor para nós.

Diferente de conselhos como esses, seguimos com a Palavra, que é a verdade sobre todo e qualquer assunto.

Da mesma forma quero que as mulheres se vistam modestamente, com decência e discrição, não se adornando com tranças, nem ouro, nem pérolas, nem roupas caras, mas com boas obras, como convém a mulheres que professam adorar a Deus. (1 Timóteo 2:9,10)

A pureza e a humildade são parte da regeneração que recebemos do Senhor, e precisam ser manifestas exteriormente por meio de nossas roupas e nossas ações, nesse ponto já não existe mais lugar para insegurança, mas sim para a obediência. Essa orientação tão clara do apóstolo Paulo registra que a mulher se veste conforme a sua confissão de fé cristã. Percebem o tamanho da responsabilidade do estilo que assumimos? Da forma que nos vestimos e nos retratamos? Percebe o quanto a questão exterior é reflexo do que ocorre no interior?

Enfrentar a cultura e a imposição dos padrões midiáticos é uma tarefa difícil, mas ouso dizer que enfrentar as barreiras de nosso coração é um desafio mais pesado. Precisamos ser guiadas pelo Senhor ao autoconhecimento, precisamos seguir a obediência antes de pensar no que gostamos, precisamos render o coração diante do plano de salvação que nos foi entregue. Ele é digno disso!

Chegar a conclusão de Paulo não será fácil, oremos juntas para alcançar essa consciência, ter conhecido ao Senhor e ser por Ele conhecido é o que nos preenche, o que nos move. Não precisamos mais de outra aceitação, se não o fato de sermos aceitas como filhas, participantes de sua obra, livres para viver a Sua vontade. Não existe melhor lugar e maior contentamento do que esse: viver para a glória de Deus, em segurança e confiança.

Mas, qualquer ganho que eu tivesse, eu contei como perda por causa de Cristo. Na verdade, eu conto tudo como perda por causa do valor excedente de conhecer a Cristo Jesus, meu Senhor. (Filipenses 3: 7-8a)

 


 

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