O que fazer quando a maternidade é morta pela esterilidade? (Graça Responde #6)

O que fazer quando a maternidade é morta pela esterilidade?

Por que para alguns a gestação acontece tão naturalmente e para outros é tão difícil? Esse é um questionamento muito comum na mente de casais que estão tentando engravidar e não conseguem. Quando iniciam o planejamento para ter filhos, casal algum cogita a possibilidade de se deparar com qualquer tipo de dificuldade reprodutiva, mas quando o tempo estabelecido pelos médicos (6-12 meses mais ou menos) passa, no mesmo instante, novos questionamentos surgem, e estes produzem sentimentos de medo, tristeza, ansiedade, frustração, angústias e preocupações que levam o casal a procurar a causa da dificuldade em engravidar.

É quase que impossível mensurar a dor de um casal infértil. A dor pela criança que ainda não foi concebida. Isso faz com que a infertilidade se transforme em um luto silencioso e solitário, e isso é ainda maior quando uma mulher que sonha em ser mãe ouve a palavra mais temida: esterilidade. Digo isso, pois existe uma grande diferença entre a infertilidade – que é a diminuição da capacidade de ter filhos, devido a alterações nos sistemas reprodutores masculino e/ou feminino –  e a esterilidade – que é quando a capacidade natural de gerar filhos é nula.

Somente casais que passaram ou passam por isso, sabem o quanto é triste não conseguir gerar um filho com a pessoa amada, não conseguir dar continuidade à família, ainda mais quando todos à sua volta os cobram por isso.

Hoje quero dedicar esse texto quase que exclusivamente àquelas mulheres que convivem diariamente com a esterilidade. Para você, querida tentante, deixo um texto lindo que temos aqui no Graça, “O que esperar quando não se está esperando (Quando a gravidez não vem)”.

Na Bíblia temos alguns casos de mulheres que desejavam ser mães e passaram pelas mesmas coisas descritas acima: medo, angústia, frustrações etc. Lembrando que a pressão social que as mulheres sofriam naquela época era muito maior do que hoje em dia. Alguns dos exemplos que nos foram deixados são as histórias de Sara, Rebeca, Raquel, Isabel e Ana. E é nesta última história que aprenderemos juntas hoje sobre a soberania de Deus. Ela é relatada na Bíblia no livro de I Samuel 1. Lá encontramos a história de Ana e sua profunda angústia por não ser mãe.

Ana não sofria somente com a tristeza de não conceber um filho, mas também com as zombarias de sua “rival”, Penina (a outra esposa de Eucana, seu marido). Penina tinha filhos, e constantemente, zombava de Ana por não ter.

E assim fazia ele de ano em ano. Sempre que Ana subia à casa do Senhor, a outra a irritava; por isso chorava, e não comia. (1 Samuel 1:6,7)

Depois de algum tempo, chorando de tristeza, a Bíblia nos conta que Ana se levantou e foi orar e clamar ABUNDANTEMENTE.

Ela, pois, com amargura de alma, orou ao Senhor, e chorou abundantemente. (1 Samuel 1:10)

A primeira coisa que aprendemos com Ana é que os nossos problemas servem para nos aproximar ainda mais de Deus. Ana buscou ao Senhor como nunca tinha feito antes. A sua esterilidade tem te aproximado mais de Deus? Você o busca diariamente tentando entender qual o propósito dEle para tua vida, ou sempre que ora, faz rezas cheias de pedidos e questionamentos? Quando lemos o trecho da oração de Ana que nos foi deixado, observamos que ela faz um voto, mas em momento algum ela “ordena” ou cobra que Deus lhe conceda seu desejo:

E fez um voto, dizendo: Senhor dos Exércitos! Se benignamente atentares para a aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da tua serva não te esqueceres, mas à tua serva deres um filho homem, ao Senhor o darei todos os dias da sua vida, e sobre a sua cabeça não passará navalha. (1 Samuel 1:11)

Em seguida, o versículo 18 nos diz que ela se levantou, comeu, e o seu semblante já não era mais triste. Ela encontrou contentamento e alegria no Senhor mesmo que ainda não tivesse recebido seu pedido. É difícil imaginar como alguém que estava completamente abalada com sua situação, após uma oração, estar completamente satisfeita e feliz. Esse contentamento encontramos apenas em Cristo. Ela sabia que caso o Senhor lhe concedesse a bênção de gerar um filho, ele não seria para sua própria glória, mas única e exclusivamente para honra e glória do Senhor. Ela entregaria o seu maior presente, seu maior bem, nas mãos do Pai. É aqui que eu paro e me questiono: Para que queremos ser mães? Para exibirmos nossos filhos como troféus? Para dedicar toda minha vida a ele? Para suprir a minha solidão? Ou para honrar e glorificar ao Senhor? Pense sobre o que move o seu desejo de exercer a maternidade. Jamais podemos cair no erro de transformarmos as dádivas de Deus em ídolos de nossas vidas. Corremos um risco enorme de trocar o Criador pela criatura, o Doador pela dádiva.

Nosso Deus é um Deus de milagres! Em prova disso, passado algum tempo, Ana, que não podia ter filhos, estava grávida. Para Ele, não tem problema sem solução, doença sem cura, ou algo impossível!

Tu és o Deus que fazes maravilhas; tu fizeste notória a tua força entre os povos. (Salmos 77:14)

Deus concedeu o desejo de Ana, e o Senhor pode sim, realizar um milagre em sua vida. Afinal, Ele mais do que ninguém conhece cada parte do seu corpo, conhece cada célula e melhor do que qualquer médico no mundo, sabe como reverter sua situação. Se for o desejo, o plano do Senhor para a tua vida, esse milagre acontecerá. Mas não podemos nos esquecer que Deus tem um propósito para cada uma de nós. Os planos para a vida de Ana, são diferentes dos planos que Ele tem para mim, para você, para as tentantes e para aquelas que engravidaram na primeira tentativa. Cabe a nós, orarmos para compreender e aceitar com alegria a vontade do Pai para nossas vidas.

Ensina-me a fazer a tua vontade, pois és o meu Deus. O teu Espírito é bom…  (Salmos 143:10)

Após ter recebido sua benção, podemos ler em I Samuel 2 o cântico de Ana que é uma oração em honra e gratidão a Deus. Mais uma vez, observamos que ela usou seu filho para honra de Deus e não para sua própria glória.

Encerrada a história de Ana, quero ressaltar ainda mais dois pontos que acredito serem muito importantes:

Deus te fez assim

Às vezes quando oramos, agimos como se o Senhor não soubesse de nossa condição, de nossas dores. Nos esquecemos da sua onisciência e que Ele nos conhece melhor que nós mesmas. Que possamos usar nossos momentos com Deus para compreender qual o seu propósito para nossas vidas. O que Deus quer que você aprenda durante esse tempo de espera e angústia? O Pai está constantemente nos ensinando, e nessa situação de esterilidade, não é diferente! Use esse tempo para aprender algo. Busque informação, ajude outras mulheres que estão em situações semelhantes à sua, trabalhe em equipe – este é o momento onde você e seu marido precisam se unir em oração. Busque apoio profissional, busque auxílio de seus líderes espirituais. Cuide do seu corpo e não pense que por aparentemente seu caso não ter solução, você não precisa cuidar do templo do Espírito.

Gerar filhos não é ser mãe

Por fim, gostaria de lembrá-la que gerar filhos, não é ser mãe! Qualquer mulher, biologicamente ou não, é uma mãe em potencial! Ela nasce pronta, abençoada por Deus, com a extraordinária habilidade de amar uma criança que foi gerada em seu ventre ou não. Para tornar-se mãe, é preciso, acima de tudo, abrir o coração! A maternidade é exatamente igual! Essas não são palavras minhas, já que ainda não sou mãe, mas de uma amiga que é mãe biológica e de coração. Não exclua totalmente a possibilidade de adoção. Existem milhares de crianças pelo mundo necessitando de um lar, amor e carinho.

Não se esqueça: você já é completa através de Cristo e não precisa de um filho para lhe completar. Apegue-se a Eclesiastes 3 e nunca se esqueça que há um tempo determinado para todas as coisas. Não desista de realizar esse sonho. Não importa o quanto demore ou ele pareça impossível, Deus é poderoso para realizá-lo. E ainda que em sua Soberania Ele não queria fazê-lo, aprenda que sua felicidade vem de Cristo e que você pode ser mãe mesmo que seu ventre não gere uma criança.

Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos. (Hebreus 11:1)

Muitas vezes Deus pode adiar nossos sonhos e planos para nos mostrar que os planos dele são muito maiores e melhor que os nossos. O sonho de Ana era “apenas” ser mãe. Mas o plano de Deus é que ela fosse mãe de um dos maiores e mais importante profeta e juiz que Israel já teve.

Querida, não consigo imaginar o tamanho de seu sofrimento e dor, mas sabemos que tem Alguém que nos ama muito e sabe EXATAMENTE o que você sente. Que o Dono de todas as coisas, possa confortar o seu coração.

Assim conhecemos o amor que Deus tem por nós e confiamos nesse amor. Deus é amor. Todo aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus nele. (1 João 4:16)

Texto de sua irmã tentante,
Thaís
Aconselhadora da Equipe Graça em Flor

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