O Poder da Ressurreição: Como a ressurreição de Cristo molda e fortalece nossa fé

“E, se Cristo não ressuscitou, é vã a fé que vocês têm, e vocês ainda permanecem nos seus pecados.” (1 Coríntios 15:17)

A história da redenção não pode parar no cenário da cruz. Ali foi o início do grande clímax, talvez o ponto de maior conflito de emoções (gratidão, tristeza, revolta, humildade), mas a fé cristã é baseada na completude da redenção, que se dá com a ressurreição e a ascensão de Cristo, quando o Filho entrega ao Pai a vitória sobre o pecado e a morte, e é exaltado por sua obediência, fidelidade e entrega.

Quando Jesus Cristo declara quitada nossa dívida com Deus, por meio do Seu sangue vertido em sacrifício santo e perfeito, e ali entrega Seu espírito, nosso coração se derrama em gratidão e louvor, como se fosse o encerramento do capítulo mais importante de nossa história, afinal era por essa resolução que o povo de Deus esperava desde o Éden. Mas a beleza dessa oferta está na validação da identidade de Cristo como o eterno e poderoso Filho de Deus, ao quebrar os aguilhões da morte e sair do sepulcro com um corpo físico glorificado, não mais sujeito à decadência do pecado, mas superior a qualquer lei física e a todo e qualquer tipo de jugo que a queda da humanidade nos imputa.

O teólogo Zachary Lycans afirma que a ressurreição de Jesus Cristo é o momento central da história da humanidade, que serve como doutrina fundamental do Cristianismo. “Tudo é construído sobre esse evento fundamental. Sem a realidade da ressurreição nossa salvação nada mais seria do que uma farsa, a proclamação do Evangelho seria totalmente inútil, e os cristãos deveriam ser considerados miseráveis (1 Cor 15:14-19).”

O poder da ressurreição para o presente

Ao crermos na veracidade das Escrituras em afirmar a ressurreição do nosso Cristo, nos apoiamos não apenas na afirmação segura de que Ele é o Filho de Deus (Atos 2:22-36), como também na afirmação de que ele é o próprio Deus (Mateus 12:38-40), vitorioso sobre a morte e a sepultura (1 Coríntios 15:54-55; Apocalipse 1:17-18) e aquele que nos assegura a salvação (Romanos 4:25; 10:9-10; Hebreus 7:23-25 e 1 Pedro 1:3). 

Na hipótese deste milagre nunca ter acontecido, o que poderíamos supor? Penso em algumas conjecturas: a morte ainda teria o poder, Cristo não seria poderoso o suficiente, Cristo não seria realmente eterno, o plano de redenção destruiria a Trindade e ainda seria necessário um novo plano para a aniquilação da morte. Percebe como nossa fé enfraqueceria? Que miséria seria crer em um Deus meio forte, meio poderoso e meio vencedor, fadado ao mesmo destino lamentável do ser humano, a morte.

Quando a Palavra nos ensina, em Romanos 10:9, sobre a confissão para a salvação, o texto cita a importância da ressurreição de Cristo, pois é através da sua obra completa (morte, ressurreição e ascensão) que somos salvos. Crer na ressurreição de Cristo é, portanto, uma base sólida que garante não só esperança, mas também a certeza de pertencermos ao único, imutável e onipotente Deus. É a certeza de que Ele continua reinando soberanamente que nos faz, em última instância, levantar todas as manhãs e fechar os olhos para dormir todas as noites. Que segurança!

O poder da ressurreição para o futuro

“O fio prateado da ressurreição perpassa todas as bênçãos, desde a regeneração até nossa glória eterna, e liga todas.” Charles Spurgeon teceu essa declaração cirúrgica com tanta firmeza que nos faz respirar fundo de admiração. Talvez você, assim como eu, nunca tenha parado para dar tanta atenção a algo que já se tornou tão “normal”, como a ressurreição. Mas a realidade é que nunca devemos nos acostumar à ideia de que esse ato divino foi “normal”, pois seu valor transcende o tempo e o espaço, tal como Spurgeon continua descrevendo: ​​”Como a cruz pagou nossa dívida, a ressurreição tomou a carta de fiança e a rasgou em pedaços. Agora nada consta, nos documentos da eternidade, contra qualquer alma que crê no Senhor Jesus Cristo. A sua ressurreição da morte nos livrou de toda e qualquer acusação. ‘Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós’.”1

Como diz uma antiga canção que cantamos na igreja, “nada, nada poderá nos separar do amor de Deus que está em Jesus Cristo, nosso Senhor”. A ressurreição de Cristo é o selo de autenticação da nossa liberdade. Não há nada que possamos fazer para merecê-la, muito menos para perdê-la. Toda e qualquer garantia está atrelada ao que Cristo fez na cruz, e o sepulcro vazio é onde nossa alma descansa, segura de que estamos seguras para sempre.

Por causa do túmulo vazio, os discípulos voltaram a ter esperança e foram relembrados das palavras do Mestre a respeito do que haveria de acontecer. Baseados nessa esperança, passaram a pregar de forma destemida e em todos os lugares o evangelho de Cristo, pois obedeciam a um Mestre maravilhoso que cumpriu sua missão morrendo na cruz, mas que continua vivo, dando forças e capacitando seus seguidores.

Gosto do vigor presente nesta afirmação do teólogo George Ladd: “A ressurreição de Jesus não significa nada menos que o aparecimento, no cenário da história, de algo que pertence à esfera da eternidade! Sobrenatural? Sim, mas não no sentido usual da palavra. Não é a ‘perturbação’ do curso normal dos eventos; é a manifestação de algo completamente novo. A vida eterna apareceu no meio da mortalidade.”2 Por causa da ressurreição, nós também podemos olhar para o futuro sem temor, pois Ele mesmo garantiu a nossa vitória sobre a morte, a fim de que participemos de Sua vida eterna, junto ao Pai (1 Tessalonicenses 4:14). 

“Por causa da ressurreição, tudo muda. A morte muda. Antes era o final; agora é o começo. O cemitério muda. As pessoas antes iam lá se despedir, mas agora vão para dizer ‘estaremos juntos outra vez’

Max Lucado em “When Christ Comes”.


 1Spurgeon, The Metropolitan Tabernacle Pulpit, Vol XLIII, 248.

2George Eldon Ladd, Teologia do Novo Testamento, ed. Aldo Menezes, trans. Degmar Ribas Jr., Edição Revisada. (São Paulo: Hagnos, 2003), 466.


Esse post faz parte da nossa série de postagens com o tema “O Poder da Ressurreição”. Para ler todos os posts clique AQUI.