Os Planos Perfeitos de Deus Apesar das Nossas Imperfeições (Sobre Jacó)

É curioso pensar que, apesar de termos a Bíblia à nossa disposição para lermos, desfrutarmos, e estudarmos, temos em nós a tendência de nos apegarmos a dizeres populares, a hábitos do mundo gospel – muitas vezes legalistas – e achamos que Deus depende de nós para que Seus planos aconteçam do jeito que Ele quer.

Carregamos um fardo absurdo de tentativa de perfeição, na certeza absurda de que Deus precisa que humanos sejam perfeitos para que Sua obra aconteça.

Ainda bem que não é esse o caso. Se Deus dependesse de nós, estaríamos perdidos.

Nossos heróis na fé são tão humanos quanto nós. Erraram tanto quanto nós, desobedeceram tanto quanto nós e precisaram se arrepender e lidar com as consequências de seus pecados, adivinhem, assim como nós. O que os faz grande para o Reino e para a obra de Deus é Deus. Vemos isso na história de Jacó.

Cumpridos os dias para que desse à luz, eis que se achavam gêmeos no seu ventre.

Saiu o primeiro, ruivo, todo revestido de pelo; por isso, lhe chamaram Esaú.

Depois, nasceu o irmão; segurava com a mão o calcanhar de Esaú; por isso, lhe chamaram Jacó. Era Isaque de sessenta anos, quando Rebeca lhos deu à luz.

Cresceram os meninos. Esaú saiu perito caçador, homem do campo; Jacó, porém, homem pacato, habitava em tendas.

Isaque amava a Esaú, porque se saboreava de sua caça; Rebeca, porém, amava a Jacó. (Gênesis 25:24-28)

Jacó, juntamente com seu irmão Esaú, foi resposta de Deus à oração de Isaque (Gn 25:21). Isaque, filho de Abraão, filho da promessa. Parece que, com uma ascendência dessas, não tinha como haver falhas nesta família. Pensamos logo em pessoas perfeitas, que servem ao Senhor sem qualquer desvio ou pecado.

Contudo, a Bíblia é muito clara quando diz que assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram (Romanos 5:12).

Esaú era o primogênito dos dois irmãos e por isso era esperado que ele herdasse a promessa de Deus aos seus pais. Contudo, Deus, em sua infinita soberania, já havia determinado que Jacó herdaria a promessa.

Respondeu-lhe o Senhor: Duas nações há no teu ventre, dois povos, nascidos de ti, se dividirão: um povo será mais forte que o outro, e o mais velho servirá ao mais moço. (Gênesis 25:23)

O que vemos ao longo das páginas das Escrituras é muito além da relação de irmãos ali, no seio familiar. Através das vidas escolhidas para os propósitos do Senhor, entendemos que tudo, até mesmo nossos pecados, está debaixo da supremacia divina.

Jacó e Esaú são dois povos de duas regiões distintas para desígnios diferentes. E tudo começou com o caráter astuto de Jacó.

Nossa querida Jaque, no texto anterior, nos contou da passagem em que Isaque, estando já velho e sem enxergar, chamou Esaú, pediu que lhe preparasse uma comida saborosa e lhe trouxesse para que o abençoasse. Sabemos já que essa bênção incluía a promessa de Deus a Abraão de uma descendência numerosa e posse da terra e que essa bênção era proferida somente uma vez e não podia ser transferida.

Jacó, influenciado por sua mãe Rebeca, recebeu essa bênção no lugar de Esaú enganando seu pai sem qualquer escrúpulo.

Esse momento marcou o início da relação de ódio por parte de Esaú, que queria matar seu irmão mais novo a todo custo assim que Isaque falecesse. Este, por sua vez, reagiu mais uma vez de forma covarde e fugiu para casa do seu tio Labão, irmão de Rebeca, em Harã.

Apesar de tudo isso, o Senhor estava com Jacó. Em sua viagem, ele teve um sonho. Neste sonho, Deus lhe confirmou a promessa feita a Abraão e lhe deu garantia de que o protegeria.

Perto dele estava o Senhor e lhe disse: Eu sou o Senhor , Deus de Abraão, teu pai, e Deus de Isaque. A terra em que agora estás deitado, eu ta darei, a ti e à tua descendência.

A tua descendência será como o pó da terra; estender-te-ás para o Ocidente e para o Oriente, para o Norte e para o Sul. Em ti e na tua descendência serão abençoadas todas as famílias da terra.

Eis que eu estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei voltar a esta terra, porque te não desampararei, até cumprir eu aquilo que te hei referido. (Gênesis 28:10-15) 

Querida, quantas vezes pecamos e a consciência deste pecado nos faz acreditar que Deus não está mais conosco e nos abandonou? Quantas vezes somos traiçoeiras, astutas, más e desistimos de buscar ao Senhor? Pois saiba que Ele é fiel à Sua palavra, independente de nós. Em meio à lama do pecado, devemos buscar nos limpar até ficarmos alvas como a neve. O sangue de Cristo faz isso por nós.

Ao chegar em Harã, Jacó conheceu Raquel, filha de seu tio Labão e a amou. Trabalhou 7 anos de graça para Labão a fim de se casar com ela. Contudo, Labão tinha duas filhas e era de interesse dele que a mais velha, Lia, casasse primeiro. Ao final dos 7 anos, foi entregue a Jacó Lia para desposar.

É até irônico pensar que Jacó foi enganado de forma tão parecida com a forma que enganou seu pai. Para obter a mulher que amava, teve que trabalhar duro por mais 7 anos de graça.

Apesar de toda essa narrativa parecer estar cheia de “planos B” e de caminhos alternativos, todos eles estavam debaixo do controle do Senhor. De tudo isso, prosseguiria a promessa.

Após longos anos trabalhando para Labão e prosperando, Jacó resolveu partir e retornar à terra de Canaã — fugido mais uma vez — já que seu sogro não queria deixá-lo ir e o perseguiu até, finalmente, chegarem a um acordo. No caminho para Canaã, Jacó encontrou anjos de Deus, assegurando-se de que Deus estava ali com ele (Gênesis 32:1-2).

A essa altura, os mensageiros enviados à frente retornaram com a notícia de que Esaú estava esperando seu irmão mais novo. A diferença agora era que Jacó não era mais o mesmo.

O Senhor foi soberano sobre este encontro também, e sabemos que tudo deu certo no final. Os irmãos se abraçaram e choraram. A paz entre eles havia sido restaurada. Glória a Deus por isso. Mas um pouco antes desse momento, quando ainda estava indo em direção ao encontro de Esaú, após passar pelo ribeiro de Jaboque, Jacó lutou com um homem, até ao romper do dia. Quando o homem viu que não poderia dominá-lo, tocou na articulação da coxa de Jacó, de forma que lhe deslocou a coxa, enquanto lutavam.

Se olharmos para trás e refletirmos em quantas coisas que precisaram acontecer até Jacó chegar no momento desta bênção entenderemos que os propósitos do Senhor são infinitamente melhores que os nossos. Jacó agora era Israel, para glória de Deus. Será que não estamos nós no meio do caminho para cumprir um propósito maravilhoso do nosso Pai Celestial?

Os doze filhos de Jacó geraram as doze tribos de Israel — promessa jamais esquecida do Senhor e fielmente cumprida.

Jamais nos esqueçamos, irmãs, de que a bênção de Deus independe de nós. Ele nos ama apesar de nós. Graças a Ele, podemos ter vida em abundância em Cristo Jesus e ter uma vida rendida aos pés do Mestre, restaurada.

Confessemos nossos pecados, pois Ele é fiel e justo para nos perdoar, nos purificar de toda injustiça (1 João 1:9) e nos usar para Seus propósitos perfeitos e bons.


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