24 lições aprendidas em 24 anos

Ontem eu completei 24 anos de vida – pela graça de Deus. Por algum motivo quando celebramos mais um ciclo de 365 dias nós ficamos contemplativos. Aqui está o resultado disso, uma compilação das 24 lições que eu penso ter aprendido nesses 24 anos.

1 Toda realidade é válida e toda dor precisa ser respeitada:

Eu já recebi e-mails e comentários me dizendo que, por causa do meu estilo de vida, da minha crença ou até da minha situação financeira, eu não tenho o direito de publicamente expressar minha opinião sobre certas coisas. Se tem algo que eu aprendi é que toda realidade é válida e toda expressão de opinião também – seja ela contrária ou favorável à minha.

Quanto às dores, também já me disseram que as minhas são “muito pequenas”, e que eu precisava deixar de ser tão fresca ou fraca. Eu fiz bem pouco de Psicologia na faculdade, mas o suficiente para saber que toda dor precisa ser respeitada (aliás, nem precisamos da Psicologia pra saber disso…). Minha cunhada, que é enfermeira, diz que não nos cabe julgar a intensidade da dor do outro, mas fazer de tudo para amenizá-la. Eu recebo os e-mails de vocês com dores diferentes: desde término de namoro até abuso sexual. Não me cabe apontar o dedo e dizer “sua dor é muito pequena perto da dela, engole o choro”. Eu quero aprender a te encontrar na sua dor, seja qual for, e te trazer o Bálsamo que cura.

2 Deus quer salvar pessoas de todos os povos:

Quando eu era mais jovem, era muito focada nos chamados “países de terceiro mundo” (acho que nem se usa mais esse termo né? Agora ele é politicamente incorreto). Eu queria ser missionária em algum país africano, ou no continente asiático. Eu achava que era ali que Deus me queria, e de alguma forma inconsciente, eu realmente achava que essas pessoas precisavam mais de mim do que as outras. Não, pior. Eu achava que essas pessoas precisavam mais de Cristo do que as outras.

E agora Deus me envia para os EUA, considerado um dos países mais desenvolvidos do mundo, e diz: é ali que eu te quero compartilhando meu Evangelho – há muitas almas para serem encontradas por mim nesse país.

Eu aprendi que as pessoas ricas precisam de Cristo tanto quanto as pobres.

Porque a pobreza de alma, a sede de Cristo, não atinge só quem tem falta de possessões externas. Por mais que os países mais pobres ainda precisem de ajuda física, a espiritual se faz necessária no mundo todo.

3 Os mortos não dançam:

Brooke Fraser me ensinou isso. Ela canta, “Você não sabe como, e você não sabe quando essa jornada vai acabar. Antes que seus ossos virem poeira, chacoalhe-os, porque os mortos não dançam.” Concordei e internalizei essa verdade. Viva hoje, sorria hoje, ame hoje, dance hoje, pregue hoje. Porque os mortos não fazem nada disso.

Viva hoje, sorria hoje, ame hoje, dance hoje, pregue hoje. Porque os mortos não fazem nada disso. Click To Tweet

4 Se eu não passar pela tempestade não verei o arco-íris (ou como eu prefiro: sem a turbulência não tem neve):

Em umas das minhas viagens aos EUA eu peguei uma turbulência tão forte que realmente achei que ia morrer ali, em cima da Amazônia. Depois daquilo, voar nunca foi igual pra mim… Eu gostava, mas por causa desse episódio, fiquei um pouco traumatizada. Entretanto tenho aprendido que sem aquele voo, e por consequência aquela turbulência, eu não teria chegado ao meu destino e perderia não só a companhia do meu noivo querido, como as experiências em um lugar novo (no caso do Minnesota, a delícia de ver a neve). A vida é assim: às vezes a beleza só vem depois da dor. E é preciso paciência e coragem pra suportá-la.

5 Santidade não precisa ser comprometida em nome da graça:

Essa é uma lição que eu ainda estou aprendendo – até onde podemos nos comprometer em nome da graça? Quando olhamos para Jesus, vemos que Ele se assentava com pecadores, mas não se corrompia com o pecado deles. Jesus se aproximava e os influenciava. Ele os amava. Ele se colocava perto. Mas Ele nunca ficou bêbado com eles, roubou, ou fez as perversões que eles faziam.

É preciso muita sabedoria para encontrar as pessoas onde elas estão, sem deixar que isso afete seu compromisso de pureza com Cristo.

Compaixão sim, comprometimento não.

6 Deixar de ser preconceituosa:

Por alguns anos eu tive uns preconceitos tolos: pensava que certos estilos musicais não podiam agradar a Deus, que certos instrumentos não serviam para o louvor, que certos jeitos de se vestir, cortar o cabelo, ou levantar as mãos no culto eram errados… Como eu disse anteriormente – não podemos comprometer o que é certo. Mas, não podemos inventar o que é certo, de acordo com nossos padrões. O que é Bíblico é Bíblico, e o que não é, pode ser discutido (com graça e amor). Hoje em dia eu amo hip-hop cristão, e já fui muito abençoada com essas músicas (e também levanto a mão no louvor, de vez em quando…).

7 Confissão sempre traz misericórdia:

Por muitos anos eu achei que pecado bom era pecado escondido. Guardava pra mim e pra Deus as piores partes da minha alma. Até que um versículo ficou martelando na minha cabeça: “Quem esconde os seus pecados não prospera, mas quem os confessa e os abandona encontra misericórdia.” (Provérbios 28:13) Resolvi tentar. Uma vez, duas, três vezes. E em cada uma delas eu percebia que a pessoa a quem eu confessava me mostrava… Misericórdia. Que benção!

Ainda é difícil confessar – nunca será fácil dizer ao outro as coisas erradas que fiz contra ele e contra Deus. Mas, quando me lembro dessa promessa em Provérbios eu crio a coragem necessária para confessar e encontrar paz. E isso é maravilhoso demais. 

8 O Evangelho é muito mais precioso quando a gente deixa de ser a “santinha do pau oco”:

Quanto mais a gente finge ser perfeita, menos o Evangelho brilha. Afinal de contas, o que é o Evangelho a não ser a história do Deus Filho morrendo para livrar a culpa de pecadores? Quando eu finjo não ter culpa, quando finjo não ter pecados a serem perdoados, quando finjo perfeição, eu tiro toda a glória da Cruz.

Quando eu finjo perfeição, eu tiro toda a glória da Cruz. Click To Tweet

9 Vulnerabilidade cura:

Essa lição está atrelada à anterior: quando eu mostro aos outros (com sabedoria e prudência) que sou pecadora e preciso de Jesus, eles podem pensar “eu também! EU TAMBÉM!”. E então minha vulnerabilidade inspira a deles e juntos podemos correr aos pés de Cristo. Ouvi uma frase certa vez: “O ato de evangelizar nada mais é do que um mendigo contando ao outro onde encontrar pão”. A dor que eu compartilho pode trazer cura à outra alma, por não mais se sentir só em seu sofrimento.

10 Pelo amor vale a pena lutar:

Relacionamentos não são contos de fadas. Essa é uma lição que poderia também estar nesse lista. Mas, essa descoberta me fez aprender outra coisa: o amor verdadeiro é MUITO difícil, e se não lutarmos por ele todos os dias, intencionalmente, ele seca. Por isso eu quero aprender a lutar pelo meu amor, e não COM o meu amor. Porque vale a pena. Vale a pena ser fiel, constante, paciente, altruísta, serva… Pois quando luto para fazer tudo isso me pareço mais com meu Jesus.

11 Namoro exige muita maturidade e conselhos:

E isso me lembra todas as vezes em que eu não soube lutar pelo amor. Os meus três namoros que deram errado me ensinaram que corações são muito frágeis e é preciso lidar com eles com muito cuidado. Por isso eu não aconselho o namoro de pré-adolescentes. Porque penso que, provavelmente, vai dar errado e alguém sairá machucado e se sentindo usado. Relacionamentos requerem maturidade e muitos, muitos conselhos! O que nos leva ao fato de que…

12 Os jovens precisam dos mais velhos:

Eu sempre me achei muito autossuficiente. “Eu não preciso de ninguém, eu SEI fazer isso”. Tadinha. Aprendi, aos tombos, que eu preciso e MUITO dos conselhos das pessoas mais velhas. Eu quero me assentar aos pés dos mais sábios e, quieta e humildemente, escutar sua sabedoria. E isso fisicamente, com as pessoas que conheço, e metaforicamente, através dos livros. Eu amo me assentar aos pés de Elisabeth Elliot e aprender com ela!

13 A juventude não é desculpa para a falta de serviço:

Desde que li o livro “Do Hard Things”, dos gêmeos Harris, eu não consigo ficar parada, sem servir ao Reino, e não sentir uma pontinha de culpa. Minha juventude não é desculpa para não servir. Pelo contrário – agora é que tenho minha maior força, meu maior tempo, minha maior capacidade. Nunca mais eu serei tão forte e tão livre como agora! Por isso, meus melhores anos precisam ser todos dEle. Até Paulo ensinou a Timóteo que ninguém poderia duvidar da capacidade dele ou desprezá-lo por ser jovem! (Só não posso deixar isso virar orgulho! Quando acontece, me lembro da lição anterior…)

14 O amor faz:

Bob Goff me ensinou, e isso complementa a lição 13, que não basta falar de serviço. É preciso, de fato, servir. Ele me mostrou que o amor faz, não fica falando que vai fazer, não fica sonhando em fazer. O amor se levanta e faz: compra a passagem e vai; junta o dinheiro e cria a organização; cozinha e leva aos outros; abraça e senta para aconselhar; liga e marca o encontro …

15 Meus privilégios me trazem grande responsabilidade:

Pela graça, e somente por ela, eu sempre fui muito rodeada de amor. Meus pais sempre me amaram e deram seu melhor para que eu e eu irmão fôssemos felizes. Meus amigos são pessoas incríveis que se preocupam comigo. Meu noivo mostra seu amor e cuidado nas pequenas coisas. E eu sei que A quem muito foi dado, muito será exigido; e a quem muito foi confiado, muito mais será pedido.” (Lucas 12:48)

A mim me foi dado muito amor, e sei que tenho uma enorme responsabilidade em devolver esse amor ao mundo.

16 Satanás me conhece muito bem:

Aprendi que o inimigo sabe exatamente como me fazer cair. Ele coloca as tentações na minha frente, como uma pessoa que coloca um marshmallow na frente de uma criança. Quando eu penso “vou escrever algo pro Graça!” ele coloca aquela ligação, ou aquele programa de TV, ou aquele YouTuber que eu gosto com um vídeo novo. Ele sabe me fazer cair. E é por isso que eu preciso estar atenta e vigilante, sempre. O que nos leva à próxima lição…

17 Estamos em guerra!

Enquanto não entendemos que estamos em guerra espiritual, Satanás nos faz de marionetes. Ele nos amordaça, amarra e açoita. E nós caímos como grandes tolos. É preciso resistir ao Diabo. É preciso joelho no chão e olho na Palavra. Enquanto alimentamos o Espírito, matamos a carne. Aprendi que, enquanto eu ouço Satanás e passeio pela “doceria” dele como se estivesse tudo em paz, ele coloca uma mina nos meus pés. Enquanto eu dou um passo rumo àquele chocolatezinho, ele aperta o botão pra me explodir.

18 Deus me ama demais pra me fazer feliz o tempo todo:

Como um pai que não quer criar filhos mimados, mas fortes e corajosos, o Senhor não nos dá tudo o que queremos e não nos faz feliz o tempo todo. E eu aprendi a amar esse fato sobre Ele!

Quero ser uma forte filha que O honra, e não uma mimadinha que O traz desgosto.

19 Uma vida saudável não é frescura – é ações de graças:

Eu sempre achei que academia e salada eram frescuras. Confesso. Bom, pior que isso… Achava que eram coisas de gente superficial e fútil. Confesso dois. Perdão.

Mas, tenho aprendido que uma vida saudável é ações de graças – é sobre saúde e não beleza! O Senhor ME DEU esse corpo. Se alguém te desse um presente e você o estragasse, propositalmente, o quão terrível seria? Eu quero cuidar desse corpo porque eu sei que não só isso é gratidão pelo presente, mas também é a forma como serei mais forte para lutar pelo Reino e servir às pessoas. Enquanto “puxo ferro” na academia eu penso: isso é serviço, é pelo Reino, é ações de graças. Quero ter músculos espirituais e físicos, para servir com mais disposição.

 20 O benefício da dúvida precisa ser dado – sempre:

Um fato sobre mim é que eu desconfio de tudo e todos. Minhas amigas me acham neurótica. Quando vamos viajar juntas eu coloco a cama na porta, pra impedir a entrada de alguém.

Por um lado isso me faz prudente. Por outro, julgadora. Eu penso o pior das pessoas antes de conhecer os fatos. Isso porque sei que, no pecado, somos capazes de coisas terríveis.

Mas, aprendi não cabe a mim querer me proteger, querer saber quem seria capaz do quê. Cabe a Deus, que vê corações. A mim cabe apenas dar o benefício da dúvida: acreditar no melhor, até que se prove o contrário (e não vice-versa, como sempre fiz). Isso me faz mais graciosa e menos “rainha do dedo apontado”.

21 Obediência precede o sentimento, e não o contrário:

Publiquei isso outro dia no Twitter e Instagram e tenho tentado internalizar. Não serão meus sentimentos que me levarão à Palavra e à oração – nossas igrejas estão afundadas demais no sentimentalismo. Eu vou à Palavra por obediência. E sabe? Tenho aprendido que quando eu sou fiel na minha responsabilidade de buscá-lO, Ele é fiel em matar minha sede dEle. O sentimento de prazer vem – por causa da disciplina – e não antes dela.

22 Seja quem você gostaria de ter:

É muito fácil olhar ao nosso redor e ver que, muitas vezes, as pessoas não são quem gostaríamos que elas fossem. Elas nos desapontam e frustram. Elas nos machucam. Mas, tenho aprendido que, ao invés de devolver na outra moeda e pensar “por que eu me doo tanto a alguém que não dá retorno?”, eu preciso ser quem eu gostaria de ter. E ponto. Cristianismo é isso. Jesus mandou que quando alguém pedisse que fôssemos com ele 1 milha, deveríamos dizer “Não, vou contigo duas”. Isso é intencionalidade e sacrifício. Mas infelizmente, muitas vezes eu penso “argh, andar 1 milha? Que folgado! E olha que ele nunca faz nada por mim…”

23 Em um mundo tão apressado, uma das formas mais radicais de amar alguém é dando a ela seu tempo (e ouvidos):

Eu tenho que lutar contra o pecado da raiva quando estou em um lugar e vejo duas pessoas interagindo e uma conta uma história, enquanto a outra “viaja” – os olhos passeando pelo lugar e “ahams” saindo da boca. Ou quando uma pessoa monopoliza uma conversa, falando sobre ela mesma, over and over again, sem parar.

Aprendi que, como cristãos, nós simplesmente não podemos ser assim. Como seremos como Jesus, se nem ao menos nos permitimos sair de nossas rotinas por alguns minutos para encontrar com um amigo que precisa conversar? Se não conseguimos sentar e escutar – sem ficar pensando na próxima resposta, e sem “comer” o silêncio com nossas palavras inúteis e egocêntricas? Jesus não dava às pessoas migalhas do seu tempo. Ele era extremamente intencional com seus relacionamentos. Ele escutava, ensinava e se preocupava. Quero ser como Ele.

24 Eu ainda não sei quase nada…

A verdade é essa. 24 anos me ensinaram muito e me ensinaram tão pouco! Estou ansiosa para sentar-me aos pés de Jesus e aprender dEle muito, muito mais. Por quanto tempo Ele me der nessa terra – quer seja mais 1 ano, ou mais 70.

Em Cristo,
assinatura