Solteira e solitária
“A vida de solteira pode ser apenas uma etapa da jornada da vida, mas toda etapa é um presente. Deus pode substituí-lo por outro presente, mas o receptor aceita Seus presentes com ações de graças. O presente para esse dia. A vida de fé é vivida apenas um dia de cada vez, e tem que ser vivida [realmente] – não olhando sempre para o futuro e pensando que a vida ‘real’ está na próxima esquina. É apenas pelo hoje que somos responsáveis. Deus ainda é o dono do amanhã.” (Elisabeth Elliot, Let Me Be a Woman, tradução livre minha)
A solidão é o sentar em um lugar escuro e frio. A solteirice, entretanto, uma caminhada leve e sem bagagem. É muito comum, infelizmente, que confundamos as duas. Olhamos para nossos anos de solteira e parecemos estar sentadas dentro de um lugar vazio, a olhar pela janela a vida passando – o Sol brilhando, as pessoas sorrindo, as cores vibrantes convidando. Mas, nós estamos ali, presas à nossa infeliz realidade da solteirice. Dá pra imaginar uma lágrima descendo pela bochecha e “All By Myself” tocando no fundo.
A mídia tem uma capacidade incrível de nos fazer acreditar em suas mentiras. Para os filmes, novelas, livros, não há nenhum sentido em uma vida sem romance. É como se o fim principal da vida fosse o casamento, ou ao menos o “encontrar um grande amor”. Passamos meses e meses suspirando e sonhando acordadas com histórias adocicadas de beijos-do-amor-verdadeiro e borboletas no estômago.
Nossa amiga Elisabeth, entretanto, vem até nós com um gigantesco balde de água fria. A solteirice é uma etapa da vida, e como toda etapa, um presente de Deus. Releia: presente. Dom, dádiva, mimo, bem. Não uma sentença negativa, uma maldição, um limitar de um pai que gosta de ver suas filhas chorarem. Não. Um presente.
Enquanto não compreendermos isso e aceitarmos cada segundo, dia, mês, ano de solteirice como uma imensa oportunidade de servir e amar a Deus, continuaremos paralisadas pela auto-comiseração, sentadas à beira das janelas metafóricas de nossas almas, enquanto poderíamos estar lá fora, sob o Sol, lutando o bom combate da fé.
Precisamos compreender que solteirice é uma imensa oportunidade de servir e amar a Deus. Click To Tweet
O apóstolo Paulo disse algo óbvio que ainda hoje temos imensa dificuldade de compreender: a solteirice é a etapa da vida onde temos uma liberdade maior para focar no Reino, sem nos preocuparmos primordialmente com o servir de uma pessoa só. Há uma liberdade de tempo, de agenda, de força, de foco. E ainda assim, com um presente maravilhoso como esse e a oportunidade de ter um impacto TREMENDO para o Reino dos Céus, muitas vezes escolhemos nos recolher em nossa tristeza.
Elisabeth foi extremamente eficiente para o Reino como missionária no Equador, pregando o Evangelho por anos àquele povo que precisava de um Salvador. Ela estava viúva na época. Tenho dificuldades de imaginá-la sentada em sua casa, pensando no quanto a vida não fazia mais sentido, e no quanto ela precisava de um novo casamento para ser útil.
Outra de minhas heroínas da fé, Katie Davis, passou anos e anos como missionária solteira na Uganda, onde adotou 13 meninas. Solteira. Florescendo de forma ABSURDA para o Reino, levando multidões ao conhecimento de Cristo.
A lista continua, e é longa. Até nosso querido apóstolo Paulo que, até onde sabemos, viveu uma vida de solteirice. E quem ousaria dizer que ele não foi extremamente útil, e até mesmo essencial, ao Reino de Deus?
Querida, enquanto você observa a vida de seu recluso quarto de solidão, sentindo pena de si mesma, milhões de pessoas morrem sem conhecer o Salvador, sem se arrependerem de seus pecados, sem experimentarem uma realidade onde Cristo seja seu amigo.
Não mais!
Eu gostaria tanto de ver uma geração de moças que estão tão focadas em seu Senhor e em fazê-lO conhecido, que não têm tempo para reclamar de suas realidades – sejam elas quais forem.
A começar por mim.
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Esse texto foi retirado do eBook “21 dias com minha amiga Elisabeth”, primeiro livro devocional do Graça em Flor. Clique na imagem abaixo para saber mais:
8 Comments
Esse texto pode trazer conforto para algumas, mas para outras poucas como eu, acredito que não. Nem foco na questão específica do ser solteira ou não, mas sim sobre o foco na vida missionária e impacto na vida dos outros.
Existem moças que estão sofrendo por não conseguirem encontrar “seu lugar” na “obra de Deus”, são pessoas que não possuem aptidão para lidar com os outros, estão constantemente deslocadas do meio social, são julgadas pelas pessoas por não serem pessoas suficientemente extrovertidas ou algo do tipo, essas moças também não conseguiram espaço pra impactar a vida das outras pessoas tendo que lidar também com esses problemas – da solidão REAL, da pessoa que não tem amigos ou rede de suporte por mais que se esforce.Eu fico me perguntando onde está o meu espaço, claro que confio na provisão de Deus e no mover do Espírito Santo na minha vida para realizar o que quiser, algo que há anos não vem sendo possível. Mas acho que faltam mensagens encorajadoras neste sentido, parece que o Reino de Deus está de olhos fechados para as pessoas realmente solitárias, tímidas que não encontram como podem ser utéis e acabam se achando inclusive pecadoras por não estar dentro de nenhum dos grupos comumente mencionados como “alternativa” de vida voltada para Deus, nem no casamento, nem na vida missionária, nem impactando vidas através de conselhos, nada….Quantas tem o mesmo chamado? Quantas são “Elisabeth Elliot”? Me perdoe se isso soa como vitimismo, na verdade, é cansaço.
Oi Izabela
Não pude evitar de te responder numa tentativa de te ajudar e encontrarmos juntas um caminho.
Você expôs muitas das suas dificuldades que também são minhas. Não sou extrovertida, sou tímida e tida como anti-social e anfipática. Mas eu me esforço para mudar isso. Acho que somos todas fortes e corajosas em Cristo para usar nossos dons e talentos para glória do Rei mas também devemos nos esforçar com ajuda do Espírito Santo para viver com coragem, ousadia e poder pois somos exortadas para fazer o mesmo. Se você está cansada assim como eu muitas vezes me encontro, saiba que você tem um refúgio em Cristo e também aqui nessa comunidade. Estarei orando por você e saiba que você não está sozinha nessa caminhada.
Abraço
Etiene
Agradeço tanto a Deus pela sua vida, Fran! Infelizmente, tanto na minha igreja quanto na minha casa, não tenho com quem conversar assuntos de moça com um direcionamento bíblico e sábio. Amo o seu blog! Aprendo muito com você. Espero ,empolgada, o ebook haha.
Fran, que forma graciosa nosso Deus te usa para nos trazer muitas realidades das nossas vidas!
Tenho sido muito abençoada com seu blog. Que nosso Pai gracioso continue te capacitando para ministrar aos nossos corações, e você continue respondendo à Ele.
Graça e paz! :*
que texto edificante, muitas vezes desviamos o real foco de nossas vidas pra aquilo que tem gritado mais alto em nosso coração…
Obrigado pelo texto Fran <3
Ooi, Fran!
Ler esse texto me fez lembrar da maravilhosa leitura do livro “À espera do amado”, de Debby Jones e Jackie Kendall. Esse livro traz, basicamente, tudo o que você compartilhou nesse post (e mais, o que foi massa), além de que as autoras também falam sobre a Elliot rsrs Nunca cheguei a ler um livro da Elisabeth (pretendo mudar isso — em breve!), mas de tanto ler coisas e reflexões dela, já me sinto familiarizada e cheia de amores pelo o que me espera nos livros!
Beeijos e sucesso.
oi Izabela, sou parecida com você. Acredito que para pessoas como nós, o ministério é outro, como o de Maria, que estava aos pés de Jesus, ou na área da intercessão. Deus nos criou desse jeito, e Ele se relaciona conosco de maneira diferente e nos usa de maneira diferente
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