Testemunho #1 – A história de como Deus me livrou de mim mesma

Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me. Porquanto, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa achá-la-á. (Mateus 16:24-25)

Toda vez que eu penso em uma história que quero compartilhar aqui no blog eu fico me perguntando se aquilo não é pessoal demais para ser colocado em um website que pode ser lido por qualquer pessoa (!). E confesso que tal pensamento já me impediu de postar muita coisa. É especialmente assustador porque, no comecinho dos meus blogs, eu só escrevia para mim mesma, amigos e familiares. Hoje, recebo comentário e e-mails de irmãos e irmãs queridos que eu nunca vi pessoalmente (e isso é ótimo, na verdade).

Essa história de hoje, entretanto, eu sinto que pode ajudar e inspirar muita gente. Pode ser que alguns não a entendam, talvez porque nunca passaram por nada parecido. Mas, se inspirar você então pronto, valeu a pena a partilha.

Tudo isso começa quando eu era pré-adolescente e tinha essa quedinha por um rapazinho do meu colégio (quem nunca?). Acontece que ele não correspondia minhas expectativas, e para piorar muito a situação, ele resolveu praticar bullying comigo (que naquela época a gente chamava só de “ser malvado e zoar as pessoas”, mesmo). O motivo do bullying eram minhas orelhas, e meu apelido era “Dumbo”. Bom, eu sei que parece bobeira, todo mundo já deve ter sido zoado na escola. Mas, a verdade é que quando a zoação vem de uma pessoa que significa mais para você do que os outros, é um tanto pior. E eu só tinha 11 anos, o que torna tudo muito pior. E quem já estudou um pouco de psicologia infantil sabe o quanto esse tipo de situação afeta profundamente a criança.

O tempo passou e minha auto-estima estava no chão. Em casa eu sempre fui chamada de princesa e meus pais sempre me mostravam que eu era linda para eles. E quando a sétima série inteira diz o contrário, as coisas vão mal. Eu chorava escondida, não ia bem de amizades no colégio, e me via como eles me viam: sem muito valor.

No final do ano meus pais me mudaram de escola, e as coisas melhoraram bastante, e depois disso, algumas coisas aconteceram na minha vida e eu mudei (a gente cresce, né).

E o que aconteceu nos anos seguintes foi que eu me senti uma lagarta virando borboleta. As orelhas agora não eram mais um fardo e eu me sentia linda! Maravilhosa! Encantadora! Adorável!!!

Pois é, como você já deve ter percebido, a coisa subiu à minha cabeça. Essas coisas acontecem quando mudanças radicais ocorrem (a história não conta, mas eu tenho certeza que quando o patinho feio sentiu que virou cisne, a coisa subiu pra cabeça dele também.)

Maquiagem, cabelos sempre escovados, roupas mais femininas. Eu era uma perfeita patricinha (na verdade, eu tinha orgulho de me chamar como tal). Foram longos anos. As pessoas perceberam a mudança. Eu fiquei chata. Metida. Arrogante, às vezes. Eu me preocupava com a minha imagem, com a maneira como as pessoas pensavam de mim.

Até que o Senhor me quebrou. Foi um processo. E alguma coisa me dizia que, na verdade, aquilo não era o plano de Deus para mim como moça cristã.

Enquanto eu me preocupava com meu cabelo, pessoas que eu podia ajudar passavam por mim todo dia e eu não via. A minha vida estava mergulhada em futilidades enquanto o clamor do mundo sem Cristo estava mudo aos meus ouvidos. Enquanto eu queria participar do próximo encontro social da sala, minha igreja precisava dos meus dons e eu não queria saber. Mas, o pior de tudo: quanto mais eu afundava em mim mesma, mais longe eu estava dEle. Eu não orava, não me encontrava com Ele na Palavra. Eu não era exemplo de nada para ninguém.

De uma maneira miraculosa o Senhor tirou o óculos cor-de-rosa que eu mantinha ante meus olhos, e me mostrou a realidade da vida. A realidade de quem Ele é e do que Ele quer pra mim. A realidade do mundo que me cerca. Os sacrifícios que eu teria (e tenho) que fazer por Ele, para a glória dEle e alegria dos outros. Ele me mostrou que viver para mim não existe nos planos divinos. Pelo contrário, que eu precisava morrer para a Francine e viver para Jesus. E pela graça dEle (e pela graça somente) Ele me permitiu mudar.

Deus sabe, melhor do que eu mesma, o quão longe estou de ser a serva que Ele me chamou para ser. Mas, como muito bem disse o pr. Mike McKinley na Conferência para jovens da Fiel esse ano, a vida cristã é um iô-iô, ela sobe e desce, a gente erra e levanta, mas é um iô-iô que está nas mãos de alguém subindo uma escada, ou seja, estamos sempre crescendo. Sempre avançando. Sempre crescendo na santidade sem a qual ninguém verá o Senhor.

Hoje eu sou uma moça melhor, e sei disso pelo poder do sangue do meu Jesus que me deu a graça de não viver sob o domínio do pecado. Hoje meu coração queima pelas vidas que estão ao meu alcance e por aquelas que não estão, e eu quero cumprir o “ide” dEle a cada dia. Eu aprendi que um cristão que queira viver para a glória de Cristo não pode viver para si. Não posso querer ser uma borboleta, focada em si, nos seus desejos e necessidades, quando Ele me disse: “negue a si mesma”. ELE DISSE! MEU JESUS. Não dá pra continuar surda à isso.

Ok, mas sejamos prudentes: isso quer dizer que eu virei desleixada e que maquiagem é pecado? Céus, não. Não tem absolutamente nada de errado em ser feminina, em se arrumar. Se cuidar é ótimo, somos templo do Espírito!

Mas, o meu pecado nunca foi esse. O meu pecado era o egoísmo e o orgulho que consumiam todo o meu tempo, tempo que nem sequer é meu, mas dEle, pois essa vida aqui Ele comprou com sangue, e eu não posso desperdiçá-la com “Francine Francine Francine”.

Uma escritora maravilhosa chamada Anne Ortlund escreveu em seu livro “Formosura Feminina” que em Provérbios 31 têm 31 versículos sobre como a mulher virtuosa é, e apenas UM deles fala da sua beleza exterior (“Faz para si cobertas, veste-se de linho fino e de púrpura”, v. 22). Apenas um. É essa a proporção de importância da beleza exterior comparada à interior na Bíblia: 1/31 (!).

Amadas, esse assunto de beleza tá batido, existem muitos outros artigos de pessoas muito mais competentes e piedosas que eu falando sobre, mas se tem uma mensagem que eu posso deixar para vocês aqui, ela é essa: viver para si mesmo cansa, e é um dos pecados mais comuns no mundo. As pessoas vivem para si e isso gera toda a indiferença, violência, maldade, e tudo mais que vemos todo dia acontecer do nosso lado. Mas, nós somos dEle. Ele é nosso. QUÃO AMADAS SOMOS NÓS! “Com amor eterno te amei…” Ele nos diz (Jm. 31.3). Por favor, não deixem que a ânsia de ser a borboleta te impeça de ver que o Senhor não quer borboletas egocêntricas em Seu serviço, Ele quer formigas trabalhadoras, não preguiçosas, prontas para ABRIR MÃO DE TUDO por amor a Ele e às almas sedentas por Ele.

Deixe Ele te livrar de você mesma. Que a graça dEle seja tudo em nós. Que estejamos prontos para pegar nossa cruz e negarmos a nós mesmos.

Amo vocês todas em Cristo, formiguinhas.

Vamos crescer juntas no amor e na graça.

Deixa Deus te livrar de você mesma. Click To Tweet

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Esse é o primeiro post de testemunhos, e achei que seria justo começar com o meu, com a história de como Deus quebrou minha vaidade e me mostrou que importa viver por Ele. Eu gostaria muito poder publicar o seu testemunho e sua história aqui. Quer saber como? Clique aqui.

P.S.: Esse texto foi originalmente postado no TFL, em Junho de 2013.

Em Cristo,