Como as Redes Sociais Afetam a Nossa Identidade

É quase sempre assim: você entra em sua rede social, encontra fotos de pessoas aparentemente felizes, estilosas, desfrutando de belas refeições, com seus amigos e sua família reunida. Então você olha para si, para a sua vida e agora tudo parece frustrante. É… Em terra de internet, o Instagram alheio sempre parece ser “mais verde”.

Não importa qual seja o ano, qual seja a moda atual, quais sejam as influências externas, há algo que parece nunca mudar: a busca pela identidade.

Saber quem eu sou e onde me encaixo é um dilema antigo e aparentemente perpétuo. É a busca infindável e desenfreada por algo que possa me definir e me fazer aceita e aprovada por todos ao meu redor – ou pelo menos por um determinado grupo.

O dilema da identidade ganha novas ferramentas de busca com a ascensão das redes sociais. Com variadas redes à minha disposição, posso finalmente definir quem sou, baseando-me na vida de outras pessoas. Ou melhor, baseando-me nas partes que outras pessoas escolheram mostrar de suas vidas. Isso te soa familiar? Todas nós, em algum momento, já tentamos definir o que somos com base na vida de alguém da internet.

A benção e a maldição

Sabemos que as redes sociais podem ser uma grande benção em nossas vidas. Por meio delas, podemos compartilhar sobre nossa fé, aprender e até mesmo ensinar determinados assuntos, fazemos amigos que não poderíamos ter feito de outra forma  senão pela internet, e muitas outras coisas boas. Mas há nas redes sociais uma linha tênue entre ser uma benção ou maldição em nossas vidas. Na internet, mostramos apenas o que convém. Mostramos belas fotos de um bebê e dificilmente fotos do mesmo bebê em momentos de birra. Partilhamos selfies tão bonitas sem que ninguém saiba que, no mesmo dia, nosso coração estava quebrado. Contamos sobre o último lugar em que estivemos sem mencionar como foi o caminho até lá. Ali, naqueles aplicativos de interação, compartilhamos o palco da nossa vida, mas dificilmente os bastidores.

O problema é que disso tudo surge algo que pode sufocar o nosso coração: a comparação. De repente, a minha vida que até então era boa, já não é tão boa assim, porque acompanhando a vida de Maria, vejo que a minha poderia ser muito melhor. Os meus amigos já não servem, afinal, Rebeca posta todo final de semana fotos com seus amigos em lugares diferentes e os meus eu só consigo reunir de tempo em tempo. Minha família, de repente, já não é tão bonita, porque quando vejo as publicações sobre a família da Sara, todos sempre bem vestidos e felizes, percebo que estamos muito longe disso. Sem contar que, eu, embora tenha sido criada por Deus e tenha em mim a Sua imagem gravada, quando entro nas redes sociais vejo que não sou tão legal, bonita, espiritual como as minhas amigas.

Com tudo isso, passo a gastar a minha vida em busca de ter a vida de Maria, os amigos de Rebeca, a família de Sara e a identidade de qualquer pessoa que por meio das redes mostre ser infinitamente melhor do que eu. Afinal, quem sou eu? Eu quero ser um pouquinho daquilo que cada pessoa expõe nas redes sociais.

Quem sou eu?

A forma mais cansativa pela qual buscamos nossa identidade é por meio da alter-referência. A palavra alter significa “outro”, ou seja, quando o outro é a nossa referência, quando buscamos em outra pessoa aquilo que queremos ser.

Buscar em outra pessoa a nossa verdadeira identidade é caminhar para um profundo abismo de comparação, competição, solidão e infelicidade. Olhar para as vitrines das redes sociais e pensar que podemos comprar uma virtude diferente de cada postagem para compor a nossa identidade é viver a ilusão de que outras pessoas têm o poder de definir aquilo que somos.

As redes sociais nunca poderão contar a história inteira. As redes sociais são limitadas porque essa é a parte da nossa vida em que podemos escolher e editar tudo aquilo que somos, fazemos e temos.

Quando olhamos exageradamente para as vitrines de pixels nos esquecemos que cada postagem, texto e foto, são feitos por pecadores como eu e como você. São publicados por pessoas que, diante do Senhor, não são perfeitas como nas postagens. São publicados por pessoas que quando sondadas pelo Deus que conhece nossas palavras antes que estas cheguem à nossa boca, não podem permanecer de pé e tão pomposas como em suas fotos perfeitas diante Dele.

O maior perigo de ter a nossa identidade moldada pelo que consumimos nas redes sociais é esquecer-nos que já somos algo. Não somos um erro, um acaso e tampouco algo vazio sem rumo e sem propósito, vagando pela internet e buscando sentido para nossa existência com base na vida de outras pessoas. Nós já somos alguém. Mas quem? Nós somos aquilo que Deus diz que somos.

O que Deus diz?

Não somos o que os outros querem e nem o que queremos ser. Somos o que Cristo diz que somos: Cristo-referência. Ele é a referência de tudo o que devemos ser. Essa identidade é compreendida quando deixo de buscar a mim e a outras pessoas, e passo a buscar a Deus, ouvir o que Ele diz, entender o que Ele fez e conhecer quem Ele é.

O caminho para a verdadeira identidade é a adoração ao Criador. A verdadeira adoração nos conduz ao autoconhecimento – me torno quem sou de verdade conforme me aproximo de Deus.

Vamos pensar em Maria de Betânia e na forma em que ela adorou o seu Senhor: sem pensar que julgavam seus atos exagerados, sem pensar em si mesma, somente pensando em quem estava diante dela. Maria estava tão segura sobre o amor de Deus por ela que se permitiu  se expor daquela forma. Maria agia como alguém que descobriu em Jesus quem ela verdadeiramente era e nada mais importava (Marcos 14).

Há um grande contraste no comportamento de Maria com o nosso comportamento diante das redes sociais hoje. Enquanto Maria adora Jesus sem se importar com o que as pessoas fazem ou com o que as pessoas pensam a seu respeito, nós muitas vezes deixamos de adorar a Jesus para agradar as pessoas que mal conhecemos e sermos parecidos com aqueles que sequer sonham com a nossa existência. Enquanto em Cristo temos alguém que nos conhece profundamente, pronto para nos dizer quem somos diante Dele, perdemos tempo buscando a nossa identidade e aprovação em redes sociais.

Querida amiga, a nossa identidade já foi definida muito antes de que viéssemos a existir. Desde a fundação do mundo, o Senhor já havia decretado sobre nossa vida tudo aquilo o que seríamos.

Em Cristo, Deus nos diz de forma clara que somos filhas amadas por nosso Deus Pai. Somos aceitas independente do nosso engajamento na internet – uma obra muito maior foi realizada para que isso acontecesse de forma segura e eterna: Jesus morreu numa cruz, sem popularidade alguma, sem se importar com o que estavam dizendo sobre Ele, para que nós pudéssemos desfrutar de uma vida de liberdade no Cristo Ressurreto.

Jesus sabia exatamente quem Ele era: Filho de Deus. Ele sabia que sua identidade jamais poderia ser abalada pelo que outras pessoas eram, pensavam ou faziam porque esta estava firmada na Palavra de Deus Pai: este é meu Filho amado (Mateus 3.17).

Adorar nosso Senhor com toda nossa força, com toda nossa mente e com todo o nosso coração, nos livrará de uma vida de insatisfação e frustração na busca de algo que não se pode encontrar fora daquele que nos criou. Nós precisamos nos empenhar e dispor do nosso tempo, com a mesma intensidade em que o fazemos nas redes sociais, para conhecer e amar a Jesus.

Uma vida de adoração nos livra de qualquer armadilha de comparação, porque estaremos exatamente na posição em que fomos criadas para estar. Uma vida de adoração também nos dará sabedoria para lidar com as redes sociais de forma saudável, sabendo que tudo aquilo que vemos é apenas parte de algo muito mais complexo e que dificilmente será exposto.

Diante do Senhor podemos expor nossos medos, fraquezas e dúvidas sobre quem somos de uma maneira que não podemos fazer na internet. Deus sim nos responderá com amor e sinceridade sobre quem somos nós. Somente Deus, o nosso Criador, sabe quem somos e para que fomos criadas. Não deve haver influência maior sobre nossa vida, comportamento e identidade senão a do próprio Senhor Deus.

Aos pés de Jesus sabemos exatamente quem somos nós e somente Nele temos uma identidade que não se abala com as ondas da internet, porque está firmada na Rocha Eterna.


Esse post faz parte da nossa série de postagens de Outubro com o tema “Redes Sociais”. Para ler todos os posts clique AQUI.