Milagres de Jesus: Uma Mulher Enferma no Sábado

O evangelho de Lucas nos traz, no capítulo 13, o relato da cura de uma mulher que estava enferma há anos. Este foi mais um dos milagres realizados por Jesus enquanto esteve aqui na terra, o qual foi relatado apenas por Lucas,  não aparecendo nos demais evangelhos. Esse episódio nos traz ensinamentos preciosos quando avaliamos o que ocorreu sob a perspectiva dos três principais personagens da narrativa: a mulher enferma, Jesus e o chefe da sinagoga. 

O relato bíblico nos conta que era um sábado, Jesus ensinava em uma sinagoga e lá estava uma mulher que sofria de  uma enfermidade há dezoito anos. Essa mulher não conseguia andar de outra forma que não fosse encurvada, não era possível que ela se endireitasse. Jesus a chama, impõe-lhe as mãos e, então, ela é curada. A mulher deu glórias a Deus pela cura recebida. O chefe da sinagoga questiona a execução do milagre no dia do Senhor, como era considerado o sábado. O argumento e a resposta de Jesus ao questionamento sobre ser ou não lícito realizar o bem naquele dia traz alegria ao povo e vergonha aos seus adversários. 

Mas o que podemos aprender com essa passagem ao examinarmos cada um dos atores da cena desse milagre?

A mulher enferma era fiel

Tente se colocar no lugar dessa mulher. Há dezoito anos, ela sofria com aquele mal, andando com as costas arqueadas, curvadas. Ela provavelmente tinha um campo de visão limitado já que não podia se erguer, talvez tivesse dificuldades para ser abraçada, entre outras coisas. Certamente isso lhe trazia incômodo físico e talvez alguma vergonha por estar naquela situação. Era uma mulher crente, já que Jesus se refere a ela como “esta filha de Abrãao” (Lc 13:15) e essa expressão não se refere ao seu nascimento físico, mas à sua condição espiritual. Mesmo sendo uma mulher crente, a enfermidade havia sido causada por um espírito mau. Satanás havia atacado seu corpo. Isso nos faz ver que, ainda que sejamos salvos, Satanás continua ao nosso derredor tentando sempre roubar, matar e destruir. Precisamos estar vigilantes. Ela deve, muitas vezes, ter pedido em oração pela sua cura e até aquele momento Deus ainda não a tinha curado. Porém, mesmo com o silêncio de Deus, ela tinha ido adorá-lo. A dificuldade física não a impossibilitou de estar na casa de Deus para louvá-lo. E, ao ser curada, essa mulher rende glórias a Deus pela sua cura. 

O chefe da sinagoga deu mais importância às tradições

Conforme o comentário da Bíblia de Genebra, o chefe da sinagoga era aquele que organizava o serviço litúrgico, definindo quem faria leituras ou orações. E, naquele dia, esse homem ficou muito indignado ao ver que Jesus tinha feito um milagre em pleno sábado. Ao invés de se alegrar, ele se irou. Apegando-se à tradição, ele argumentou com o povo que havia seis outros dias para que fossem atrás de cura, que fossem então durante esses dias, e não no sábado. O chefe da sinagoga fala com o povo e não diretamente com Jesus, por falta de coragem, talvez. Para ele o mais importante era a lei, mas ainda que o povo fosse à procura de milagres em outros dias, o dirigente não teria poder para curá-los. Warren W. Wiersbe, em seu comentário expositivo, afirma que se a tradição nos impede de ajudar ao próximo, ela não procede de Deus. Devemos, portanto, estar atentas a este fato: estamos usando a lei como desculpa para não servirmos, ajudarmos, ou nos disponibilizarmos na obra de Deus? 

Jesus é aquele que nos vê e nos liberta

Deus nos enxerga, ele reconhece as nossas necessidades e, mais do que isso: ele se importa com aquilo que nos aflige. Ao descrever esse milagre, Lucas nos diz que Jesus, ao vê-la (a mulher enferma), a chamou para ir até a frente. Impondo as mãos sobre ela, Jesus curou aquela mulher trazendo-lhe libertação. A cura que Jesus operou foi visível e, portanto, não deixou dúvidas, provando mais uma vez o poder que ele tinha sendo o filho de Deus. Por ser um sábado, alguns que estavam no local se indignaram e, como vimos anteriormente, o chefe da sinagoga questionou o povo, demonstrando oposição ao filho de Deus, priorizando a tradição à qual se apegava. O argumento de Jesus fez com que o povo se alegrasse e seus adversários se envergonhassem. O filho de Deus traz a verdade: se a lei permitia que cuidassem dos animais aos sábados, por que não libertaria uma mulher presa por Satanás? Como podiam agir com tanta hipocrisia diante da libertação de uma mulher que vivia cativa há 18 anos?

Quando Deus age, não há dúvidas. A morte de Cristo na Cruz nos trouxe a salvação e só assim somos verdadeiramente livres. Somente Jesus pode nos libertar. Muitas vezes estamos cativas, aprisionadas não por uma limitação física, mas pelo pecado. No Salmo 38, Davi, ao relatar o arrependimento de um pecador, diz que “sinto-me encurvado e sobremodo abatido, ando de luto o dia todo” (Sl 38:6). A tristeza e o sofrimento também podem abater nossas almas, o Salmo 42 nos traz essa verdade quando o salmista questiona a sua própria alma e remete o seu refúgio ao próprio Deus.

O olhar de Jesus para a mulher encurvada contemplou a sua carência. Ele restaurou a sua saúde física e espiritual. O que ela tentava há 18 anos, somente Jesus foi capaz de realizar. A mudança na vida desta mulher foi imediata, ela “endireitou-se” e teve, a partir daquele encontro com Jesus, uma nova vida. Diante do milagre, ela glorificou e louvou a Deus; enquanto alguns se levantaram contra Jesus após a libertação dela. 

Que a nossa caminhada cristã seja plena de fé e adoração ao único que tem poder para curar, salvar e libertar-nos do mal. 


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