Uma Palavra à Minha Amiga Gestante

Uma das melhores sensações que uma mulher pode ter durante a vida é a de sentir seu bebê mexendo dentro de si, lembrando que há um ser humano sendo formado em seu ventre. É uma mistura de sentimentos ambíguos, alegria com medo, ansiedade com coragem, vontade de conhecer logo o seu bebê, e vontade de guardá-lo por mais tempo nessa “casinha” protegida. A maternidade é assim mesmo, cheia de ambiguidades. Mas, acima de tudo, ela nos transforma. Desde o momento da concepção, durante esse período de espera e preparos, e continuará transformando até o encontro com nosso Redentor. 

Você, amiga gestante, já deve estar com a cabeça cheia de toda a bagagem emocional que vem com um bebê e com aquelas outras bagagens que as pessoas dizem que devemos carregar (afinal, mãe é a que normalmente carrega as bolsas). Por isso, tenho uma palavra especial a você…

Cuidado com as regras

É muito comum que, no instante em que compartilhamos a notícia da gravidez com alguém, recebamos felicitações e pelo menos um conselho: coma isso, não coma aquilo, cuidado com tal coisa, compre aquela outra, e assim por diante. Ainda não entendi o motivo dessa necessidade em dizer o que uma mãe deve ou não fazer, mas, na melhor das hipóteses, creio que há um desejo de oferecer ajuda, ser útil, dar um norte. Se você for como eu, terá dificuldades em ouvir tantos pitacos e, por isso, meu alerta é: cuidado com as regras!

As redes sociais estão cheias de páginas sobre maternidade dizendo que parto normal é melhor, ou que a cesárea não é tão ruim assim, que o leite materno é a coisa mais preciosa que você pode oferecer ao seu bebê, que mamadeira é cilada da indústria farmacêutica, que chupeta é proibido, que banho de bebê precisa ser na banheira, e uma infinidade de outras regras que você deve cumprir para ter um maternar completo e seguro. Cuidado, tudo isso é supérfluo! A única coisa que você precisa para ter um maternar completo e seguro, é Jesus Cristo. Todo o resto é secundário.

Você não será mais mãe se seu bebê nascer por vias normais e não será menos mãe se carregar em seu corpo a marca de uma cesárea. Não será melhor se conseguir amamentar, tampouco se optar ou precisar oferecer mamadeira. A mãe feliz e realizada em seu maternar é aquela que escolhe se satisfazer em Cristo, independente das circunstâncias de seu parto, e das circunstâncias que permearem os primeiros meses do seu bebê.

O seu bebê não vai se sentir mais amado se você mantiver aleitamento materno exclusivo até os 2 anos de idade. Ele vai se sentir amado quando receber o amor de Cristo, através de sua vida, de suas atitudes, de suas noites em claro, de sua dedicação em fazer o melhor que puder para mantê-lo vivo, saudável e minimamente feliz.

O apóstolo Paulo orientou aos tessalonicenses que examinassem tudo, mas retivessem o que era bom (I Ts 5:21). O mesmo conselho serve para nós, querida. Examinemos tudo. Respire fundo e ouça os conselhos de mãe, avó e tia, examine os posts de maternidade no Instagram, as dicas de sites de acompanhamento da gestação e dos primeiros anos de bebê. Examine, leia, estude muito. Mas, cuidado para não encher seu coração com regras que o Senhor nunca lhe impôs. 

A maternidade para você será diferente de qualquer outra, e por isso nem todas as regras farão sentido. Por isso, peça a Deus sabedoria para tomar as melhores decisões para cuidar de seu bebê, leia a Palavra, ore muito, e vá viver seu maternar com Jesus Cristo. Ele lhe dará o “maná materno” necessário para cada dia. 

Prepare um enxoval

Esse conselho está presente em absolutamente todos os sites que tratam de assuntos relacionados à gestação. Se ainda não se deparou com uma, prepare-se para encontrar listas surreais do que levar na mala da maternidade e do que comprar para o quartinho do bebê. Mas, minha palavra a você é: prepare um enxoval espiritual.

Os primeiros dias, semanas e meses com um bebê, especialmente com um recém-nascido, são desafiadores. Mas, você pode aproveitar bem este tempo se, durante a gestação, se preocupar em encher seu coração com a Palavra. Leia os conselhos de Provérbios, deleite-se com as promessas de Deus, leia os Evangelhos para conhecer melhor aquele que fará seu maternar mais leve, leia as histórias das mães da Bíblia para lembrar como o Senhor esteve presente em cada família. 

Seja constante em seu momento com Deus. É um tanto quanto difícil ter uma rotina espiritual com um recém-nascido demandando toda sua atenção 24 horas por dia. Mas, se o seu coração estiver cheio de Deus, será mais fácil criar uma rotina onde o seu momento com Ele será prioridade, nem que seja por 10 minutos enquanto seu bebê está fazendo uma soneca no meio da tarde, ou durante a mamada da madrugada.

É muito importante providenciar os meios para que seu bebê cresça com os cuidados necessários, e é completamente compreensível que você queira montar um quartinho todo especial. Mas, nenhum item de enxoval físico pode preencher o coração de uma mãe aflita, cansada e perdida com uma nova função. O Senhor é quem preenche este espaço. 

Com isso em mente, vá atrás de todos os itens que tiver condição de comprar. Lembre-se apenas de um detalhe: o seu bebê precisa de muito menos do que você imagina. Lá na frente, você poderá voltar a este texto e pensar em pelo menos um item do enxoval que foi dispensável (mas, tudo bem, vale a tentativa, você está fazendo o seu melhor!).

Não confie no seu instinto

“Mãe sabe exatamente o que fazer pra cuidar de seu filho” talvez tenha sido uma das maiores mentiras que ouvi durante minha gestação. Eu não sabia o que fazer quando minha bebê precisou ficar na UTI em seus primeiros dias de vida. Também não sabia o que fazer com aquela enxurrada de hormônios que me transbordou no puerpério. Nem tudo o que uma mãe faz é por instinto.

Por mais contraditório que isso possa parecer, preciso dizer: confiar no instinto materno pode ser uma cilada. Somos humanas, querida amiga. Pecadoras caídas, cheias de falhas e em constante santificação, até a volta de Cristo (Fp 1:6). Não quero que o medo ganhe espaço em seu coração, mas preciso dizer que você vai falhar. Toda mãe falha (Rm 3:23).

Gosto de uma citação da irmã Natalie Campos, extraída de seu artigo ao site Voltemos ao Evangelho: “você realmente não é uma boa mãe e não vai conseguir criar um bom filho pelo seu próprio esforço. Deus nos dá filhos, não porque somos capazes de criá-los de forma perfeita, mas porque através dos filhos somos moldadas, passamos pelo fogo, amadurecemos. Nós erramos diariamente e precisamos reconhecer que precisamos de ajuda.”

Maternidade não é sobre nós. É sobre o Deus que nos fez mães. Não é sobre nossa capacidade em tomar boas decisões, sobre nossa força em passar a noite toda em claro e ainda sim conseguir cuidar da casa. É sobre reconhecer nossa fraqueza, nossas limitações, nossos pecados, e levá-los à cruz. É sobre entrar na presença de Deus com o coração pesado, cheio de culpa e afazeres e sair de lá leve, cheia de coragem pra trocar mais uma fralda, aguentar mais uma madrugada amamentando enquanto todos na casa estão dormindo.

Ser mãe é uma das melhores coisas que já aconteceram na minha vida, e ainda sim, uma das mais difíceis e que mais escancaram meus pecados. Por isso, não confie nos seus instintos, confie no Deus que te fez mãe e que está desenvolvendo essa vida em seu ventre. Ele sabe o que você e seu bebê precisam. Ele estará com você nas madrugadas em claro. Ele te dará sabedoria para lidar com o choro do bebê e tudo mais que vier no pacote. Afinal, Ele é o criador desta criança e a conhece melhor do que você. 

Deus abençoe sua gestação, minha amiga. Que seja um tempo de oração, de entrega e de muita alegria!

E quando o bebê nascer, volte aqui para ler toda a série sobre Maternidade que escrevemos com o maior amor, de mães para mães.


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