Ai de Nós (A Santidade de Deus)

Se você tivesse que usar apenas uma palavra para descrever quem Deus é, qual usaria? Durante as últimas semanas estamos aprendendo um pouco mais acerca dos atributos comunicáveis de Deus. Bondade, amor, misericórdia… Estes e outros são atributos do Senhor. E se tivéssemos que elencar apenas um a fim de resumir todos os outros?

A repetição é muito utilizada como forma de evidenciar conceitos e lições, e na Bíblia não seria diferente. Existem lições, ordens e promessas que são repetidas várias e várias vezes nas Escrituras com o intuito de evidenciar e fixar em nossas mentes sua importância.

O atributo de Deus mais citado em Sua Palavra é a santidade. A palavra santo aparece na Bíblia cerca de 700 vezes; o verbo santificar (e suas variações) aparece mais de 200 vezes. Todas as vezes que estas palavras são usadas referem-se ao próprio Deus ou são a Ele relacionadas. A Bíblia também menciona seu “santo nome” 29 vezes e Ele é chamado “o Santo de Israel” 25 vezes só no livro de Isaías.

Em seu livro A santidade de Deus, R. C. Sproul escreve: “Somente uma vez nas Escrituras Sagradas um atributo de Deus é mencionado três vezes sucessivamente. A Bíblia diz que Deus é santo, santo, santo. Não que ele seja meramente santo, ou mesmo santo, santo. Ele é santo, santo, santo. A Bíblia nunca afirma que Deus é amor, amor, amor; ou misericórdia, misericórdia, misericórdia; ou ira, ira, ira; ou justiça, justiça, justiça. Ele é santo, santo, santo, e toda a terra está cheia de sua glória”.

O que seria, então, a santidade de Deus? A santidade do Senhor é sua majestade em perfeição, sua perfeita pureza moral. Deus, por ser Santo, é a própria antítese de tudo que é mau. Jerry Bridges em seu livro A busca da santidade assim descreveu a santidade do Senhor: “A santidade é a perfeição de todos os seus atributos: o seu poder é poder santo; a sua misericórdia é misericórdia santa; a sua sabedoria é sabedoria santa. É a santidade de Deus, mais do que qualquer outro atributo, que o torna verdadeiramente digno do nosso louvor”.

A meditação bíblica acerca da santidade do Senhor leva-nos a contemplá-lo em beleza e reverência. E ao conhecê-lo somos assegurados de que todas as suas ordens, promessas e palavras são dignas de total confiança uma vez que se baseiam em seu santo caráter.

Ai de Mim! 

Quando contemplamos a santidade de Deus, sua total perfeição e aversão ao pecado, a nossa reação natural é pensar como o profeta Isaías: “Ai de mim! Estou perdido! Pois sou um homem de lábios impuros e vivo no meio de um povo de lábios impuros; os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos” (Isaías 6.5).

Quando somos salvos por Jesus, que, sendo Deus, é plenamente santo, recebemos graciosamente o perdão dos nossos pecados. Jesus, que viveu em perfeita santidade, fez-se pecado por nós para que fôssemos feitos santos, separados para Deus. Mediante o sacrifício de Jesus na cruz fomos redimidos e recebemos a mesma segurança que Isaías recebeu: “Veja… a sua culpa será removida, e o seu pecado será perdoado” (Isaías 6.7).

Não fomos salvos por sermos bons. Quando refletimos sobre a santidade de Deus vemos que nossas melhores obras não passam de farrapos. Fomos salvos da escravidão do pecado para uma vida de santidade em eterna contemplação ao Deus que é santo, santo, santo! Aquele cuja glória enche toda a Terra nos salvou por amor ao Seu nome, para sermos como ele é. 

Santos como Ele é 

O sacrifício de Cristo nos concede santidade posicional diante do Pai. Uma vez salvos, somos libertos do pecado que antes nos escravizava, somos santos, ou seja, separados, transportados do reino das trevas para o reino na luz. No entanto, ao passo que a Bíblia nos assegura que somos agora filhos de Deus e separados para as boas obras, é igualmente verdadeiro que existem várias ordens nas escrituras para que busquemos uma vida de santidade prática (Lv 11.44-45; Lv 19.2; Lv 20.7; Rm 6:12; 1Ts 4.3, 7). O próprio Jesus, durante o sermão do monte, deixou-nos esta ordem: “Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste.” (Mt 5.48).

Sim, os nossos pecados já foram pagos e perdoados. Sim, não há nada que possamos fazer para merecer a salvação ou o amor de Deus. Sim, já somos, diante de Deus e pelos méritos de Cristo, santos. Mas ainda vivemos neste mundo e convivemos com nossa própria natureza pecaminosa. Ainda existe uma batalha a ser guerreada todos os dias, a batalha da santificação diária.

Sobre o processo de santificação, precisamos entender duas coisas nas palavras de Jerry Bridges: “(…) podemos dizer que a busca de santidade é uma aventura conjunta entre Deus e o cristão. Ninguém pode atingir qualquer grau de santidade se Deus não trabalhar na sua vida, mas também é absolutamente certo que ninguém a atingirá sem esforço da sua parte.”

Deus livrou-nos da escravidão do pecado e fornece-nos a capacidade para dizer não ao pecado, mas cabe a nós, dia a dia, com diligência, esforçarmo-nos nesta direção. Deus não nos daria uma ordem sem que nos capacitasse para cumpri-la. Na caminhada da santificação não significa que não cairemos na jornada, tropeços acontecerão. A verdadeira marca do cristão não é a total perfeição nesta terra, mas o perene anseio por uma vida mais e mais parecida com a de Jesus, a firme resolução de não abandonar a corrida da santificação que nos foi proposta até o Grande dia, quando seremos plenamente transformados.

Se você se pergunta qual é a vontade de Deus para sua vida, permita que a Palavra remova qualquer vestígio de confusão: “Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação […] porquanto Deus não nos chamou para a impureza, e sim para a santificação” (1Ts 4.3, 7). Em termos simples, a vontade de Deus para sua vida é que você seja santo como Ele é – que viva uma vida separada para Ele (Hb 12.14).

Buscar uma vida de santidade não deve nos levar ao mero cumprimento de regras, mas ao amor. Quando contemplamos a santidade do Senhor e entendemos que fomos regenerados para uma vida separada para Ele passamos a enxergar o pecado com outros olhos. Não apenas como uma desobediência qualquer, mas como um ato de rebeldia contra um Deus que é Santo.

É impossível refletir sobre a santidade de Deus revelada em sua Palavra sem que haja em nós genuína transformação. Conhecer a Deus leva-nos a adorá-Lo ao passo que temos nossa visão do mundo e de quem somos transformada. Crescer em santidade significa dizer não ao pecado dia após dia; significa despir-nos do velho homem e revestir-nos da nova identidade que temos em Cristo: filhos de Deus que buscam ser como Ele é enquanto peregrinam nesta terra rumo ao Lar, quando O veremos face a face e seremos transformados em plenitude à semelhança do Deus que é Santo, Santo, Santo.

Wilkin, Jen. Renovadas: 10 maneiras de refletir os atributos de Deus (p. 20). Edição do Kindle.
Bridges, Jerry. A busca da santidade (p. 20). Editora Monergismo. Edição do Kindle.


Esse post faz parte da nossa série de postagens de Junho/Julho com o tema “Atributos Comunicáveis de Deus”. Para ler todos os posts clique AQUI.