Tal Como Eras, Sempre Serás (Sobre a Fidelidade de Deus)

Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa; porventura diria ele, e não o faria? Ou falaria, e não o confirmaria? Números 23:19 (ACF)

Segundo o dicionário, uma pessoa fiel é aquela que “guarda fidelidade, que cumpre seus contratos; leal: fiel a suas promessas; que não trai a pessoa com quem se relaciona.”

Se há algo no mundo que pode dar descanso ao coração que peregrina deste lado da eternidade é confiar que Deus não é como o homem – ele é fiel e verdadeiro. Sempre.

Quando falamos sobre pessoas, podemos dizer coisas do tipo “Maria é uma ótima pessoa, ela é tão bondosa!”. Pessoas possuem características, mas não são a característica atribuída em si. Maria não é totalmente bondosa, ela apenas possui em sua personalidade traços de bondade.

O mesmo não pode ser dito sobre Deus. Deus não tem bondade como traço de personalidade. Ele não tem um pouco de amor. Deus não é fiel às vezes, dependendo de com quem está lidando. Ele não é gracioso dependendo do contexto. Deus simplesmente é. Ele é todo bondoso, todo fiel, todo compassivo, todo generoso. Seus atributos não oscilam dependendo do seu humor. Ele não é como homem e nem como filho do homem. Ele não mente e não muda: de eternidade a eternidade, ele é fiel.

A Escritura revela os atributos de Deus, de Gênesis até Apocalipse, tudo o que nós precisamos saber sobre Deus está ali registrado para que possamos conhecê-lo como ele deseja que o conheçamos.

O Salmo 78 chama os atributos de Deus de louvores, e diante disso podemos compreender de forma significativa a importância de conhecer intimamente o Senhor: para que possamos louvá-lo como ele merece. 

Desde o dia em que nascemos e até o dia em que morreremos, não haverá um só dia em que não tenhamos desfrutado da fidelidade de Deus. Todos os dias temos incontáveis motivos para louvarmos os atributos de Deus revelados a nós.

Quando contemplamos a grandeza, a beleza, a onipotência, a onisciência, a graça, a justiça e tudo o mais que envolve o ser de Deus, então vivemos uma vida de louvor, nos assombramos maravilhados diante de tudo aquilo que o Senhor Deus é.

Saber, por exemplo, que Deus é total, imutável e eternamente fiel é motivo para que nos alegremos nele mesmo quando nosso coração não conseguir se alegrar em mais nada.

Aquele que não muda

“Nunca mudaste: Tu nunca faltaste; Tal como eras, tu sempre serás. Tu és fiel, Senhor! Tu és fiel, Senhor!” (Tu És Fiel, Senhor – hino 535 da Harpa Cristã)

Moisés nos lembra no Salmo 90 que de eternidade a eternidade, o Senhor é Deus. Ele nunca mudou. Nem por um segundo sequer ele deixou de ser o que ele é. No mundo inconstante em que vivemos, saber que somos filhas de um Deus que nunca muda é razão suficiente para descansarmos mesmo quando estivermos dentro de um barco furado em meio à forte tempestade. Ter conhecimento que pessoas mudam, que as coisas mudam, que o tempo passa e que nada permanece igual, exceto Deus, o Senhor criador e sustentador de todas as coisas, é uma das maiores dádivas que podemos receber.

Conhecemos muitas pessoas que são fiéis e leais, mas nem a melhor delas se compara ao nosso Deus. Ele é o Deus que se lembra do seu povo. Ele se lembrou de Sara mesmo quando esta já pensava ter sido por ele esquecida. Lembrou-se de Raquel em meio à sua tristeza. Lembrou-se de Noemi em terra estrangeira. Não se esqueceu de Davi nem em seu pior momento. Ele se lembrou de Pedro quando Pedro se esqueceu dele. Ele se lembrou de mim, querida amiga, e também de você quando nos enviou seu único Filho para sofrer um castigo tão severo que jamais poderíamos suportar. Mas ele se lembrou disso. É isso que nos diz a Bíblia, do início ao fim: Deus se lembra de nós.

Tendemos a criar uma imagem de Deus baseada em nossa própria personalidade. Quantas vezes você deixou de buscar a presença do Senhor porque errou e pensou que ele estaria zangado com você da mesma forma como se zanga quando erram com você? Quantas vezes você não exerceu misericórdia com alguém que precisava porque se esqueceu que Deus é infinitamente misericordioso? Mas para o nosso bem, Deus não é assim. Ele não muda nunca: tal como era, ele sempre será.

Sempre fiel

O fato de crermos e amarmos a Deus não nos isenta de nenhum tipo de aflição, tentação e provação. Sofremos, somos tentadas e provadas e provavelmente seremos todos os dias até que Jesus nos leve daqui. Ainda assim, não importa o quão deprimido se encontre nosso espírito, ou o quanto nosso corpo adoeça, ou o quão sem esperança bata o nosso coração, e nem que nossos olhos estejam impedidos de ver a boa mão de Deus sobre nós – ainda assim podemos nos agarrar à promessa de que Deus nunca nos deixará, jamais nos abandonará (Hb 13.5).

Ele é a nossa rocha sólida e firme em um mundo que balança de um lado para o outro a todo tempo. Ele é a luz que é capaz de iluminar a mais densa escuridão da alma. Ele, e somente ele, é poderoso para nos resgatar do poço mais profundo onde nos encontramos – porque ele é fiel. Ele nos ama com um amor incansável, e por ser totalmente fiel àquilo que ele é, esse amor não se abala nunca.

Ele é o nosso Bom Pastor que nos faz deitar em verdes pastos e nos conduz ao lado das águas tranquilas, e é também esse mesmo Bom Pastor que prometeu estar conosco mesmo quando passarmos pelo vale da sombra e da morte. Não tememos o mal não porque estamos isentas a ele, mas porque nosso fiel Pastor está conosco. Fiel na bonança e ainda mais fiel no vale de sombras.

Porque ele é verdadeiro em tudo o que diz e faz, podemos crer que em cada segundo do nosso dia, e em todas as coisas que nos acontecem, em tudo há as mãos do Senhor nos moldando e forjando em nós a imagem do Filho, pois ele mesmo disse que todas as coisas cooperariam para isso. Se ele disse, podemos acreditar. Ele é totalmente digno de nossa confiança mesmo quando tudo ao redor diz que não.

Trazendo à memória

Não é incomum que nosso coração por vezes seja tomado pela incredulidade. Mas ainda que reste apenas uma pequena faísca de esperança, podemos acreditar que o Espírito Santo faz dessa pequena faísca um fogo brando.

É por essa razão que não podemos deixar de estar diante do Senhor e de sua Palavra. As Escrituras nos lembram constantemente dos grandes feitos que ele realizou. Em cada página podemos provar a fidelidade de um Deus que nunca desamparou seu povo. Abriu o mar, derrubou muralhas, deu filhos à estéril. Não há uma promessa sequer que não tenha sido cumprida.

Quando olhamos para trás, para tudo o que Deus fez, e vemos como ele foi fiel em todas as coisas, então compreendemos que o mesmo Deus daquelas páginas é o Deus que está conosco hoje. É o mesmo Deus que entregou seu Filho por ter um dia prometido salvação e redenção ao seu povo e foi fiel à promessa. É o Deus que derramou seu Espírito porque disse que assim o faria. É o Deus que nunca mudou, nunca falhou, nunca faltou.

Esse mesmo Deus fiel também nos deu uma promessa pela qual ainda esperamos. Ele nos prometeu uma Nova Terra. Um lugar onde não teremos falta de nada. Um lugar em que finalmente o veremos face a face. Ele disse que voltará e de uma vez por todas nos santificará. Ele nos prometeu uma eternidade desfrutando de sua gloriosa presença. Prometeu-nos um casamento eterno e perfeito. 

Ah Senhor! Tais promessas são inconcebíveis à nossa finitude e pequinês. Mas esperamos ainda assim, porque aquele que prometeu é fiel. Não esperamos cruzando os dedos e torcendo para que realmente seja – esperamos como quem conhece aquele que prometeu.

Querida amiga, ainda que deste lado da eternidade tenhamos medos, dúvidas, lidas e pesares, podemos a todo tempo olhar para a cruz de Cristo e nos agarrarmos à maior expressão de fidelidade de Deus.

A cruz que outrora fora coberta pelo sangue do Cordeiro Imaculado, encontrou-se vazia ao terceiro dia porque Deus é fiel. A cruz do Cristo Ressurreto é a nossa maior prova da fidelidade de um Deus que não mente e nunca falha. Quando olhamos para Cristo contemplamos a fidelidade de Deus de forma plena e vívida.

Ele prometeu que um dia viria o Salvador. Ele prometeu que um Homem nos livraria de vez das garras de Satanás e do poder das trevas que reinavam sobre nós. Ele prometeu que este Homem triunfaria sobre a morte e nos daria vida eterna nele. 

Todas essas promessas se cumpriram. Agora podemos não somente crer, mas também ansiar pela promessa vindoura: esse Salvador, o Homem, o Cordeiro, o Leão da tribo de Judá, o Rei e Senhor que voltaria para nos buscar e redimir toda a criação. E voltará – porque aquele que prometeu é fiel.

Que nosso coração não se esqueça daquilo que dá descanso à alma: Deus é fiel.

E, no porvir, oh! Que doce esperança
Desfrutarei do teu rico favor!
(Tu És Fiel, Senhor – hino 535 da Harpa Cristã)


Esse post faz parte da nossa série de postagens de Junho/Julho com o tema “Atributos Comunicáveis de Deus”. Para ler todos os posts clique AQUI.