Quando cumprir metas não é o suficiente (Sobre apatia espiritual)

Imediatismo. Impaciência. Pressa. Superficialidade.

Quantas vezes já nos pegamos irritadas com a demora de pedidos de orações que ainda não foram atendidos? Quantas vezes oramos ao Senhor com orações “express”, sem nem ao menos meditar no que estamos fazendo? Quantas vezes nosso tempo foi “otimizado” e nós nos orgulhamos por termos completado a nossa “to-do-list” diária, encaixando os nossos momentos devocionais em 5-10 minutos de 24 horas?

“Faço minha devocional com esse aplicativo! Leio rapidinho o texto e em 5 minutos já fiz tudo e posso começar o meu dia!”

Estamos todos acelerados, perdendo a vida. Sobrevivendo, apenas.

Nesses últimos meses, tive lutas que jamais imaginaria ter. Desafios profissionais que se misturaram com enfermidades, minhas e da minha família, problemas de relacionamentos com pessoas próximas a mim e uma incerteza profunda e desesperadora sobre o futuro. Por mais que vençamos essas fases várias vezes durante a vida, nunca nos acostumamos com a sensação de desespero e urgência que nos acomete e tira de nós todo o foco que tínhamos na eternidade.

E assim foi comigo. Ao invés de me aproximar mais de Deus, passar mais tempo com Ele, entender Seus ensinos, lembrar de suas verdades, firmar meus olhos no único que relacionamento crucial para me manter viva e perseverante, eu escolhi confiar no que eu já (achava que) sabia e decidi que estava cheia o suficiente do Senhor. Cinco minutos por dia eram o suficiente para eu não ter que me preocupar com aquela pendência e assim ter mais tempo para sofrer com as tempestades que eu não podia controlar.

Eu perdi a noção do que era esse momento. Esqueci-me do privilégio que eu tinha. Esqueci que o Rei do Universo, Criador Soberano, Pai das Luzes podia estar comigo todos os dias, me ensinando, me consolando, me amando, me curando. Esfriei nosso relacionamento e, com ele, foi-se a minha paz e alegria.

Aos poucos, percebi um estado diferente da minha alma, um estado que não mais estava inclinado ao interesse. Era uma indiferença. Apatia. Passei a viver culturalmente como cristã, falando versículos de cor, com frases de efeito e aquele otimismo desenfreado – que outrora tanto me irritava – em negação em aceitar tudo que estava passando.

Amigas, por que fazemos isso? Não nos deixemos fraquejar.

De fato, desde a criação, Deus buscou ter intimidade com o Seu povo. Foi dessa forma no jardim do Éden, foi assim através dos profetas, dos juízes, com Cristo em nosso meio e com o Santo Espírito.

“Quando ouviram a voz do SENHOR Deus, que andava no jardim pela viração do dia…” (Gênesis 3:8a)

“Disse o SENHOR: Farei desaparecer da face da terra o homem que criei, o homem e o animal, os répteis e as aves dos céus; porque me arrependo de os haver feito. Porém Noé achou graça diante do SENHOR. Eis a história de Noé. Noé era homem justo e íntegro entre os seus contemporâneos; Noé andava com Deus.” (Gênesis 6:7-9)

Não é normal vivermos longe do Senhor.

“Ó Deus, tu és o meu Deus forte; eu te busco ansiosamente; a minha alma tem sede de ti; meu corpo te almeja, como terra árida, exausta, sem água.” (Salmo 63: 1)

“Quanto amo a tua lei! É a minha meditação, todo dia! (…) Quão doces são as tuas palavras ao meu paladar! Mais que o mel à minha boca.” (Salmo 119: 97 e 103)

Recentemente nossa querida Tairine em seu texto chamado “Por que devo conhecer a Deus?” nos fez questionar se conhecemos o Deus em que cremos e depositamos nossa fé.  De maneira maravilhosa ela nos ensina a indagarmos se a nossa ideia sobre o Deus que dizemos conhecer foi criada a partir das nossas experiências vagas ou de uma correta compreensão de como Deus se apresenta na Escritura.

O que isso quer dizer na prática? Quer dizer, queridas, que devemos dar ao Senhor a devida importância que Ele tem.

Como o Espírito de Deus habita em nós e nós nem ao menos temos vontade de conhecê-Lo? De fato, não podemos obter o que a Palavra nos dá de nenhum outro lugar. Ela é o portão para nossa retidão, para a vida.

Suportar um dia inteiro sem estar com o Senhor já deveria ser o suficiente para ficarmos desesperadas, sedentas, já que Ele deveria, inclusive, ser o destino para onde levamos nossas fraquezas, nossos medos, nossos sentimentos – que tantas vezes nos enganam e nos iludem.

Deveríamos reconhecer a Sua voz em meio às multidões e em meio ao mar de filosofias que nos são apresentadas, mas nos enfraquecemos, nos entregamos, caímos porque não andamos com nosso Criador, o único que pode dizer quem somos e para quê existimos.

Se você ainda se encontra na mesma apatia na qual eu me encontrava, aconselho-te a sair dessa armadilha, enquanto ainda há tempo.  Não é tarde para recomeçar! Desafie a si mesma! Não podemos mais errar por não conhecer as Escrituras nem o poder de Deus (Mateus 22:29). Não podemos mais errar nos conformando com este século, abrindo mão da transformação pela renovação de nossas mentes (Romanos 12:2a).

“Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração.” (Hebreus 4:12)

Não estou dizendo que não vai doer. Não estou dizendo que vai ser fácil. Estou dizendo que valerá a pena. Com esta espada (Efésios 6:17), com orações e súplicas podemos chegar até o fim dessa jornada terrena tendo bom ânimo, ainda que em meio a tantos problemas, convictas que nosso Senhor Jesus venceu o mundo, convictas de quem Ele é, convictas de quem somos e do que nos espera.