Os Apóstolos: Paulo

O apóstolo Paulo é um dos homens mais conhecidos da Bíblia. Jesus o salvou enquanto ele viajava para uma cidade chamada Damasco e, depois disso, ele se tornou o maior evangelista e plantador de igrejas da história. Este artigo tem como objetivo mostrar o que a Bíblia nos diz sobre esse grande missionário e teólogo.

Paulo era judeu de nascimento, criado dentro da fé judaica. Homem culto, religioso, que cresceu sendo ensinado pelo maior rabino daquela época, Gamaliel. Conhecia bem as tradições religiosas do seu povo e de outros povos também. Paulo cita vários filósofos da época, evidenciando que seu conhecimento ia muito além da fé judaica. Como fariseu, a seita mais severa da religião dos judeus, frequentava a igreja criteriosamente, além de jejuar, orar e dar o dízimo regularmente; sendo também membro do Sinédrio, um cargo que os judeus julgavam ser dos mais elevados. 

No entanto, todo esse zelo religioso sem o conhecimento do verdadeiro evangelho o levou a ser um dos maiores perseguidores de cristãos daquele lugar. Paulo perseguia Cristo e seus seguidores de maneira cruel e violenta. Seu principal objetivo era eliminar o cristianismo da face da terra. 

Porém, a graça o alcançou e ele foi convertido. A soberana e poderosa ação de Deus para salvação é vista em sua conversão, uma vez que Paulo não estava procurando Cristo. Pelo contrário, estava o perseguindo. A conversão de Paulo foi muito impactante, pois mostrou a mudança radical e transformadora que Deus pode exercer na vida de alguém e, assim como fez com Paulo, transformá-la em um grande instrumento para a expansão do reino.

Paulo, no momento de sua conversão, se reconhece como pecador, como podemos ver em Atos 22.8-10. Nesse sentido, ele mostra sinais de sua conversão por meio do batismo, de sua vida de oração e de seu testemunho. Fica claro o recebimento do Espírito Santo em sua vida. Realmente, aquele “touro indomável”, que recalcitrava os aguilhões, se tornou um pregador do evangelho.

No entanto, todos esses acontecimentos na vida de Paulo não ocorreram sem muito esforço progressivo. Paulo teve de enfrentar muitas dúvidas sobre sua real conversão e mudança de intenções. Em Jerusálem, compreensivelmente, os próprios discípulos relutam em acreditar que aquele que antes os perseguia, havia se tornado um deles. Barnabé foi o único a confiar nele e o introduziu na comunidade cristã de Jerusalém. Ali, Paulo é perseguido e sua vida corre risco enquanto ele prega o evangelho aos não-cristãos. Mesmo assim, ao ser mandado embora da cidade pelo próprio Deus, Paulo deseja ficar. O Senhor o ensina uma lição valiosa ao impedi-lo de completar sua vontade: nosso relacionamento com Deus é mais importante do que fazer a obra de Deus. Conhecer a Deus deve ser nossa principal motivação ao espalhar o evangelho. O apóstolo Paulo passa então quatorze anos em Tarso, conhecendo a Deus antes de ser usado poderosamente por Ele.  

Quando o evangelho chegou à Antioquia, a terceira maior cidade daquela época, Barnabé se lembra de Paulo e o chama para se juntar ao ministério crescente que havia ali, essa igreja, então, decide os enviar a uma grande viagem missionária. Paulo, naquele momento, não era o líder, e sim o auxiliar de Barnabé. Deus cuidou para que ele fosse primeiro liderado para só depois poder liderar. 

Paulo começa suas viagens missionárias totalmente na dependência de Deus. E, de acordo com os relatos de Atos 13, usava os melhores métodos para que sua pregação fosse eficaz. Concordo com Hernandes Dias Lopes que diz que para pregar a Escritura precisamos entender a cultura de quem vai ouvi-lá. Outra grande sacada de Paulo em suas pregações do evangelho é que ele não somente falava sobre isso, mas ele demonstrava o poder do Espírito realizando muitos milagres e sinais. 

Timóteo se junta com a caravana de Paulo e o evangelho é pregado com sucesso em várias cidades: Filipos, Tessalônica, Atenas, Corinto e Éfeso. Nelas o evangelho é propagado com sucesso, mas nunca sem perseguição. Ao voltarem para Antioquia, eles vivenciam a verdade de que a vida cristã não é uma colônia de férias. Deus mostra aqui que Ele nos salva na tribulação e não da tribulação. As dificuldades são instrumentos de Deus para nosso aperfeiçoamento. 

A caravana de Paulo é instrumento de Deus e Ele a usa para abrir o coração dos pagãos para a verdade. A obra de Deus é feita por Ele, mas por meio de instrumentos humanos. Deus opera nos corações dos incrédulos através de nós e apesar de nós. Por isso, mesmo  em meio a tantas perseguições, Paulo se sentia cada vez mais encorajado para a obra missionária. 

A paciência no sofrimento

Em 2 Coríntios 6, lemos sobre algumas vitórias de Paulo em circunstâncias diferentes. Ele sabe que não se deve sentar de braços cruzados e esperar a tormenta passar. Deve-se ter coragem e enfrentar essas coisas de uma maneira triunfante, as transformando em gritos de vitória. Na vida cristã, a paciência não é uma capacidade natural para suportar as dificuldades da vida. Ela é um triunfo, uma vitória que recebe todas as pressões do mundo e mesmo assim sai vitorioso. Em 2 Coríntios 11.24-27, lemos que Paulo sofreu muito por várias vezes: “Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um; três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo; em viagens, muitas vezes; em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos; em trabalhos e fadiga, em vigílias, muitas vezes, em fome e sede, em jejum, muitas vezes, em frio e nudez.

Esses sofrimentos de maneira nenhuma foram empecilhos para o serviço do apóstolo ao reino. Pelo contrário, ele se considerava mais forte quando estava fraco e nunca deixou de pregar o evangelho, até mesmo na prisão. 

Por meio da história de nosso irmão na fé Paulo de Tarso, vemos que todo cristão enfrenta uma vida de paradoxos. E o que mais nos chama atenção é a alegria que ele desfrutava em meio às tristezas, a qual emanava de Cristo. Sua alegria não era a ausência de problemas, mas sim, uma pessoa. Sua alegria era Jesus. Paulo vê no sofrimento por Jesus, quando inevitável, não um castigo, mas uma benção.

Deus deu um espinho na carne para que Paulo não se ensoberbecesse de todas as maravilhas que ele tinha experimentado com Jesus. Esse espinho lhe causava muito sofrimento. Tanto que ele, assim como Pedro, orou três vezes para que aquilo lhe fosse tirado. No entanto, a resposta de Deus foi diferente do seu pedido e em vez de retirar o que o fazia sofrer, Deus deu força para que ele o suportasse.

Uma das características mais marcantes de Paulo é a perseverança. Percebemos isso em sua viagem a Roma. Ele chega preso em seu tão desejado destino, depois de um naufrágio em que  tinha perdido tudo. A principal lição para nós de tudo isso é que, mesmo fazendo a vontade de Deus, iremos enfrentar tempestades. E, assim como Paulo fez, precisamos lutar por nossas vidas, nos voltar para Deus e manter nosso coração aquecido pela devoção.

Para Paulo, a divulgação do evangelho é mais importante que o mensageiro. Por isso, na prisão, Paulo foca sua atenção na proclamação da palavra, e não em si mesmo. Na reta final da sua vida, ele fez uma profunda análise do seu ministério e, antes de morrer, refletiu com respeito sobre seu passado, presente e futuro (2 Tm 4.7). A morte de Paulo não calou sua voz. Suas cartas ainda falam. Sua voz póstuma é poderosa. Milhões de pessoas são abençoadas ainda hoje pela sua vida e pelo seu legado. 

Aprendemos com Paulo que não estamos nessa vida a passeio. Temos um propósito a cumprir e um Guia que nos mostra como. Precisamos apenas imitar Cristo, como o próprio Paulo  imitou, e descansar em Deus, que cuida de nós a todo tempo.


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