Sendo igreja no período de isolamento social

Não temos vivido tempos fáceis. A nossa geração está enfrentando dificuldades diárias significativas tanto para saúde física e vida financeira quanto para saúde mental.

Em meio a tantas nuances e necessidades, estamos passando por um período intenso de isolamento, privando-nos de socializarmos com nossos queridos, inclusive os da família da fé.

Confesso que durante a fase de adaptação (se é que podemos mesmo nos adaptar a tudo isso), encontrei-me mais isolada do que nunca. A ansiedade tomou conta da ótica com a qual enxergava as situações ao meu redor e me esqueci de buscar forças nos meus irmãos, nas outras partes do corpo de Cristo. Esqueci que é isso que somos, corpo. De fato, precisamos uns dos outros para sobreviver e, quando percebi isso, encontrei sossego.

Não estamos sozinhos.

“Ora, vós sois corpo de Cristo; e, individualmente, membros desse corpo.” (1 Coríntios 12:27)

“Porque assim como num só corpo temos muitos membros, mas nem todos os membros têm a mesma função,
assim também nós, conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo e membros uns dos outros…” (Romanos 12: 4-5)

É claro que cada um tem uma realidade e que a vulnerabilidade, na maioria das vezes, é dolorosa. Não deve ser fácil para ninguém assumir que está com crises de ansiedade, ataques de pânico, com dificuldade para pagar as contas do mês, sem condições de trabalhar, frágeis por serem de grupos de risco.

Não é fácil, de fato, colocarmo-nos na posição de dependentes. Dizemos em alto e bom som que dependemos do Senhor, mas o que isso quer dizer? Quer dizer que vamos receber o que pedimos através de uma fenda que se abrirá nos céus para socorrer-nos? Bom, se o Senhor quiser, isso acontecerá, realmente. Mas, e se a provisão do Senhor vier da ligação que Ele já criou, de um membro com o outro? E se a atuação de Deus estiver no mover do coração de Seus filhos para a boa obra? E se você for parte disso?

Em verdade, não podemos nos reunir semanalmente como de costume para adorarmos ao nosso Pai como congregação. Contudo, isso não faz a igreja separada, inativa, infrutífera. Podemos glorificar nosso Pai eterno e cuidarmos uns dos outros, ainda que de longe, ainda que enfrentando uma pandemia. Podemos sempre amar o próximo como amamos a nós mesmos (leia Mateus 22: 36-40).

Certo, mas por onde devemos começar?

Cada igreja tem sua particularidade e acredito que a cada caso se aplica formas diversas de serviço. Minha intenção aqui é apenas lançar ideias simples e gerais para que você, minha amiga, tenha por onde começar (e eu também)! Vamos juntas!

Ore pelos enfermos

Parece simples, não é? Temos todo tempo do mundo em nossas mãos e orar nunca foi tão fácil. Certo? Errado. O sentimento que muitos têm carregado em seus peitos é de procrastinação, de evitar os temores. Muitos têm tido dificuldade de levar aos pés da cruz todo fardo que têm carregado nesses dias difíceis. É mais fácil maratonar uma série de tv, ler livros cativantes que te prendam por horas, aprender a cozinhar, desenvolver novas habilidades… ocupar a mente o tempo todo, ao invés de refletirmos a realidade.

Querida, priorize a oração. Priorize o tempo com o Senhor. Começe agora. Feche a porta do seu quarto (ou de qualquer lugar em que esteja agora – até mesmo um banheiro) e ore (Mateus 6:6). Ore pela sua alma, ore pelas almas perdidas, ore pelos doentes. Saiba por nome os irmãos da sua igreja que têm precisado de orações e clame por eles. Agradeça ao Senhor por Sua perfeita soberania e creia que nada foge de Suas mãos.

Participe das programações online

Se você tem acesso fácil à internet, e se a sua igreja tem oferecido cultos ou reuniões neste formato, participe! Pode parecer um pouco ineficaz, mas o contato faz toda diferença.

Com a sua participação você, além de rever seus irmãos e continuar aprendendo e estudando a Palavra de Deus, encoraja a sua liderança que preparou tudo com o maior zêlo para não te deixar desamparada.

Se você tem habilidades para edição de vídeos, design gráfico ou outras atividades que podem ser úteis nesta época, ofereça-se para servir.

Muitos anciões, senhoras, presbíteros, diáconos e pastores podem ser mais velhos e não terem facilidade para lidar com transmissões. Faça a sua geração útil a eles.

Proponha estudos em grupo

Seja na sua mocidade, seja entre as mulheres, ou apenas entre seu grupo mais próximo de amigas. Que tal estudarem um livro da Bíblia juntos? Vocês podem trocar mensagens, emails, chamadas de vídeo ou simplesmente áudios do whatsapp sobre o que estão aprendendo.

Se você não faz ideia de onde começar, temos no canal do youtube do Graça um estudo da Francine no livro de Tiago. Temos também o Ebook devocional gratuito 21 dias com minha amiga Elisabeth, o Estudo Florescendo Juntas, bem como podcasts e demais textos com os mais variados temas para ser um incentivo inicial nesse projeto.

Através do estudo em grupo, além de edificarem umas as outras, vocês podem criar laços surpreendentes, uma rede de apoio essencial e cheia de amor. Não tenha medo de interagir com suas irmãs! O sangue precioso de Cristo as une e, muitas vezes, um estudo era justamente o que elas precisavam. Quem sabe?

Ajude a sustentar os mais vulneráveis

Se você tem uma condição financeira mais estável ou não está passando necessidade, ofereça-se para contribuir com as compras de mercado de outros irmãos. Alguns idosos podem morar sozinhos e não têm quem os ajude. Alguns pais e mães de família podem estar com a renda comprometida por conta da quarentena e por isso carecem de produtos essenciais para si e seus filhos.

Contate a diaconia da sua igreja e se ofereça para doar comida, dinheiro, seu tempo! Ainda que não tenha condições financeiras, contribua com a sua juventude. Faça as compras para as pessoas mais vulneráveis, higienize e entregue em suas casas. Vá à farmácia e compre uma medicação.

É claro que existem ainda outras infinitas maneiras de sermos igreja, mas o objetivo aqui é incentivar vocês a darem o primeiro passo. Não podemos esmorecer!

À medida que servimos uns aos outros, vamos também proclamando o evangelho a todos que precisam ouvir as boas novas de esperança. É tempo de falar de Cristo, da Sua obra salvífica na cruz e do perdão de pecados. É tempo de continuarmos fiéis. Que Cristo seja a resposta para nosso sofrimento e que Ele seja a motivação para florescermos onde estamos plantadas.