Testemunho #2 – Pecados escondidos

Escrito por Anônimo e enviado por aqui

Desde muito pequenininha eu tinha a mania de “colocar a mão onde não devia”. Para mim aquilo não era errado, e eu sequer sabia o que aquilo significava. No fim das contas acabei me viciando nisso.

Com o tempo, além de me masturbar, eu comecei a criar fantasias sexuais antes de dormir, todas as noites, sistematicamente. Fui crescendo, e comecei a ficar incomodada. Ninguém me dizia nada, nem me acusavam (na verdade ninguém nem sabia), mas dentro de mim eu sentia um vazio, como se o pouquinho de paz que havia dentro de mim fugisse.

E eu continuava me apresentando na igreja, bancando a cristã na escola e a santinha em casa.

Em certo dia, em uma reunião de jovens, nosso líder disse para mudarmos de vida, pois os nossos pecados seriam revelados. Aquilo me chocou, e eu busquei com todas as minhas forças me libertar desse vício, porém não consegui.

Passei por dois congressos de jovens. O líder do teatro preparou o roteiro das duas peças, e nelas havia um personagem com vícios sexuais. Ao final de cada ensaio ele dizia: “Encenem de verdade, pois pode ser que na igreja mesmo haja pessoas que vão à igreja por ir, que se drogam, que se masturbam, e ninguém sabe”. Todas as vezes que ele dizia isso eu sentia uma pontinha de acusação, mesmo que ele não soubesse de nada. Foram dois anos (que consegui contar) lutando contra meu vício.

Nesse tempo comecei a ler fanfictions que retratavam estupros, e a consumir vários conteúdos “em forma de arte”. Era como se eu estivesse feliz e contente pela internet, e de repente… Opa! Cenas de nudez, conversas maliciosas, fantasias aqui e ali… Que pena!

Mal sabia eu que não estava enganando ninguém além de mim mesma.

Adquiri uma tática de “só mais um dia sem”, dizendo para mim mesma essa frase dia após dia. Consegui manter esse trato por alguns meses, mas era realmente uma luta, algo que eu perdia muito em algum lado. Se eu fazia, eu sentia uma culpa enorme que gerava um ataque de choro, remorso e a certeza de que Deus não perdoaria meu pecado planejado; se não fazia, tinha crises de abstinência. Conseguia resistir, mas com um pé atrás, pensando no que estava perdendo.

Há não muito tempo atrás me vi caindo no mesmo erro. Me tranquei no banheiro e comecei a chorar desesperadamente. Mas dessa vez foi diferente de todas as outras. Dessa vez eu não fiquei chorando como quem implora compaixão e pedindo desculpas repetida e incessantemente. Dessa vez eu chorei não porque eu sentiria um vazio minutos depois, mas porque eu sabia que tinha entristecido a Deus. Eu tinha prometido a mim mesma viver uma vida em santidade, prometido ao próprio Deus que viveria para Ele, que me dedicaria ao meu ministério, que contaria meu testemunho que está sendo construído para jovens de todos os cantos do país. Uma chuva de planos e projetos para a glória de Deus e, de repente, caio de novo.

Me senti culpada, impura, indigna de continuar com a obra tão preciosa que Ele havia me dado para fazer. E no meio daquele caos, ouvi a voz de Deus no meu coração. “Você não vai parar agora, não é?”. Eu fiquei pensando sobre aquilo. Sobre Ele nos perdoar quando nos arrependemos e esquecer nossos pecados para sempre. Percebi que, pelo menos daquela vez, eu estava arrependida de verdade. Então pedi perdão.

Não pedi desculpas superficiais como efeito de um remorso profundo. Pedi misericórdia diante de um Deus tão grande e tão bom, tão amigo e verdadeiro, que ouve minhas histórias de vida, desabafos e que cura minhas paixões, para que ele não fugisse de mim.

Pedi que ele me corrigisse, mesmo que significasse receber um “Basta!” da parte dEle. Pedi que houvesse justiça, que houvesse paga do meu erro, para que eu não tivesse do que me envergonhar quando eu adentrasse em Sua presença ou subisse no púlpito para falar sobre santidade.

Eu não tentei me justificar. Eu não falei que eu era jovem, que eu tinha hormônios ou que a culpa tinha sido dEle. Eu sabia que estava errada, e contei isso pra Deus.

Eu sabia que era errado antes de eu fazer, e confessei pra Ele. Então me senti como aquela mulher adúltera, flagrada em próprio ato (no meu caso, flagrada pela minha consciência), levada à Jesus, tendo seu pecado perdoado. Percebi que eu não era muito diferente dela. Ela traía seu marido com um amante, e eu traía meu Noivo com meus próprios prazeres. Ambas recebemos o perdão divino. E o final da história não podia ser diferente: Vá e não peques mais.

Enxuguei as lágrimas, lavei meu rosto vermelho, e me decidi a mudar. Chamei Jesus para me ajudar a melhorar, para controlar os meus impulsos e a cumprir o meu chamado da maneira mais santa possível. Hoje eu posso dizer que não tenho mais culpa alguma. Posso dizer diante do céu e do inferno que não tenho do que me envergonhar. Sei que ao me casar levantarei um troféu por escolher a pureza.

E o congresso de jovens que eu falei, o próximo está chegando, e quando disserem que há jovens da forma que eu estava, eu poderei louvar a Deus e agradecê-lo por não praticar mais esse pecado, e me empenharei no que puder para ajudar todas as pessoas que sofrem do mesmo mal que sofri.

Masturbação é um assunto delicado. No meio cristão, um pouquinho mais. No meio de moças, mais ainda! Eu não tive ninguém para conversar sobre minha fraqueza.

Não me sentia à vontade nem para conversar com minhas amigas cristãs que eu peço ajuda em tudo. Mas descobri que há alguém que eu posso contar tudo, mesmo que o que eu for contar seja algo que ele não vai gostar. Eu descobri que Jesus muda nossos sentimentos e nossas vontades segundo a dEle, isso se permitirmos, e o convidarmos para fazer a mudança.

Jesus muda nossos sentimentos e vontades segundo a dEle.Conte tudo pra Ele, não esconda nada. Click To Tweet

Eu sei como é difícil se libertar desse vício, também sei que parece uma barreira impossível de se passar. Mas é só chamar Jesus pra te ajudar, que ele ajuda. Conte tudo pra ele, não esconda nada. Converse como você conversaria com seus amigos sobre gostos musicais. Conte como começou, o que você faz escondido, porque você não consegue parar, e sinta a paz do Espírito Santo chegando bem pertinho de você. Quando estiver realmente decidido a parar – mesmo que não consiga de primeira – peça perdão, e comece a lutar contra a sua carne.

Lute mesmo! Mas não com suas forças. Peça pra Jesus te ajudar no cabo-de-guerra contra suas vontades.

“Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça.” – 1 João 1.9

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Quando eu recebi esse testemunho fiquei muito feliz. Me senti encorajada e desafiada. Percebi que esses assuntos considerados tabus (principalmente a sexualidade feminina) precisam ser mais conversados nas igrejas e em sites cristãos. Eu creio que o pecado se alimenta de escuridão e quando fica abafado e escondido ele cresce. Mas, quando o trazemos a luz, quando o confessamos, Ele é fiel e justo para nos perdoar. E mais que isso, quando compartilhamos nosso pecado, outra pessoa pode ler e pensar “eu estou passando por isso. Se ela venceu esse pecado eu também posso vencer.” Irmãs, é pra isso que esse blog existe.

Muito obrigada, querida irmã anônima, por compartilhar conosco sua história.

E você? Vai compartilhar a sua? Estamos esperando!

Em Cristo,
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