Velhos hábitos: eu sou assim e pronto?

Já pararam pra pensar no quão comum é refletirmos sobre nossos relacionamentos intencionais apenas em ocasiões específicas ou momentos de crise? Esperamos as coisas ficarem difíceis para então tomarmos uma atitude e tentarmos consertar aquilo que foi perdido; ou que está mais frio, sem intimidade.

Deixamos que o amor se esfrie.

Geralmente, quando pensamos em santidade e em obediência, temos já um padrão de crente em nossas mente, e nem paramos para refletir o quão profunda é a mudança pela qual passamos ao corrermos atraídos para o Senhor.

Temos a tendência de criar um padrão cultural para o cristianismo, e achamos que se vivermos dentro das regras, nos tornaremos dignos de nosso título e seremos virtuosos aos olhos dos outros, que nos veem de longe, de dentro de suas próprias bolhas.

Assim sendo, ouso afirmar que é mais fácil testemunharmos de nossa fé e vivermos em santidade para aqueles que são distantes de nós, não é mesmo? Aqueles que não conhecem nosso passado, nossas falhas, nossos momentos de fraqueza e de dor são aqueles que mais nos admiram e mais nos enaltecem por nossa conduta e equilíbrio emocional diante das circunstâncias expostas a nós.

Aqueles que não têm intimidade para nos exortar e nos criticar são telespectadores seguros, que não despertam em nós o nosso lado pecador, que não evidenciam em nós a batalha real que existe contra a carne.

Entretanto, não é só dessas pessoas que nossa vida é composta, não é mesmo? Existe uma pequena parcela de indivíduos que nos vê melhor do que vemos a nós mesmas. Pessoas que nos amam, que nos aturam, que nos acompanham dentro de nosso espaço privado e que dividem uma atmosfera completamente particular, que nunca é exposta ao mundo.

Com essas pessoas, como temos vivido nossas vidas? Como é a nossa rotina, nos detalhes? É uma tendência nossa justificar nossos padrões diários, afirmando que se trata de traços de personalidade ou de jeito? Afinal, cada ser humano tem sua maneira de ser, correto?

Não é bem assim, minha querida.

Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam.

Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei.

E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências.

Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito.

Não nos deixemos possuir de vanglória, provocando uns aos outros, tendo inveja uns dos outros. (Gálatas 5:19-25)

Sempre me pego chocada quando tenho meus momentos devocionais ou quando paro para refletir sobre esse trecho da carta do apóstolo Paulo aos Gálatas. Como ele é detalhado! Acostumamo-nos a ler de forma corrida e perdemos a noção do grau de dificuldade existente no que é exigido de nós.

O Fruto do Espírito é vital para testemunharmos de Cristo. Viver uma vida de mansidão, de domínio próprio, de bondade.

Será que ser manso é apenas não responder provocações para se mostrar superior às outras pessoas? Será que bondade é ser ativa na igreja com doações de alimentos e negar ajuda ao seu irmão em casa? Será que a alegria é apenas viver pulando por aí e cantando nos cultos sem, contudo, viver diariamente um contentamento racional em Cristo porque Ele é tudo em nossas vidas, mais precioso do que qualquer circunstância?

Dias de TPM; dias em que acordamos sem vontade de aguentar aquela amiga carente emocionalmente; dias em que queremos comer tudo e sem limites porque estamos ansiosas com a faculdade, com o casamento, com uma entrevista de emprego…

Cegamo-nos diante da realidade e achamos que porque todo mundo é assim, esses comportamentos não são tão graves. Que mulher não é alterada, não é mesmo? Quem nunca descontou a raiva na mãe porque teve um dia cheio?

Estamos angustiadas, frustradas, estressadas e damos brecha para o nosso coração falar mais alto. Validamos nossas emoções, curvando-nos a essa cultura mundana que diz que devemos dar vazão ao que sentimos e colocarmos sempre tudo pra fora. “Extravasar é terapêutico”.

Não, minha amiga. Não permita que essa ilusão polua sua vida.

Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração, porque dele procedem as fontes da vida. (Provérbios 4:23)

Eu sei muito bem como é difícil se anular. Como é difícil deixar de ter razão pra ser misericordiosa. Deixar de ganhar uma discussão em nome da paz. Abrir mão das suas urgências emocionais e lutar por uma estabilidade santa.

Querida, é muito difícil. É um processo doloroso e diário. Por isso, o apóstolo Paulo em Gálatas 5:17 nos explica que é, de fato, uma luta. Uma luta constante contra a carne. Santificação, na prática, é a mortificação do “eu” para revelação de Cristo.

Nós não temos que expressar Jesus no grupo de música, na reunião de mulheres, nas brigas teológicas da faculdade, apenas.

Temos que expor com nossas vidas o Fruto do Espírito quando precisamos limpar a casa quando ninguém oferece ajuda, quando pessoas que não nos exaltam nem nos dão o crédito que queremos nos pedem auxílio, quando estamos certas e temos a oportunidade de não jogar na cara da outra pessoa a nossa razão, humilhando-a por amor ao nosso ego.

Temos que ser amorosas, alegres, pacíficas, longânimes, benignas, bondosas, fiéis, mansas, estáveis. Temos que fugir de impureza, idolatria, inimizade, ciúmes, ira, discórdia, glutonaria e tantos outros pecados pela força do Senhor, com a Sua Palavra escondida em nossos corações, com orações diárias, crescendo em sabedoria constantemente.

O crente luta nos detalhes. Click To Tweet

O crente luta nos detalhes. Sejamos fortes e determinadas. Nosso Senhor já nos salvou. De fato, aquele que começou a boa obra em nós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus (Filipenses 1:6).