A Mulher em Liderança de Ministérios

Neste mês o Graça em Flor está trazendo textos sobre o papel da mulher dentro da igreja de Cristo. Já vimos no primeiro texto da série que, no contexto complementarista, o pastorado feminino não é permitido. Então qual seria a liderança de que o título desse artigo trata? 

Somos chamadas ao serviço

Todo cristão é chamado a servir com excelência a igreja de Cristo, que é Seu corpo,  e que deve funcionar como uma máquina onde as engrenagens nunca estão desordenadas ou indispostas. Cada peça daquele maquinário conhece seu papel, de maneira que o produto final seja produzido. Para que isso aconteça, as máquinas precisam de um condutor. Acreditamos que o pastor e os presbíteros devem exercer essa condução autoritativamente, com sabedoria altruísta e amorosa.

Cada peça tem sua função, e o ideal é que todas reconheçam  qual é seu papel. Já vimos que o papel das mulheres não é o de liderança eclesiástica, mas, como parte indispensável da igreja, as mulheres precisam definir seus dons e usá-los dentro do corpo Elas devem ser membros participantes e operantes do corpo de Cristo, estando disponíveis onde quer que ele precise delas.

O serviço em forma de liderança

O serviço ao corpo de Cristo pode vir em forma de uma liderança, e algumas considerações bíblicas sobre a importância de uma liderança saudável para a vida da igreja foram feitas por Russel Shedd em sua obra “O líder que Deus usa” (Vida Nova, 2005). O autor começa sua obra dando exemplos de como José, Moisés e Davi lideraram o povo de Deus. José, mesmo em meio às injustiças impostas pelos seus irmãos, manteve uma postura positiva. Isso fez com que ele mostrasse uma liderança onde o julgamento fiel, a originalidade em suas ações e sua iniciativa, protegesse o povo no Egito contra anos de miséria. A confiança de José em Deus é algo que todo líder deve almejar.

Moisés usou seu senso de chamado para se preparar para liderar o povo de Israel à Terra Prometida. Durante os quarenta anos no deserto, ele teve uma grande preocupação com a glória de Deus e perseverou para que Suas leis fossem cumpridas.

A coragem de Davi, dada àqueles a quem Deus confia, o fez lutar com Golias sem se importar com sua inexperiência. 

Esses homens de Deus exemplificam o perfil do líder cristão: alguém  disposto a servir, perseverante e que tem fé  no Único que pode os ouvir quando clamarem.

Shedd afirma também que o  líder escolhido por Deus deve buscar uma santidade semelhante à do Deus que ele está representando, e deve possuir boa reputação, sendo cheio do Espírito Santo, da sabedoria de Deus, de fé e de amor. Não menos importante, ele deve ter zelo na prestação de contas do trabalho que lhe foi confiado.

Jesus Cristo é o exemplo perfeito de liderança

Shedd diz que todo líder deve viver uma vida centralizada em Jesus Cristo, que nos ensinou que “o discípulo não está acima do seu mestre; todo aquele, porém, que for bem instruído será como o seu mestre” (Lc 6.40). Note que ser bem instruído é ser bem treinado. Um líder deve receber instrução antes de começar a liderar. Após a leitura do capítulo 4 de Lucas, podemos perceber que a maior necessidade de um líder que segue Cristo como seu principal exemplo de liderança saudável é morrer para si mesmo. O Mestre disse, “em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto” (Jo 12.24), ou seja, desenvolver o pensamento do Getsêmani é abandonar sua própria vontade e se entregar à vontade do Pai.

As dificuldades aparecerão, e o que irá diferenciar um líder cristão é sua capacidade de responder biblicamente a elas. Shedd enfatiza que, quer sejam dificuldades externas (incredulidade, inconstância, desânimo) ou internas (inveja, soberba, estagnação espiritual e teológica) a chave para superar os problemas é a humildade: “o caminho mais efetivo para aprender a humildade para a liderança é dar as boas-vindas à humilhação e à repreensão” (p.89).

O ponto alto do livro é a distinção que o autor faz no capítulo 7 de atitudes que podem ser consideradas sinônimas na visão de líderes, mas que necessitam de uma examinação mais profunda. A liderança bem-sucedida deve saber a diferença entre flexibilização e indecisão; firmeza e prepotência; determinação e teimosia; humildade e timidez. Uma liderança desequilibrada e não bíblica é com certeza uma liderança fracassada.

Finalmente, o livro de Shedd mostra que as atitudes de uma liderança bem sucedida devem ser alicerçadas em gratidão ao Senhor, otimismo, interesse pelo Reino e uma vida de oração. Para os líderes piedosos que obedecerem a esses mandamentos, as recompensas serão vistas com o peso de glória. O apóstolo Paulo nos ensina em 2 Coríntios: “Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação, não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas” (v. 17, 18).

Sugiro a leitura desse livro como uma boa ferramenta  quando algum cargo de liderança na igreja lhe for confiado. O diferencial dessa obra é o quão baseada somente na Palavra de Deus ela é. Essas palavras do autor sintetizam toda a obra: “A liderança que, de alguma forma, inclui domínio sobre as pessoas, pode ser uma boa coisa quando ela é centralizada em Deus e reflete o seu caráter santo e amoroso”.

Todo serviço ao Reino deve ser feito para honra e glória de Deus. Somos mordomos de tudo o que Ele nos entrega e, por isso, precisamos servir a igreja que Cristo ama e por quem Ele morreu amorosamente. O papel da mulher na igreja deve ser como o de todo cristão: amar a Deus e aos outros como a si mesmo. O amor ao serviço trará a humildade necessária que um líder necessita. 


Esse post faz parte da nossa série de postagens de Agosto com o tema “A Mulher na Igreja”. Para ler todos os posts clique AQUI.