Nosso Real Viver (Morte, Ressurreição e Ascensão de Cristo)
A salvação representa todo o plano de Deus para a humanidade, e isso inclui a nossa libertação da culpa e do juízo causados pelo pecado, através do pleno perdão, reconciliação e adoção como filhos de Deus, nossa libertação progressiva da habilidade do mal de puxar-nos para longe de Deus e por fim o dia em que receberemos um corpo novo e glorioso em um novo céu e nova terra. Tudo isso está associado aos três principais eventos da vida de Jesus: sua morte, sua ressurreição seguida pelo dom do Espírito Santo e seu retorno com poder e glória. Vejamos agora então um pouco de cada um.
De que vale um Messias morto?
Em um dia Abraão vai ao monte em obediência ao Senhor, amarra seu filho, o qual aparentemente não apresenta nenhuma rejeição ou resistência. O velho homem alcança a faca, põe a mão sobre a testa de seu filho, e enquanto a mão vai baixando, ele crê que “o Senhor proverá” (Gn 22:14). E então – que maravilha! – lá estava o animal preso pelos chifres no arbusto. Que final lindo para uma história. Porém, aquele não foi o final, foi o intervalo. Centenas de anos depois, em uma colina chamada Calvário, Deus Pai pousa sua mão na cabeça de Seu filho unigênito e o sacrifica. Para demonstrar amor, Deus teve de punir o pecado, e só haveria uma forma de fazer isso: na morte do Seu filho unigênito.
A maioria das pessoas entende Deus como amoroso, mas não vão além disso. Ele não somente é um Deus de amor, o próprio amor, mas é também um Deus reto, justo e santo. Ele não tolera o pecado. A Bíblia mostra que Deus criou o homem e a mulher para partilhar com eles seu amor e sua glória, mas vemos também no Livro de Gênesis que eles escolheram rebelar-se e seguir seu próprio caminho, suas próprias vontades que conduzem à morte. No entanto, em seu infinito amor, mesmo após eles terem o rejeitado, o Senhor quis estender a mão para salvá-los do caminho da morte que haviam escolhido. Porém, o pecado não subsiste em sua presença. E agora? Como resolver esse dilema?
A Trindade – Pai, Filho e Espírito Santo – tomou uma decisão que é loucura para o mundo. O Filho tomaria sobre si a carne humana, o Verbo se tornaria carne e habitaria entre nós, cheio de graça e de verdade. O nascimento de Jesus, como menino, brilhou na escuridão da humanidade. A boa-nova de grande alegria nasceu! Veio o Salvador, que é Cristo, o Senhor. Deus vem a nós e nos encontra. O Deus infinito trouxe sobre si a natureza humana, Ele tomou sobre si a carne e é na sua morte que ele toma sobre si os pecados dos seus. Jesus foi para aquele madeiro como o Deus-homem e através da sua morte a ira santa e justa de Deus foi satisfeita. A justiça foi feita, a penalidade foi paga. A nossa libertação da culpa e juízo causados pelo pecado é uma dádiva recebida pelo próprio Deus, pois “ao Senhor pertence a Salvação” (Jn 2:9).
Você então pode se perguntar: por que aquele que morreu no madeiro deveria ser Deus? Pouco tempo depois da minha conversão eu me peguei nesse questionamento e então entendi que somente um Deus infinito tinha a capacidade infinita de tomar sobre si os pecados do mundo inteiro, pois Jesus sozinho é mais digno, honrado e valioso que toda a humanidade reunida. Não precisávamos do sacrifício de um bom homem, nem de um rei, ou anjo, mas sim de alguém infinitamente valioso para pagar a punição infinita que merecíamos, devido a nossa culpa infinita, por pecarmos contra um Deus infinitamente santo, justo e reto. Consegue ver a preciosidade de Cristo?
Isso é sensacional e arde meu coração. Na cruz, Deus simplesmente coloca de cabeça para baixo todas as nossas pretensões, toda a nossa arrogância e toda a nossa tolice de tentar chegar a ele por meio de mérito próprio. Deus vem a nós e em completa humildade. Ele é conhecido por nós não na demonstração de poder, como o mundo conhece, mas na exibição da graça numa morte sangrenta, cruel e humilhante. Cristo é a imagem exata de Deus. Ele é a soma da glória de Deus em forma humana e sua beleza brilha mais forte em sua hora mais escura. Aqueles que confiam e descansam no sacrifício de Jesus na cruz têm, ao estenderem as suas mãos vazias a ele, o perdão de seus pecados. Não sei se conseguimos compreender a profundidade e o poder desse fato, mas a verdade é que em Cristo recebemos tudo o que precisamos para nos relacionar com Deus (1Pe 1:19-20).
Tudo isso se fez em meio à dor, não falo apenas da dor física que Jesus passou no Calvário, mas a dor da ira santa de Deus. Jesus tremia de medo no Getsêmani não pela cruz, pelos pregos, pelos açoites. Ele temia todo o ódio, toda a ira, toda a santidade, toda a justiça e todo o julgamento de Deus esmagando sua cabeça. Você nunca leu que “agradou moê-lo” (Isaías 53:10)? O Filho de Deus tomou o cálice da ira e bebeu cada gota até não restar nada. Você não chora diante disso? Ele morreu para nos dar a vida! Estas palavras deveriam quebrar nosso coração em mil pedaços e nos fazer cair no chão em adoração.
Um túmulo vazio
Mas Cristo não permaneceu morto, pois se assim fora não haveria qualquer esperança. Deus reivindicou Seu filho, ressuscitando-o dentre os mortos e ao ressuscitá-lo fixou seu selo e declarou que seu sacrifício foi suficiente para expiar os pecados de seu povo. Pela manhã do terceiro dia o sepulcro se abriu. A pedra lançada serviu não para que Jesus saísse, mas para que o mundo entrasse e visse o túmulo vazio, o qual foi o recibo que Deus emitiu – o pagamento foi aceito! Que alegria! Um homem pecou, uma raça de homens caiu. Um homem morre e ressurge e aquele que crê é selado pelo Espírito Santo da promessa. (Ef 1:14)
Jesus ressurgiu dos mortos, nos dando a esperança de vida eterna juntamente com o Pai. Nossa vida não se limita apenas a esse lado da eternidade, não somos os mais infelizes deste mundo, como disse Paulo (1Co 15:19).
Com sua ressurreição Jesus nos ensina que ele tira qualquer dúvida dos nossos corações, pois entendemos que nossa vida tem um propósito que é glorificar a Deus. O pecado pode ter impedido de enxergarmos uma vida com esse fim, mas Jesus dissipa as trevas e com os olhos da fé percebemos que o viver é Cristo. Além disso, Jesus abre nosso entendimento para aprender das Escrituras a fim de nos enchermos do pleno conhecimento de Deus. Após sua ressurreição, os Apóstolos olharam para as palavras dos profetas do Antigo Testamento e diziam: “como não víamos isso? Estava claro!”. Por fim, Jesus nos capacita para uma missão, a proclamação do Evangelho, e fazer discípulos em todas as nações. Tudo isso na alegria de que nunca estaremos sozinhos, mas agraciados pelo poder do Espírito Santo em nós.
O Rei da Glória
Quarenta dias após sua ressurreição, Jesus ascendeu à destra de seu Pai.
Jesus Cristo é digno de todo louvor, honra e glória e Ele exige isso de nós. A graça nos conduz a nos ajoelharmos perante Ele, mas aquele que permanece de coração duro, com dura cerviz, Deus quebra as rótulas dos joelhos a fim de que todo joelho se dobre e toda língua confesse que Ele é o Senhor (Fp 2:9-11). Quer você o sirva ou não, Ele é o Senhor. Seu poder é tal que Ele está assentado sobre todas as coisas com absoluta soberania.
Os frutos das palavras final e obra divina em Cristo podem ser colhidos e apreciados hoje. Após a ascensão, Deus nos enviou o nosso ajudador por toda a vida, o Consolador, o Espírito Santo que age em nós para a glória de Deus. A promessa cumprida confere a nós as riquezas da palavra e da obra de Cristo no passado. É por meio do Espírito que Deus coloca em prática agora o que terminou em Jesus. O Espírito Santo ilumina nossa mente para compreendermos o que Deus disse em Cristo e desperta nossa fé para compreendermos o que Ele fez em Cristo. Ninguém pode dizer “Jesus é Senhor” a não ser pelo Espírito Santo.
Sem o poder do Espírito não há Igreja. É ele que veio para firmar os pés dos que creem num caminho que os leva para a morte do pecado e uma vida eterna com Cristo. Ele não apenas nos regenera, Ele é o principal nutridor, pois é Ele quem nos molda para chegarmos a conformidade com a imagem de Cristo e nos alimenta para atingirmos a maturidade espiritual. Portanto, o Espírito Santo não somente nos vivifica, dando-nos fé e vida espiritual, para sermos justificados, mas também nutre aqueles que Ele ressuscitou da morte espiritual.
A obra divina de Cristo permite, e falo isso em lágrimas, que eu esteja escrevendo todas essas coisas. A glória dele é onde a busca das minhas afeições deve terminar. A sua cruz encharcada de sangue é o centro ardente dessa glória. Através dela Ele comprou para nós cada bênção – temporal ou eterna, e nós não merecemos nenhuma, nenhuma, nenhuma! E ainda assim Ele comprou todas elas. Por causa da cruz de Cristo, a ira de Deus é aplacada. Por causa da sua cruz, toda culpa é removida, os pecados são perdoados, a perfeita justiça é imputada a nós, o amor de Deus é derramado em nossos corações pelo Espírito e estamos sendo conformados à imagem de Cristo.
O que você tem feito com essa verdade? Sua única e preciosa vida dada por Deus é um desperdício? Nosso real viver é Cristo.
Esse post faz parte da nossa série de postagens de Dezembro com o tema “A Pessoa de Jesus Cristo”. Para ler todos os posts clique AQUI.
3 Comments
Parabéns Luana, excelente texto, claro e cheio do amor de Deus pela humanidade.
Que texto lindo, Luana! Deus seja louvado!
P.S: também sou paraibana!
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