Por que devo conhecer a Deus?

Na igreja brasileira, hoje, enfrentamos problemas. Encontrar o verdadeiro Deus, com tantos deuses criados, tornou-se um desafio. Um deus à parte da Palavra costuma ser pregado em algumas comunidades, um deus que se doa e se curva diante de seus fiéis ou um deus rude e pouco preocupado em relacionamentos, e alguns outros deuses que não mostram a natureza ou a totalidade do Deus verdadeiro. Esses são construídos por líderes em seus sermões, onde não há preocupação em edificar a igreja de Cristo com verdades a respeito de seu próprio Dono.  Como um ministério que prioriza o Deus revelado nas Escrituras, gostaria que pensássemos juntas a respeito dessa necessidade: conhecer o verdadeiro Deus.

Culturalmente, no Brasil, a busca pelo conhecimento, tanto por conta própria, quanto academicamente, não é uma de nossas maiores características. Procurar, conhecer, informar-se, descobrir e meditar são hábitos necessários para que a assimilação de conteúdos aconteça. Em minha trajetória, durante um grande período, poucos eram os momentos de reflexão e interpretação correta sobre textos. Quando orientada a estudar a Bíblia, com uma linguagem e contextos tão distantes dos meus, a tentativa era ainda mais desafiadora. Foi tarde que eu compreendi a necessidade do conhecimento, ainda vivo lutas para a dedicação aos estudos. Um deus que não era o Deus revelado, foi algo construído no qual eu estava depositando fé. Direcionar fé para algo que não é verdadeiro, qual validade tem?

Eis aqui um ponto de partida para a reflexão: eu conheço o Deus em que creio? Quem é o Deus no qual eu deposito minha fé? No que baseio minha fé? Quer dizer, a minha ideia sobre o Deus que eu digo conhecer foi criada a partir das minhas experiências vagas ou de uma correta compreensão de como Deus se apresenta na Escritura? A pergunta é: Qual é a validade do meu conhecimento sobre Deus?  Com bases fracas eu me disse filha de Deus durante um grande período da minha vida. O meu deus era ação social, fazer o bem, dizer que havia um deus, que ele era o pai de todos e viver para fazer coisas “boas”, o que resultava em pontos positivos acumulados para uma avaliação futura nos céus. A conformidade de um deus impessoal, sem grandeza, sem justiça, sem ira, sem santidade e que não me causava temor era o suficiente. O Deus verdadeiro que transforma e liberta a mente da ignorância não me era conhecido.

Uma pergunta de Agostinho cabe aqui: “O que amo quando amo meu Deus?”.

Agostinho, por ter conhecido o Deus verdadeiro que se revelou por meio da Palavra, conheceu a si ao olhar para Deus. A perspectiva muda quando traços verdadeiros de quem Deus é como pessoa chegam ao nosso conhecimento. O que estamos amando quando declaramos nosso amor a Deus? Estamos amando o Deus verdadeiro? Estamos amando a ideia que temos de Deus? Amamos a verdade de Deus? O que pensamos a respeito de amor verdadeiro está baseado em quê? Amar a Deus envolve o primeiro mandamento que ele nos deixou.

“Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança.” (Gênesis 1:26)

Deus comunica por meio de sua criação parte do que Ele é. Outra verdade nos ajuda a responder às possíveis questões que surgem com essa afirmação.

“E Adão viveu cento e trinta anos, e gerou um filho à sua semelhança, conforme a sua imagem, e pôs-lhe o nome de Sete.” (Gênesis 5:3)

A imagem e semelhança de Deus foi transmitida a cada ser humano, porém após a queda a corrupção de Adão também se estabeleceu em todo ser humano. Em todos os âmbitos fomos afetados com isso – nossas relações, nosso cognitivo, nossa visão de mundo, nossos desejos…

Somos seres necessitados de correção, e voltar-se ao Criador perfeito é a resposta e resolução para nossa imperfeição.

Somente o conhecimento do Deus revelado nas Escrituras pode nos livrar da ignorância. Conhecer a Deus é obedecer, é viver o propósito para o qual fomos criados. O que eu sei sobre Deus me auxilia a compreender o meu propósito como ser humano, como cristã, como esposa. O conhecimento de Deus nos ajuda a compreender a vontade de Deus para sua Igreja, seu povo. Conhecer a Deus nos faz caminhar na verdade que não negocia com a cultura. O conhecimento de Deus traz a compreensão do zelo e prioridade que devemos ter de cada vez conhece-Lo mais. Conhecer a Deus nos faz direcionar fé e adoração a um Deus verdadeiro e não a ídolos criados. Conhecer a Deus por meio de Sua palavra nos faz pensar sobre Deus de acordo com o que Ele é, do modo que Ele quer que nossa mente pense. O que Deus revela a respeito de Si faz com que minha alma o ame por admiração ao que Ele é.

E por que tudo isso é importante? A criação de Deus tem um propósito – glorificá-lo. Só podemos fazer isso conhecendo a Deus. Ele tem padrões diferentes dos nossos, uma vontade perfeita e misericórdia infindável. Pensar nos atributos de Deus é necessário para um senso maior de adoração. Conhecer o verdadeiro Deus transforma nosso ser, nosso senso, nosso achismo e principalmente o nosso coração.

Por que devo conhecer a Deus então? O primeiro mandamento nos direciona à primeira correção que nossos corações tanto precisam – amar a Deus. Nossos corações criam a todo tempo deuses, criam ideias e achismos, direcionamos adoração a coisas criadas. Como amar a Deus verdadeiramente? Conhecer a Deus resultará em amor a Deus. Conhecer o Deus verdadeiro é a maior necessidade que temos e continuará a ser até na vida eterna.

Minha oração é que nossos corações desejem o Deus verdadeiro revelado nas Escrituras. Que nossas comunidades priorizem conhecer a Deus do modo que Ele quer ser conhecido, por meio da Sua Palavra. Que um caminho baseado em verdades eternas seja o caminho trilhado por todas nós.