Maternidade Leve – A Identidade de Uma Mãe

O final do dia se aproxima e tudo o que vemos é uma pia cheia de louças daquele lanche antes de dormir e brinquedos que saíram do baú para o chão da cozinha. No caminho para o quarto, está de pé um mini-você com um pijama de foguetes dizendo que ouviu algo embaixo de sua cama e não consegue dormir. Nessa hora, seu sono e cansaço estão em um nível tão alto que você não consegue expressar uma única palavra de consolo e tudo o que faz é pegar seu filho em seus braços e levá-lo para cama com você. Com ele ali por perto você evitará ter que acordar no meio da madrugada caso o barulho, que você sabe ser inexistente, volte.

Antes de pegar no sono, todo o seu dia vem à sua mente e você começa a se arrepender de ter deixado a louça na pia porque amanhã, além da pilha de roupas para passar, você terá que lavar aqueles pratos e copos. Todos os prazos de entrega de seus projetos de seu trabalho para além do lar já se acabaram e você, mais uma vez, está indo dormir sem cumpri-los, porque, em vez disso, teve que apartar uma briga por causa de um desenho rasgado. Seu marido, que sempre te ajuda muito, também está atarefado com as preocupações externas e o trabalho pesado acaba sobrando mesmo para você. Assim, quando o sono chega, seu último pensamento é que seria bem melhor se você não tivesse com quem se preocupar tanto e que bom seria se você tivesse que cuidar só de você.

Querida irmã, você não precisa mais se sentir tão cansada e, por vezes, culpada assim. Deixe-me dizer o que (ou quem) tornou minha maternidade mais leve. Por muito tempo carreguei um peso enorme em minha vida como mãe que me fez sentir que estava falhando na missão. Durante muito tempo, aquele amor materno que eu via em fotos de revistas ou propagandas de televisão, não existia em minha vida. Eu me sentia como uma fêmea de algum animal que só tinha que alimentar o filho quando ele sentisse fome ou limpá-lo quando ele estivesse sujo. Por várias vezes me perguntei onde estaria a felicidade daquelas fotos e vídeos onde a mãe olhava para seu bebezinho sorridente com muito amor sem nenhuma olheira e de cabelos lavados.

Ouvindo relatos verdadeiros de amigas que já tinham passado por essa confusão na maternidade, onde tudo o que você sonhou para aquele momento parece que não vai acontecer, percebi que eu idealizava algo que não era a realidade. Eu estava vivendo uma vida que não era verdadeira. Tudo isso porque eu esqueci quem tinha o controle total da minha vida e queria vivê-la sozinha. Eu precisei que a Palavra de Deus me alertasse que eu estava vivendo de uma maneira que não era a de filha do único Deus. Eu estava longe daquele que é o Único que poderia me ajudar naquele momento. Deus não nos fez seres independentes. Seu plano nunca foi esse, e nosso erro é achar que temos algum tipo de independência.

Por alguns anos como mãe do Henrique, eu me esqueci do quão pecadora e necessitada da graça de Deus eu era. Foi aí que o fardo começou a ficar pesado demais para eu carregar a ponto de pensar que Deus tinha errado comigo e que aquela vida de mãe não era para mim. Vocês conseguem perceber onde estava meu erro? Eu achava que tudo o que eu precisava para ser uma boa mãe para meu filho estava em mim mesma. Eu me esqueci de me tornar dependente achando que, se a vontade de Deus foi me fazer engravidar e gerar uma vida, agora a bola estava comigo e eu deveria dar conta de fazer os gols e ganhar aquele jogo sozinha.

Se você, minha querida irmã, já se sentiu assim, ou se sente assim agora, deixe-me te dizer que para ser uma boa mãe você precisa primeiro ser uma boa filha de Deus. Isso implica em deixar sua maternidade no controle do Único que pode gerar a mudança necessária que sua vida precisa para se tornar a mãe que seu filho necessita. Você deve se olhar como quem olha em um espelho através da Palavra de Deus e ver o que está em seu coração. Quais são os pecados que te impedem de enxergar o quão necessitada da graça de Deus você é? Eu olhei para dentro do meu coração e enxerguei muita sujeira que precisava ser retirada dali imediatamente. Porém, uma sujeira estava mais grudada e encalacrada que as outras e foi bem difícil limpá-la: o desejo de querer controlar tudo.

Eu precisava ser resgatada de meus próprios pecados e ter humildade perante Deus para conseguir o alívio daquela carga pesada que só Deus poderia me dar. Nós, como cristãs, esquecemos muitas vezes que temos o melhor que existe, que é a presença de Deus em nossas vidas. Esquecemos da graça salvadora, perdoadora e transformadora de Deus. E é de uma transformação que necessitamos. Deus usa a maternidade, com seus desafios e fardos, para nos transformar gradativamente, a fim de que completemos a boa obra que Ele tem para nós.

Essa transformação só irá acontecer com a limpeza do nosso coração e arrependimento dos nossos pecados. Deixe-me lhe contar um segredo: é disso também que nossos filhos necessitam! Assim, nossa maternidade poderá se tornar leve. Isso mesmo, o amadurecimento espiritual que nossos filhos precisam é uma necessidade nossa também.

Precisamos ter sempre em mente que o pecado leva-nos à desobediência e que somente a graça libertadora de Deus nos tirará o fardo pesado da maternidade. Na prática, devemos nos lembrar de que ao deitarmos depois de um dia exaustivo, não estamos sozinhas, por mais que possamos nos sentir assim, apesar da cama cheia de crianças medrosas. Jesus está ali conosco e sussurra em nossos ouvidos que nosso Pai celeste nunca nos chamaria para algo tão grande como a maternidade se Ele mesmo não fosse a nossa única alternativa de ajuda. Isso acontece porque Jesus sabe de nossas fraquezas e, com um ato de graça imenso, enviou Seu Espírito para habitar  dentro de nós de maneira que pudéssemos exercer o nosso papel de mãe totalmente dependentes dele.

Termino este texto com um versículo que me encoraja muito a ser dependente de Deus em minha vida como mãe: “No temor do Senhor, tem o homem forte amparo, e isso é refúgio para os seus filhos” (Provérbios 14:26). Esse provérbio nos ensina a correr para Deus todas as vezes que achamos que não vamos conseguir ser a mãe que nossos filhos precisam. É somente através da graça de Deus que encontraremos ajuda e segurança. Não somente para nós, mas também para nossos filhos. A mãe que teme ao Senhor encontra alívio para ela e para seus amados filhos.


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