Como As Redes Sociais Afetam Nossos Relacionamentos

As redes sociais, como o nome já diz, foram criadas para serem uma forma de socializar na internet. A princípio, não há nada de errado com isso, certo? Redes para criação de perfis pessoais para interagir, conhecer, se relacionar com outras pessoas…

Não pretendo com este texto demonizar os sites que promovem a interação interpessoal – seria muita hipocrisia de minha parte, já que uso minhas redes e gosto muito delas. O que eu quero é que, ao final dessa reflexão, possamos confrontar a nós mesmas e refletir se estamos sendo dominadas pela ansiedade, medo, insegurança e ilusão causada pelas relações virtuais, que muitas vezes não conseguem nem sair da tela do computador ou do celular.

Por muito tempo, cerca de mais de 1 ano, encontrei-me na realidade do culto online e me restringi a socializar com meus irmãos pela internet. Isso foi muito bom (glória a Deus por essa possibilidade), mas percebi que isso afetou – e muito – a minha habilidade de conviver presencialmente com meus irmãos e irmãs.

“Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos!” (Salmos 133:1)

Isso mesmo, é para ser bom e agradável. Por que fico ansiosa para ir à igreja? Por que minhas mãos ficam suadas quando vejo alguém se aproximando?

Será que perdi a coragem de olhar nos olhos das pessoas, contar os meus problemas, ouvir os problemas delas, orarmos juntas de mãos dadas, darmos um abraço reconfortante cheio de empatia e amor?

Claro que existe amor nas redes sociais, mas, o uso constante – às vezes durante o dia todo – e o ritmo frenético da vida online pode acarretar resultados muito mais prejudiciais do que benéficos para a vida “real”.

Vejamos:

1. O nosso ideal de amizade muda. É comum buscarmos perfis parecidos com o nosso, de pessoas que gostem das mesmas coisas que nós, que nos despertem interesse de alguma forma com suas fotos, informações do perfil, seguidores em comum. Nosso mundo acaba virando uma peneira, aproximando apenas os iguais.

Jesus não era assim. Jesus andava com todas as pessoas, principalmente com os renegados sociais.

“Veio o Filho do Homem, comendo e bebendo, e dizeis: Eis aí um glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores!” (Lucas 7:34)

Irmãs, o evangelho precisa ser pregado. O objetivo da igreja não é viver numa bolha de iguais. Por mais que seja maravilhoso trocar mensagens, fazer lives sobre diversos temas, promover uma sociedade online harmoniosa, o evangelho precisa ir para além disso. Devemos romper os padrões e semelhanças sociais e culturais e ir até os confins da terra (Atos 1:8) para resgatar o pecador, trazê-lo ao arrependimento, aos pés de Cristo. Será que ser amigo através de uma tela é suficiente?

2. A margem para pré-julgamento se torna infinita. Quantas vezes já olhamos o perfil de alguma irmã e pensamos que a sua vida é perfeita? Quantas vezes nem pensamos em nos aproximar porque pelas suas fotos ela não precisa de oração ou de dividir nenhum fardo? Em verdade, amadas, a beleza de um feed pode ser inversamente proporcional ao sofrimento de alguém, a sua necessidade de se relacionar com irmãos com quem ela possa expor suas dores, traumas, rancores, medos. Não nos julguemos umas às outras.

3. Nos ofendemos e nos sentimos desvalorizadas quando não somos respondidas de forma rápida. Atire a primeira pedra quem nunca se magoou com alguém porque essa pessoa demorou para nos responder, não é mesmo? Parece uma coisa simples, mas um episódio como esse tem gerado muito rancor e mágoa dentro da igreja. Por se sentirem menosprezadas e desconsideradas, muitas se afastam da comunhão e criam estereótipos sobre irmãs que apenas vivem ocupadas – às vezes com fardos diários pesados – e ficam sem oportunidade de parar e responder mensagens. Por que não ligar? Por que não visitar e servi-la de alguma forma e buscar compreender a situação dela, para além de nós?

4. A vida à distância se torna o padrão.

“Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos.” (Atos 2:46,47)

Não nascemos para vivermos isolados. O povo de Deus precisa estar perto, dividindo o pão, a vida, os louvores.

Como já vimos no texto anterior da nossa amada Ana, somos seres relacionais e nós herdamos do nosso Criador essa característica. Não podemos ignorar algo que nosso próprio Deus, Senhor de nossas vidas nos mostra em sua Palavra.

Não há atualização do conceito de comunidade para a nova geração digital, nem para a geração COVID-19. O conceito é eterno. É ser igreja e permanecer fiel, atada de justiça e alerta no anseio de seu Noivo. Os membros da Igreja precisam uns dos outros. Não precisamos de likes, fotos bonitas, textos motivacionais em legendas aleatórias. Precisamos chorar juntos. Precisamos nos relacionar profundamente, sem medo e sem máscaras.

“… para que não haja divisão no corpo; pelo contrário, cooperem os membros, com igual cuidado, em favor uns dos outros. De maneira que, se um membro sofre, todos sofrem com ele; e, se um deles é honrado, com ele todos se regozijam.” (1 Coríntios 12:25,26)

Jovens conectadas precisam das senhoras que mal usam o celular para efetuar ligações. Adolescentes precisam das moças mais velhas para ouvi-las, aconselhá-las e não apenas acompanhar de longe o que passa em sua vida montada em um feed.

Não me entendam mal, queridas. As redes sociais podem ser uma benção maravilhosa e de uma utilidade imensa para o Reino de Deus. Contudo, para isso, elas precisam ser apenas ferramentas, facilitadoras de acesso, e não substitutas da realidade. Nossos relacionamentos não podem depender de interações rápidas, líquidas e efêmeras.

Devemos conhecer nossos limites e priorizar o amor que divide a vida e que existe não apenas através de uma tela.

“No tocante ao amor fraternal, não há necessidade de que eu vos escreva, porquanto vós mesmos estais por Deus instruídos que deveis amar-vos uns aos outros.” (1 Tessalonicenses 4:9)

Amemo-nos. Plenamente. Ao vivo.


Esse post faz parte da nossa série de postagens de Outubro com o tema “Redes Sociais”. Para ler todos os posts clique AQUI.