Meu testemunho de conversão a Jesus Cristo
Eu me conheço muito pouco. Eu sempre pensei que soubesse bastante de mim mesma, que me compreendesse o suficiente para dizer minhas qualidades e meus defeitos. Mas, tenho percebido que isso não é verdade — eu me conheço muito pouco.
Eu tenho memórias claras da minha infância nas quais me vejo tentando agradar, mas ao mesmo tempo tentando que as coisas fossem sempre do meu jeito. Chame de espírito de liderança ou arrogância, eu sempre estive à frente, fosse das brincadeiras ou, posteriormente, dos trabalhos escolares. Eu sempre fui aquela que ficava responsável por tomar as rédeas do grupo e apontar-lhes o caminho.
Com a adolescência isso não mudou. Eu passei a usar essa capacidade de liderança para manipular as pessoas a fazerem o que eu queria e agia como se fosse dona dos meus amigos. Não é difícil de imaginar que isso me rendeu dificuldades de relacionamentos e, apesar de eu ter um grupo de amigos com quem podia contar, eu me lembro de ser muito maldosa com aqueles de fora, ao ponto de humilhá-los publicamente.
O orgulho sempre me puxou para si, como ondas bravias que me arrastavam de volta às profundezas do mar, mesmo quando eu tentava sair e respirar na praia. Ele está tão enraizado em mim que é difícil me lembrar de momentos em que ele não estava, que ele não manchou.
Um desses poucos momentos foi na minha conversão a Jesus Cristo. Era um sábado à noite, mas infelizmente eu não me recordo da data específica. Estávamos reunidos na igreja para o culto dos jovens e adolescentes, eu tinha 16 anos. Sendo alguém que cresceu na igreja, eu tinha uma noção do Evangelho, e já o tinha escutado repetidas vezes desde a infância. Mas, nunca aquela história repercutiu verdadeiro efeito na minha vida. Eu conhecia a Deus de falar, mas não o havia conhecido de forma pessoal, experimental. Mas, naquele sábado à noite Ele quis me chamar para Si.
Assistimos a um vídeo do YouTube, chamado “Pregação Chocante“, pregado por Paul Washer. Desde então eu nunca assisti a esse vídeo novamente, mas me lembro que ele pregava a um grupo de jovens, em algum tipo de conferência. Assim que ele iniciou sua fala, aquele grupo começou a bater palmas e gritar aleluias. Sério e visivelmente perturbado, Paul Washer disse com autoridade: “Por que vocês estão batendo palmas? Eu estou falando de vocês!”
Me vi naquele público. A partir daquele momento meu coração bateu mais rapidamente e eu senti que alguma coisa em mim estava se quebrando. A cada palavra que ele falava, mais meu coração afundava dentro de mim… Eu comecei a compreender o peso de quem eu era, de tudo o que eu fazia. Aquela história que ouvi tantas vezes, sobre pecados e sangue e cruz finalmente fazia sentido. Eu enxerguei a minha sujeira, e pude entender que não havia nada amável em mim. Que desespero se apossou da minha alma. Quanto mais ele falava, mais encurralada eu me sentia. Deus, se Tu és real, o que será de mim?
Quando o vídeo acabou e todos se colocaram de pé para cantar, eu saí e, no chão do banheiro da igreja, chorando, me entreguei nas mãos de Jesus. Reconheci que, por mim mesma, eu só tinha maldade. Eu humilhava as pessoas. Eu jogava água nelas, por maldade. Eu jogava fora seus lanches. Eu manipulava os sentimentos delas para alimentar meu próprio ego. Eu era completamente absorvida em mim mesma e nos meus desejos e na minha aparência. Jesus, que saída haveria para alguém como eu? Posso correr até Sua cruz? Há lugar para mim ali?
E havia. Já são nove anos de caminhada com Cristo. Nove anos desde que Ele me levantou do chão do banheiro para uma nova realidade.
Mas, nessa nova realidade eu ainda cometo tantos erros. Eu não jogo mais água nas pessoas, de forma literal, mas ainda me sinto superior a elas. Meu orgulho ainda é a lente pela qual eu vejo o mundo. Infelizmente eu vivo uma luta diária para colocar a Cruz na frente dos meus olhos.
Só que nessa nova realidade na qual vivo há nove anos existe algo diferente: redenção.
Deixa eu explicar melhor: antes daquele sábado à noite no banheiro, quando eu caía não tinha como levantar de novo. Eu caia e ali permanecia. Eu me martirizava às vezes, sabia que estava errada. Mas, não tinha renovo, não tinha recomeço, não tinha mudança. Era só culpa e vergonha que eu cobria com mais erros, que traziam mais culpa e vergonha. Era um ciclo sem fim.
Talvez você saiba exatamente do que eu estou falando. Talvez você esteja exatamente ali, caída, amarrada no ciclo sem fim.
Eu quero te mostrar uma saída. Uma forma de se desamarrar. De conhecer uma realidade na qual, quando caímos, um Ser perfeito nos acha, passa remédio nas nossas feridas, nos mostra que Ele morreu para que aquele erro pudesse ser apagado. Uma realidade na qual a culpa e a vergonha não pesam, porque a dívida daquele erro já foi paga, mas não por nós. Porque, afinal de contas, nós éramos os réus dessa história.
Existe uma realidade na qual a culpa e a vergonha não pesam, porque a dívida dos nossos erros já foi paga. Click To TweetA culpa foi paga por alguém inocente, que se voluntariou como oferta, e se colocou entre você e o Juiz. Quando a sentença estava para ser dada, e você seria jogada para sempre no desespero, esse voluntário disse, “Basta! Eu a amo. Quero trocar de lugar com ela.” O Juiz então colocou Sua ira sobre ele, e o fez sofrer, e morrer, no seu lugar.
É essa realidade que quero te mostrar aqui no Graça em Flor. Essa vida onde existe alguém que te ama a esse ponto.
Eu pensei que me conhecia bem, mas hoje eu vejo o quanto não me conheço. As profundezas da minha maldade são mais escuras e frias do eu jamais pensei (Rm. 3:9-12). Mas, minha dívida já foi paga (Hb. 10:10). Agora existe redenção diária, a cada nova manhã a bondade do meu Amado se renova sobre mim (Lm. 3:22-23).
Eu quero muito te ver do meu lado, podendo se colocar de pé nessa realidade, liberta do ciclo sem fim da culpa e da vergonha (Rm. 8:1).
Oro para que, ao final dessa leitura, esse seja o lugar onde você deseja estar.
Fica aqui meu testemunho sincero, na esperança que abençoe.
Francine Veríssimo Walsh
Se você gostaria de entender mais sobre a salvação em Cristo e o que significa o Evangelho, nós da Equipe Graça em Flor estamos abertas para conversar contigo nos comentários.
11 Comments
Oi Fran
Obrigada pela sua vulnerabilidade. É tão precioso ver alguém que ao invés de ocultar suas falhas e pecados, os admite. Assumindo que sem Jesus estariamos fadados a sermos seres altamente egoístas e egocêntricos. Que Deus continue a abençoar a sua vida e ministério e te faça crescer em graça, conhecimento e sabedoria nEle.
Oi Fran, me identifiquei com o seu testemunho em várias partes. Obrigada por compartilhá-lo, por se dedicar a esse espaço, por nos permitir conhecê-la e ter esse lugar no Graça para sermos edificadas. Mudei muitos hábitos ruins após conhecer esse blog, e tenho crescido e amadurecido no evangelho do nosso amado Jesus.
Forte abraço!!
Obrigada por compartilhar seu testemunho!!! Juntas florescendo em Cristo!!!
Como não chorar? meu Deus!
Eu me identifiquei, eu sempre vivi presa ao meu orgulho também. Eu só me importava comigo mesma, e quando eu pensava que estava me preocupando com alguém, fazendo algo por alguém, a verdade era que eu estava fazendo aquilo por mim, pelo meu orgulho. Eu nasci em um lar cristão também, minha mãe, pai e irmãs são cristãs. Mas eu não conhecia o Senhor, eu não o sentia e nem fazia nada por ele. Eu fazia devocionais as vezes, eu gostava, mas eu ainda não estava vivendo para Cristo. Eu começava a ler a bíblia, mas nunca terminava, porque eu nunca pedi a ajuda dEle para ler e para entender, e consequentemente achava aquilo uma leitura chata. As musicas que eu ouvia eram cristãs, porque são tão doces, e eu dizia, que os cantores cristãos ‘viviam o que cantavam’ e não ‘cantavam pra um amor terreno, mas para louvar alguém poderoso’, mas mesmo assim eu não conseguia conhecer a Cristo. Eu não me sentia bem em igrejas, eu achava os integrantes falsos, diziam que amavam a Deus, mas lá fora viviam por si mesmo, e para mim seus ensinamentos era hipócritas. Mas no inicio do ano passado, enquanto a minha vida estava repleta de mudança, sai de casa, para morar com a minha avó e irmãs mais velhas, depois de dias e meses estudando pela 3º para o vestibular. Enquanto eu estava lá, a minha irmã mais velha me mostrou o livro “Relacionamento a maneira de Deus”, e eu comecei a lê-lo e a ver o cuidado que Ele tem para com os seus. Logo, no início de 2017, eu fui para um culto de inicio de ano em uma igreja, e eu me apaixonei por ela, as pessoas eram tão amáveis, eu não via falsidade quando olhava para eles, e o pastor é tão adorável…logo, eu quis voltar mais vezes e quando me dei por mim eu já me integrava à ela e já tinha amigos. O pastor, entregou aqueles planos de leitura bíblica anual e eu estava completamente entusiasmada para começar a minha leitura e daí em diante…fiz tudo com entusiasmo, não fazendo mais por mim mesma, mas por Ele.Nesse mesmo ano, eu também fui para o meu primeiro retiro, eu não tinha dinheiro, mas Ele deu um jeito de me levar. Baixou o preço e tornou aquilo tudo perfeito, o lugar era lindo e tudo o que vivi lá estão guardados em um baú no meu coração de tão especial que foi.
Me rendi à Ele com 19 anos.
E desde então, tropeço várias vezes ainda também, mas sei que Ele vem e me levando e me segura com o seu braços fortes quando começo a escorregar entre seu dedos.
~ Beijo Fran! Você, também foi usada por Ele, para me trazer para mais perto dEle, porque enquanto eu estava lá na casa da minha vó sendo curada da minha ignorância e orgulho por Ele, a minha irmã mais velha me mostrou “21 Dias Com A Minha Amiga Ellizabeth” e foi ai que conheci o seu blog.
~Que o Senhor te abençoe cada vez mais.
Francine, meu testemunho de conversão é um pouco diferente, até me envergonho mas só passei a crer em Jesus e em Deus só depois de ter mexido com feitiçaria, eu estava escrevendo um livro quando fiz um tipo de feitiço com sangue desejando fama e dinheiro até que quando o livro estava quase pronto me arrependi e destrui o livro daí comecei ouvir vozes e ver luzes, fui atormentada por dias até que numa noite pus numa pregação e de repente essa parou e uma voz tranquila começou falar coisas pessoais minhas inclusive que eu tinha muitos pecados e que não entendia porque eu não respondia a eles, depois dessas manifestações metafísicas eu passei a seguir a Bíblia e a crer que Jesus é o filho de Deus
Francine, parabéns pelo seu testemunho inspirador. O mundo nos impele à competição, a não mostrarmos nossa vulnerabilidade, a buscarmos a satisfação dos nossos egos. Cristo, no entanto, nos convoca à simplicidade, retidão e humildade, e o poder de Deus se aperfeiçoa em nossas fraquezas. Deus a abençoe
Glória a Deus pelo seu testemunho !!!!
Obrigada eu me sinto exatamente assim, não cresci em uma família cristã, e sim em um lar desestruturado. Meu pai alcoolatra morreu cedo,eu com 6 e minha irmã c 10. Minha mãe sofria violência doméstica, ela fez o melhor q pode por nós, mas também bebia. Eu frequentava a igreja católica c minha tia,era do grupo de jovens. Tinha Jesus como alguém distante pendurado em uma cruz. Ao casar fui apresentada ao evangelho pela família do meu esposo, São cristão mas não são referência, são só religiosos.Meu esposo não é cristão. Me converti mas também N lembro a data.Estou caminhando, muitos altos e baixos, conheci a fé reformada e me encontrei nela. Mas ainda tenho muitas lutas e sinto que ainda não nasci de novo. Te conheci na conferência Maria N vai c as outras ,gostei de você logo de cara. Espero aprender muito com você. Deus te abençoe.
glória a Deus, Fran! obrigada por se permitir ser usada por Jesus, isso foi uma resposta de oração! obrigada pela sua vulnerabilidade 🤍 Jesus te abençoe
Thank you for your sharing. I am worried that I lack creative ideas. It is your article that makes me full of hope. Thank you. But, I have a question, can you help me?
Eu não sei como voltar para Cristo! Me perdi de vista e O perdi também, só porque um tanto de coisas na minha vida aconteceram completamente diferente do que eu esperava ou planejava (em especial meu parto e maternidade), acabei culpando Deus por tudo. Me envergonho! Mas sinto não ter forças pra voltar! Tenho 38 anos, casada, conheci Jesus e me batizei em 2010.