Amizades Inusitadas – Aconselhando adolescentes

Lidar com a solidão não é fácil. Não nascemos para vivermos isoladas sem o convívio em comunidade.

Já aprendemos com diversos textos e ensinos aqui no Graça que nós somos capazes de deixarmos a nossa marca no mundo quando marcamos as pessoas, suas vidas.

Frisamos diversas vezes que as amizades cristãs precisam ser sinceras, reais, pautadas nas Sagradas Escrituras, com a finalidade de obter o crescimento no conhecimento do Senhor, para Sua Glória e fortalecimento do corpo de Cristo. Contudo, pergunto-me quantas vemos aplicamos isso fora do que chamo de “panelinha” ideal.

Viver em comunidade é muito mais do que conviver com seus amigos da igreja e limitar-se a eles.

Às vezes achamos que estamos exercendo plenamente nossa função no corpo quando temos um cargo na igreja em que congregamos ou quando somos ativas nas programações da mocidade ou saímos durante a semana apenas com os nossos amigos da igreja.

É claro que ter a possibilidade de criar uma rotina com nossos irmãos é uma bênção e é algo que faz muita diferença em meio à rotina pesada. No entanto, devemos prestar atenção naquelas pessoas mais solitárias, naquelas pessoas que não tem uma “galera” para sair. Devemos observar, como mulheres mais velhas, ainda que solteiras (principalmente as solteiras!), as mulheres mais novas ao nosso redor.

Vocês já pararam para conversar com as adolescentes das suas igrejas? Sabem quais dificuldades elas estão passando? Sabem se o mundo tem sido cruel com elas? Sabem se elas estão tendo dificuldade em assumir a sua fé em público? Sabem a realidade que vivem dentro de suas casas?

Meu coração tem meditado muito nesse tema ultimamente. Na minha igreja começamos estudos em grupo de livros. Na primeira reunião, percebi que era uma das mais velhas ali e entendi que talvez aquela fosse uma oportunidade real para me aproximar daquelas meninas mais jovens. Ainda estou me adaptando, é verdade. Não temos ainda essa intimidade a ponto de intervirmos na vida uma da outra, mas creio que já faz uma diferença enorme termos um grupo semanal no qual podemos discutir sobre temas cristãos e diários com pessoas de diversas idades. Nossas irmãs.

Enquanto espero e oro pelo crescimento natural desses vínculos, lembrei-me das mulheres incríveis que se aproximaram de mim nos meus anos difíceis de adolescência. Mulheres que me ensinaram a lidar com as mais diversas situações.

Lembrei-me da importância de mulheres incríveis que se aproximaram de mim nos meus anos difíceis de adolescência e me aconselharam.

Quando penso, hoje, em algumas lutas internas que eu tive, lembro-me delas ao meu lado, aconselhando, amparando.

A probabilidade de uma adolescente da sua igreja ter amigos cristãos na escola, no condomínio, no bairro pode ser muito baixa. Nem sempre elas conseguem superar a introversão, confiar com facilidade nos outros “só” porque fazem parte do mesmo corpo. Esse entendimento pode ainda nem ser compreendido em toda sua profundidade e amplitude nesta faixa etária.

A vida dá muitas voltas e jamais podemos prever o impacto que nossos atos podem causar em outras pessoas, até um dia isso ser nos revelado, se for.

Por exemplo, lembro-me quando voltei para Igreja Presbiteriana, aos 19 anos, e comecei a dar aula para as crianças (depois de frequentar todas as classes necessárias e cumprir tudo que fora necessário até ser apta para o ensino infantil). Era professora de uma menina linda de 12 anos que era filha de uma irmã que havia sido minha professora de EBD quando mais nova, em outra igreja.

Perceber que aquela mulher plantou tantas sementes importantes no meu coração e que agora eu estava fazendo isso para a filha dela foi uma das melhores sensações que tive na vida. Hoje, amigas, falamos daquele tempo com boas risadas e gratidão.

Queridas, nem todas as adolescentes têm uma estrutura familiar saudável. Nem todas têm a rotina trivial de ir à escola e depois ir para casa apenas estudar e fazer atividades extracurriculares. Nem todas têm gostos pessoais dentro de um padrão que a maioria gosta.

Muitas se sentem sozinhas ou deslocadas. Muitas sentem que têm que ir à igreja porque os pais as obrigam, mas preferiam estar com outras companhias. Muitas amam mais os amigos seculares porque se sentem mais amadas por eles, porque não as julgam ou as condenam por qualquer erro que elas tenham cometido ou por serem diferentes da maioria.

Muitas adolescentes amam mais os amigos seculares porque se sentem mais amadas por eles, porque não as julgam ou condenam por erros que elas tenham cometido. Click To Tweet

À medida que o tempo passar, essas meninas podem desistir de tentar fazer parte. Podem entender que não nasceram para essa comunidade “perfeita” e “padronizada” e simplesmente seguir suas vidas longe do evangelho.

Você pode fazer a diferença nas vidas dessas meninas. Nós podemos. Podemos marcá-las com a irmandade que nascemos para ter.

Seja gentil

A gentileza pode abrir muitas portas. Às vezes, um sorriso pode fazer toda a diferença no dia de alguém. Se estiver sentada ao lado de uma jovem da qual você não tem muita intimidade, ao levantar, ofereça-se para pegar um copo d’água para ela, elogie suas roupas ou simplesmente sorria, deseje um bom dia, uma boa semana.

Caso consiga desenvolver uma conversa mais profunda, não menospreze os seus sentimentos só por conta da idade. Nós tendemos a não dar importância para problemas que já superamos em nossa época, mas isso não quer dizer que em outro contexto eles não são sérios ou não merecem atenção. Se o assunto está sendo um desabafo, então ele tem importância sim.

Leiam e estudem livros juntas. Estudem a Bíblia juntas. Orem juntas.

“Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus; com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos os santos” (Efésios 6:17-18)

Os santos do Senhor devem interceder uns pelos outros. Vulnerabilidade e amor, queridas. Sempre. Da mesma forma como espera que elas se abram com você, divida sua vida, suas inseguranças. É claro que o objetivo é que você aconselhe essas adolescentes preciosas, mas não deixe que isso acabe te colocando num pedestal. Você também é pecadora, você tem falhas e você também precisa de oração.

A idade adulta faz com que certas barreiras sejam irrelevantes. Acredito que depois que passamos dos 20 anos, temos mais facilidade para conversarmos com pessoas de 20, 30, 40 anos… Tenho melhores amigas mais bem mais novas e melhores amigas bem mais velhas que eu.

O tempo passa e os laços se apertam. O que pode começar como uma tentativa de manutenção da igreja, um ato de carinho, pode se tornar um relacionamento duradouro e essencial para nossa própria caminhada cristã.

Não menosprezemos a juventude

“Porque assim como num só corpo temos muitos membros, mas nem todos os membros têm a mesma função, assim também nós, conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo e membros uns dos outros” (Romanos 12:4-5)

Que possamos ajudar as nossas irmãs mais novas na difícil jornada que é crescer, orientando-as no caminho estreito, guardando-as, como podemos, das ilusões deste mundo, para que elas possam lembrar-se do Criador nesta fase, antes que venham os dias difíceis (Eclesiastes 12:1) e as consequências, muitas vezes, irreversíveis.

Se você gostaria de saber como começar relacionamentos intencionais com as adolescentes da sua igreja, considere participar de nosso Estudo Online “Florescendo Juntas – Como criar e manter relacionamentos intencionais.

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