Natal na Prática: Natal ao Redor do Mundo – descobrindo tradições cristãs diversificadas
Dezembro é um mês de muitas reflexões, de desacelerar a vida profissional, de rever familiares; mas o que o torna especial é que, desde o século IV, a Igreja escolheu o dia 25 deste mês para relembrar e comemorar a vinda do Salvador ao mundo e, pelo menos para mim, não há festa mais desejada durante todo o ano do que a do Natal.
A celebração do nascimento de Cristo é algo que transformou diversas culturas no mundo. Por mais que tentem distorcer seu objetivo com demandas comerciais que focam em reuniões familiares, troca de presentes, mesas fartas, viagens, e a ideia de que o Papai Noel é o maior representante desse momento, o Natal segue, inconvenientemente para o mundo, sendo a comemoração do cumprimento da promessa de que um Rei e Sacerdote eterno veio a esse mundo para nos livrar do império do pecado e da Morte.
Logo na sua instituição, o Natal já muda o contexto pagão da época. Neste período do ano, no hemisfério norte, temos o solstício de inverno, onde as noites são mais longas e o dia mais curto. Quando o Sol nascia todos se alegravam e o cultuavam, e então, para transformar o pensamento da época, os cristãos se engajaram em demonstrar que embora o mundo se alegrasse pelo surgimento dessa grande estrela nos céus, obra da criação de Deus, a verdadeira alegria e adoração deveria ser direcionada para aquele que nunca foi criado, mas gerado pelo Espírito no ventre de uma jovem, aquele o qual é a perfeita Luz que derramou-se em nossas trevas.
Tamanha foi a transformação que o nascimento do Rei dos reis fez na história da humanidade, que em 25 de dezembro de 1914, os soldados, de alguns pontos da frente Ocidental de batalha da 1ª Grande Guerra Mundial, decretaram a Trégua de Natal e naquele dia ingleses e alemães, então inimigos mortais, fizeram confraternizações, trocaram presentes, apertaram as mãos uns dos outros, cantaram canções natalinas e jogaram futebol juntos.
E assim segue o Natal influenciando o mundo todo e nos lembrando que Deus veio até nós, como um de nós, para habitar no tempo e cumprir seu plano redentor anunciado desde a fundação do mundo. E por ser uma festividade que transforma as culturas, ela é adaptativa e pode ser comemorada de muitas formas sem deixar de ser fiel ao seu propósito. Agora, vamos conhecer, resumidamente, algumas formas diferentes de celebração do Natal ao redor do mundo, com foco em suas raízes religiosas.
Europa
No Reino Unido, a tradição de Natal consiste em recitar a história da queda, a promessa do Messias e o nascimento de Jesus que são contados em nove leituras ou lições bíblicas retiradas de Gênesis, os livros dos profetas e os Evangelhos, são as famosas Nine Lessons and Carrols (Nove Lições e Canções de Natal), intercalando-se a essas histórias, canções e hinos de adoração também.
Já na Alemanha temos a tradição da Adventskranz (Coroa do Advento) em que uma guirlanda é enfeitada com pinheiros, fitas vermelhas e quatro velas que são acesas a cada domingo do advento e nas igrejas as missas especiais com os tradicionais hinos como Stille Nacht (Noite Feliz).
Nos países da Itália e Espanha, as principais tradições são as da Missa do Galo, celebrada à meia-noite do dia 24 de dezembro, e as ornamentações de Natal como presépios, na Itália, e procissões e peregrinações, na Espanha, conhecidas como Belén Viviente (Presépio Vivo), onde há a reencenação do nascimento de Cristo.
Américas
Agora comentando sobre as Américas, no nosso querido Brasil, onde as principais tradições cristãs são as católica romana e evangélica, temos as maravilhosas cantatas de Natal que podem ser organizadas em musicais e apresentações teatrais sobre o nascimento de Jesus, como também a Missa do Galo; além dos enfeites e ornamentações pelas praças principais das cidades e, nas casas, os lindos pisca-piscas, árvores, presépios, tudo muito iluminado e colorido e a figura do Papai Noel ou São Nicolau que sempre anima as crianças com toda a ideia de troca de presentes que representa.
No México, temos a tradição das Las Posadas (As Pousadas), um costume oriundo da Espanha, que acontece 9 dias antes do Natal (de 16 a 24 de dezembro) e consiste em celebrar o Natal retratando a peregrinação de Maria e José até Belém; os peregrinos encenam esse momento viajando, à semelhança de Maria e José, para casa de uma família diferente e batem à porta em busca de abrigo; ao se reunirem na casa onde a Sagrada Família é recebida todos rezam juntos e partilham de uma refeição.
Nos Estados Unidos, de onde o mundo ocidental recebe a maior influência das tradições natalinas, temos as casas enfeitadas e muito iluminadas, troca de presentes e o uso de suéteres temáticos para toda família; temos também as famosas canções de Natal como O Holy Night (Oh Noite Santa), cultos de véspera e a encenação do nascimento de Jesus Cristo, além do clima frio e com muita neve nos estados mais ao norte que é bem característico daquilo que formou o nosso imaginário sobre o Natal.
Ásia
No continente asiático temos tradições cristãs diferentes das do Ocidente, afinal, devido à cisma do oriente entre os anos de 1053 e 1054 d.C., a igreja católica se dividiu em Católica Romana e Católica Ortodoxa Grega e no oriente, ou seja, na Ásia, esta última se fixou. No caso da Rússia, por exemplo, além de comemorarem o Natal em janeiro, especificamente entre os dias 06 e 07, eles também possuem uma dinâmica diferente, pois o momento da ceia em família, de enfeitar a árvore e de trocar presentes é no dia 1º de janeiro, entretanto, o nascimento de Jesus é comemorado no dia 06.
Nas Filipinas temos a Simgang Gabi (Missa da Noite), onde nos nove dias que antecedem ao Natal são realizadas nove missas que acontecem entre 2:30h às 5:00h, simbolizando a preparação espiritual para o nascimento de Cristo. O dia do Natal que acontece na madrugada do dia 24 para o dia 25 de dezembro é encerrado com a Missa do Galo, onde as famílias estão reunidas para celebrarem a data.
No Líbano, as igrejas cristãs maronitas celebram cultos de Natal com procissões, leituras dos Evangelhos e músicas litúrgicas, as cidades são enfeitadas com muitas luzes e o nascimento de Cristo também é comemorado em 25 de dezembro. Embora cerca de 35% da população seja de cristãos maronitas, todo o país comemora o Natal e apenas os libaneses armênios seguem o calendário juliano e comemoram o Natal no dia 6 de janeiro, conforme a tradição católica ortodoxa grega.
África
No continente africano o Natal é comemorado como uma herança do trabalho de muitos missionários ao longo da história. Na Etiópia, por exemplo, essa influência remonta à era apostólica, como podemos ver nas Escrituras, Felipe prega o Evangelho ao eunuco etíope (At 8.26-40) e com toda certeza essa maravilhosa notícia se espalhou e deu muitos frutos.
As raízes cristãs da Etiópia estão mais fixadas na Igreja Católica Ortodoxa Grega e, como vimos anteriormente, a data da comemoração do Natal é o dia 7 de janeiro. A celebração do Natal é chamada de Genna e é uma festa totalmente voltada à espiritualidade sem muito apelo comercial; os fiéis se vestem de branco e praticam um jejum de 43 dias que antecedem ao dia 07 de janeiro, se abstêm de qualquer comida de origem animal e é muito comum que aqueles que estão longe de casa retornem para suas famílias, como uma grande peregrinação, tudo com o objetivo de lembrar o nascimento do Mestre.
Já na Nigéria, o Natal é comemorado no dia 25 de dezembro com cultos comunitários, músicas, leituras bíblicas e pregações sobre o nascimento de Cristo. Tudo fica muito iluminado, árvores de Natal são decoradas, as pessoas vestem suas melhores roupas para passarem esse período em família com uma ceia repleta de pratos típicos como o jollof (a maioria contém arroz de grãos longos cozido com tomates, legumes, carne, cebola e especiarias).
Oceania
Finalmente chegamos à Oceania, como esses dois países ficam no hemisfério sul a comemoração do Natal acontece no verão e em vez de fazerem uma ceia de Natal na noite do dia 24, australianos e neozelandeses fazem um almoço, churrasco ou piquenique em família, no dia 25 de dezembro, onde os presentes acumulados embaixo da árvore de Natal são distribuídos.
Temos também o tradicional pinheiro de Natal enfeitado, mas na Nova Zelândia existe uma árvore chamada Pōhutukawa que floresce nessa época do ano com flores em formato arredondado, grandes e vermelhas e que também é enfeitada como árvore de Natal, pois suas flores remetem as bolas que penduramos nos pinheiros.
Na Austrália, o evento natalino mais importante é o Carols by Candlelight (Canções de Natal à Luz de Velas) onde as pessoas se reúnem, à noite, para cantarem canções natalinas tradicionais e acenderem velas ao ar livre. As famílias também costumam ir à praia, jogar críquete e o Papai Noel tem uma versão surfista.
Então, vamos celebrar o Natal
Depois dessa volta ao mundo, é maravilhoso observarmos que o que começou em um pequeno estábulo desconhecido, de algum lugar em Belém da Judeia, se transformou em uma festa mundial com inúmeras luzes que simbolizam a verdadeira Luz. Nas palavras do saudoso teólogo e pastor Tim Keller: “A mensagem do Natal é que ‘resplandeceu a luz sobre os que habitavam na terra da sombra da morte’. Observe que a Bíblia não diz que uma luz brotou do mundo, mas que uma luz raiou sobre o mundo. Ela veio de fora. Há luz fora deste mundo, e Jesus a trouxe para nos salvar; de fato, ele é a Luz (Jo 8.12)”.
Em todos os lugares, a escuridão é inundada pela maravilhosa Luz, todos os pés cansados de peregrinar encontram descanso e um abrigo seguro, pois a procura acabou e, no fim, foi Ele mesmo que veio até nós e nos encontrou em meio à escuridão… agora podemos descansar. Não importa como as tradições se diferem na prática da celebração do Natal, elas continuam a ecoar em toda a história da humanidade que “no nosso mundo também já aconteceu uma vez que, dentro de um certo estábulo, havia uma coisa que era muito maior que o nosso mundo inteiro”.
Queridos leitores, minha oração é que possamos nos alegrar em mais um Natal e que nossos corações se inundem de gratidão. Pode ser que 2024 não tenha sido um ano muito bom para você e para outros também, mas o mais importante é que o Pai nos sustentou, seu braço forte nos amparou e nos proveu salvação…eterna, graciosa e misericordiosa salvação. Permaneceremos seguros até o grande ponto final da história. Que nossos corações prostrem em Espírito e em Verdade para adorarmos Aquele que era, que é e que há de vir.
A equipe do Graça em Flor deseja a você e sua família um Feliz Natal!
P.S.: Gostaríamos de esclarecer que as informações contidas aqui não buscam ser exaustivas, mas compreendem apenas parte das tradições de cada continente.
KELLER, Timothy. O Natal escondido: a surpreendente verdade por trás do nascimento de Cristo. Tradução de Jurandy Bravo. São Paulo: Vida Nova, 2017. p. 23.
LEWIS, C.S. As crônicas de Nárnia. Tradução Silêda Steuernagel e Paulo Mendes Campos. 2ª ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009. Volume único. p. 712.
Esse post faz parte da nossa série de postagens com o tema “Natal na Prática”. Para ler todos os posts clique AQUI.
8 Comments
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