Meninas como Nós: Coreia do Norte
O ano é 2023 e eu preciso confessar que meu sangue ainda ferve todas as vezes em que eu vejo a mulher sendo menosprezada no trânsito. E não só isso, mas principalmente em ver o crescente número de abusos contra a mulher, a objetificação feminina e a desvalorização da mulher em diversos ambientes corporativos. Não é sobre defender uma bandeira ideológica — e se você conhece o Graça em Flor sabe que nossa única defesa é pela expansão do Evangelho, pela fé genuína em Cristo Jesus e pela valorização de todos que são “imago Dei”. Não precisamos vestir uma bandeira ideológica quando somos lavadas pelo sangue do Cordeiro e escolhemos viver como o próprio Cristo viveu.
Mas, o fato é que o amor por Deus e pelas pessoas que Deus ama nos leva ao inconformismo diante de injustiças como as que as mulheres vivem no Brasil e no mundo afora. Se meu sangue ferve com uma notícia de abuso nos transportes públicos, meu coração se dilacera ao saber que mulheres na Coreia do Norte são enviadas a campos de concentração caso tentem sair do país. Sim, infelizmente você leu certo. Campos de concentração. Em pleno ano de 2023. Prisões onde há data de entrada, mas a data de saída é sempre em óbito. Onde a fome é uma certeza de cada novo amanhecer e a violência inenarrável, especialmente com mulheres.
Enquanto aqui em São Paulo eu me incomodo com metrôs lotados e a possibilidade de ser encurralada por um homem desrespeitoso e cruel, na Coreia do Norte a realidade é mais intensa. Para você ter uma noção mais abrangente, existe um bloqueio nas linhas telefônicas para que os cidadãos não se comuniquem com pessoas de outros países. Para falar com alguém de fora é preciso adquirir um aparelho de celular vendido ilegalmente. Sim, meninas como nós estão proibidas de usar WhatsApp e aplicativos que favoreçam contatos, e pedidos de ajuda, internacionais.
Uma pesquisa rápida em sites de notícia como a BBC nos informa que deixar o país sem permissão do regime ditatorial de Kim Jong-un é ilegal e se configura como uma traição à pátria. Muitas pessoas arriscam a vida durante a fuga e seus familiares correm o risco de serem punidos, mesmo se ficarem. A Coreia do Sul oferece asilo seguro, mas para que um norte-coreano consiga ultrapassar a fronteira, precisa enfrentar a barreira militarizada e repleta de minas. Os desertores que seguem para o norte e tentam entrar na China tem mais chance de chegarem vivos, mas, ao serem descobertos como imigrantes ilegais, são enviados de volta. Uma vez que as autoridades norte-coreanas descobrem, estes são submetidos à tortura como punição.
Quando se tratam das mulheres norte-coreanas, há grande possibilidade de caírem nas mãos de traficantes sexuais, ou serem obrigadas a se casarem com homens chineses em troca de comida e sobrevivência. Se a mulher for cristã, a pena é ainda mais acentuada, para grande tristeza e desolação nossa. De acordo com o Ministério Portas Abertas, as autoridades direcionam meninas e mulheres cristãs a um dos maiores campos de trabalho forçado do país, onde há relatos graves de abuso sexual, intencionalmente para atingir a abordagem bíblica de pureza sexual. As cristãs repatriadas que voltam grávidas de homens chineses (muito provavelmente por terem sido vítimas de tráfico humano) podem enfrentar abortos forçados, uma vez que as autoridades buscam evitar que a linhagem norte-coreana seja “contaminada”.
Eu queria poder trazer uma boa notícia para acalentar seu coração possivelmente apertado e angustiado. Mas, infelizmente, a realidade dessas meninas é muito diferente da nossa. Não trazemos estas informações para que a culpa lhe consuma e paralise, pelo contrário. Que nossos olhos sejam abertos para a devastação que o pecado tem feito na humanidade. Que nossas orações sejam menos voltadas para nossos desejos, e mais para a expansão do Reino e liberdade dos cativos pelo poderoso amor do nosso Cristo.
Se você pode, contribua com o trabalho de missionários que ousam desbravar o mundo e acampar em terrenos hostis para propagar o Evangelho do Reino. Ore por eles e por suas famílias, ore para que as correntes de pecado e escravidão sejam quebradas e meninas como nós sejam libertas, física e espiritualmente.
E ore por sua vida, para que a luz de Cristo te ajude a alcançar mais meninas e mulheres como nós, que vivem realidades tão duras e difíceis, mas igualmente alcançáveis pela graça de Cristo.
Fontes:
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-46918539
https://www.bbc.com/portuguese/geral-51613707
Acesso em Abril de 2023
Esse post faz parte da nossa série de postagens de Abril com o tema “Meninas como Nós”. Para ler todos os posts clique AQUI.
1 Comment
Gostei dessa leitura. Parabéns amada irmã, por apresentar um pouco mais da realidade das mulheres do mundo afora