Mulher pode trabalhar fora do lar? (Graça Responde #4)

É errado a mulher trabalhar e não só cuidar do lar quando seu marido tem condições de prover ?

Querida leitora, sua pergunta me chamou atenção não somente pelo fato dessa dúvida estar tão frequente nos ministérios de mulheres, mas também pelo fato de que eu passei muito tempo buscando entender como a ideia “mulher cristã & trabalho” se encaixava na vontade de Deus e na Sua melhor glorificação.

Confesso que isso me incomodava até entender que: não existe uma fórmula ou única resposta prática onde todas as mulheres cristãs simplesmente podem aplicar à sua vida como uma receita infalível. Infelizmente vejo a feminilidade cristã, por vezes, se resumindo a uma busca por um conjunto detalhado de normas as quais “devo/não devo” fazer. O problema disso é que a individualidade da criação de Deus, em nos dar especificamente vidas únicas que anseiam conhecer a Ele e através disso, glorifica-Lo em sua vida com todas as suas singularidades, se perde em meio a uma enxurrada de manuais sem qualquer afinidade com a sua realidade.

Minha querida, digo a você que passei bom tempo vivendo uma frustração a respeito de como eu estava exercendo meu papel como esposa. Durante o namoro e pelo caminho do noivado, eu lia, orava e ansiava pelo dia que poderia finalmente ter uma família e um lugar que meu marido e eu poderíamos chamar de nosso. No entanto, toda minha frustração foi gerada porque eu não levei em consideração que a realidade e o convívio diário podem, algumas vezes, ser diferente das expectativas que nossa mente passa horas construindo e reconstruindo, principalmente partindo de um padrão estabelecido, ou seja, um estereótipo de mulher cristã.

Diante da rotina do meu marido, eu não conseguia cumprir com todas aquelas expectativas que os livros listavam de maneira exaustiva para eu ser uma boa esposa, e isso me fazia viver uma verdadeira frustração.

Como bem sabemos que o Senhor ampara nossas aflições e traz alento necessário, Ele de forma graciosa me fez lembrar que tudo, simplesmente tudo, deve ser para Sua glória, e nossa vida, como esposa, engloba também como distribuímos nosso tempo em prol de sermos a auxiliadora que nosso marido necessita. Todos os dias estou buscando ser aquilo que de fato meu marido precisa que eu seja no momento, e sei que fazendo isso estou glorificando ao Senhor. Tenho ajudado ele em seu trabalho, e por isso parte do meu dia é dedicado a isso.

Importante dizer que conversamos e o questionei sobre a sua prioridade quanto a meus dias de folga (exerço ainda um trabalho por escala, onde fico três dias de plantão e nove dias de folga), e ele prontamente me falou que seria minha ajuda em seu trabalho. A partir disso, compreendi que não há uma maneira única e sublime de você ser uma esposa idônea e auxiliadora ao seu marido, mas sim ser aquela que se encaixa nas necessidades dele e sob sua liderança. Não podemos ficar presas a estereótipos, caindo em tabus, e muito menos ter uma vida de comparações, gerando falta de contentamento.

Cada família é diferente e vive de forma diferente, claro que, devendo todas elas glorificar a Deus nas suas especificidades acima de tudo, inclusive das suas próprias vontades.

Com isso, trago ao seu coração que as Escrituras asseguram em várias passagens mulheres piedosas e servas de Deus exercendo trabalhos além dos domésticos, como por exemplo, Lídia (Atos 16:14) que era vendedora de púrpura e após ser alcançada pelo Evangelho de Cristo, por meio de Paulo, dispôs sua casa e, provavelmente seus bens, a fim de servir ao Senhor. Temos também ainda no livro de Atos uma mulher chamada Priscila, esposa de Áquila, e ambos fabricavam tendas para seu sustento. Ou seja, não é contrário as Escrituras a mulher ter outras atividades além daquelas do lar, a Bíblia não condena ou mostra isso como pecado.

No entanto, e é esse o ponto que peço sua atenção, é que apesar de a Bíblia não condenar o trabalho fora do lar, ela nos orienta com princípios que complementam e nos dá um entendimento mais profundo a respeito do nosso papel como mulher. O que quero dizer? A partir das Escrituras, devemos entender com as lentes do Evangelho que nossa função primordial é cuidar de nossa família e, junto com nossos maridos, ser instrumento de Deus na formação espiritual dos pequenos. Não podemos, em detrimento desse dispendioso e valioso trabalho, dar nosso maior tempo e disposição a outros tipos de atividades.

As mulheres idosas, semelhantemente, que sejam sérias no seu viver, como convém a santas, não caluniadoras, não dadas a muito vinho, mestras no bem; Para que ensinem as mulheres novas a serem prudentes, a amarem seus maridos, a amarem seus filhos, A serem moderadas, castas, boas donas de casa, sujeitas a seus maridos, a fim de que a palavra de Deus não seja blasfemada. (Tito 2:3-5)

Nossa identidade está em Jesus, nosso Amado, e é a partir da fé nEle que nossa vida não nos pertence mais, tiramos a confiança na nossa vontade e colocamos totalmente na pessoa de Jesus e em tudo o que Ele fez por nós na cruz. A razão por termos sido criadas é pra glorificar ao Senhor, e ao contrário do mundo, aquilo que eles mais valorizam – a vida- nós temos como perda, por amor a Cristo, e isso reflete verdadeiramente em nossas decisões e escolhas. Fazemos e escolhemos, por amor a Cristo, aquilo que Ele ama e faz parte da Sua essência, no caso, escolher dar à nossa família o melhor de nós, amando o privilégio de servi-los.

Portanto, é valioso buscar na oração, pedindo que Deus venha e sonde em seu coração as reais motivações que a levam escolher o trabalho fora do lar, analisando todas as questões que são envolvidas, inclusive se é o momento certo pra isso ou não. A ganância, amor ao dinheiro, elevação do seu ego ou até mesmo dar ouvidos às imposições da sociedade sobre “trabalhar para não depender de homem” e ser uma mulher autônoma, devem fugir da sua mente como justificativa. Essas intenções não fazem parte de um contexto piedoso que anseia agradar ao Senhor. Um coração humilde e contrito é o sacrifício agradável a Deus. Além disso, submissão em amor em nada tem de degradante, ao contrário, isso valoriza mais a mulher. Não permita que as ideias de um mundo onde o casamento é um contrato, o amor é até quando tiver sentimento, filhos são gastos e tempo é dinheiro tomem o lugar de uma vida agradável a Deus, colocando a vontade dEle acima da sua de maneira corajosa, como verdadeiras mulheres.

Querida, mais uma vez, guarde em seu coração, não há uma fórmula pronta onde todas as mulheres podem usar e ganhar o status de esposa excelente. Viva sua singularidade, e nisso glorifique ao Senhor através dos dons e talentos que ele deu. Lembre que você foi chamada acima de tudo para ser serva de Deus cuidando das prioridades que Ele lhe dá em cada fase da sua vida. Desconfie da obsessão moderna com o currículo, os cursos acadêmicos, o salário de todo mês – essas coisas são importantes e têm seu tempo e lugar, mas não devem ocupar o coração mais do que o cuidado com as pessoas mais importantes da sua vida.

Lembre que você foi chamada acima de tudo para ser serva de Deus cuidando das prioridades que Ele lhe dá em cada fase da sua vida. Click To Tweet

Por fim, posso dizer a você e a toda mulher que acompanhou minhas palavras até aqui, não menospreze quem precisa/escolhe trabalhar fora de casa por alguma razão que por vezes não é do nosso entendimento, como também a mulher que se dedica integralmente ao trabalho do lar. Ambas as escolhas fazem parte de uma vida específica que busca glorificar ao Senhor na sua singularidade.

Quando aceitamos a autoridade de Deus para nos definir e nos usar, descobrimos o que significa ser uma mulher. A feminilidade é uma característica mais interna do que externa, pois implica em “quem ela é”, mais do que “o que ela faz”.

(Recomendamos a leitura do livro “Mulher, cristã e bem-sucedida” sobre esse mesmo tema.)

Respondido por Luana – Aconselhadora do Graça em Flor

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>> Recomendamos a leitura do livro “Mulher, cristã e bem-sucedida” sobre esse mesmo tema.