Justiça Impregnada de Graça Redentora (Sobre o Dilúvio)
Passadas dez gerações após a queda no Jardim, a humanidade já havia se corrompido completamente sobre a face da Terra. A maldade instaurada era fruto do pecado da desobediência aos preceitos e mandamentos de Deus. Tudo estava um caos, conforme a natureza essencial do pecado. Em Gênesis 6:5 vemos uma das referências mais vívidas na Bíblia sobre a depravação absoluta.
Deus então decide esmagar todos os seres viventes da Terra, assim como um oleiro faz com o barro que se arruína. Não há tolerância para Deus no que diz respeito ao pecado. Toda a Criação feita com amor e alegria seria destruída, não como um acidente, mas sim, num ato deliberado por Deus. O dilúvio envolveu terror, sofrimento e morte.
A mensagem do dilúvio nos mostra Deus como um justo juiz, mas também uma justiça impregnada de graça redentora. Gênesis capítulo 6 verso 8 diz: Porém, Noé encontrou favor aos olhos do Senhor. A palavra “porém” expressa graça e misericórdia, pois inverte o caminho, o direcionamento do texto diante de tudo o que Deus estava para fazer à humanidade. Havia uma esperança. Noé foi visto por Deus e sua vida justa evidenciava duas coisas: primeiro que Noé era justo porque antes disso a graça de Deus já havia operado em seu coração; segundo, Deus honra os seus filhos que são justos e íntegros. Ambas são verdades igualmente bíblicas.
E assim Noé, em obediência a Deus preparou a arca conforme tudo o que lhe havia ordenado e anunciava o juízo de Deus àquele povo. Porém, um século de pregação e ninguém, simplesmente ninguém se arrependeu. De toda aquela geração, apenas Noé era justo e Deus assim o considerou não porque as pessoas responderam à sua voz, mas porque Noé respondeu à voz de Deus.
E por causa disso podemos tirar quatro lições valiosas que nos ajudarão a sobreviver a imoralidade e impiedade de nossa geração: integridade é pureza em meio à imoralidade, é obediência em meio à zombaria, é paciência em meio à incerteza e é adoração em meio à dificuldade. Acompanhe comigo.
Imagine Noé com seus 500 anos construindo aquela arca imensa, e anunciando o juízo de Deus através de acontecimentos que não se viam (nunca na Terra havia chovido antes). Agora imagine uma geração, completamente corrompida, vivendo seus prazeres e suas paixões da forma como queriam, sem nenhum tipo de ordem, moralidade ou limites. No centro desse mundo corrupto e pecaminoso, Noé e sua família condenavam as demais pessoas. Noé estava disposto a seguir a vontade de Deus mesmo que isso significasse ir contra a correnteza de sua sociedade. Ele considerou a aprovação de Deus mais importante do que o aplauso dos homens. Sua pureza é reflexo de uma vida onde seus valores não são os mesmos valores do mundo e assim Noé dava testemunho verbal e de comportamento.
Não é difícil de imaginar também Noé sendo zombado pelos vizinhos, sua esposa vendo outras mulheres cochichando maldades a respeito do seu marido, seus filhos sendo ridicularizados pelos outros jovens. Mas eles estavam ali, firmes, ao lado de Noé porque criam como ele cria e compartilhavam de sua causa. Um homem ou mulher de integridade deve estar mais interessado em obedecer a voz de Deus do que a voz daquilo que os homens chamam de razão. Noé agiu de forma exata e precisa, bem como com perseverança nos propósitos de servir a Deus, mesmo em meio à constante zombaria.
A arca então foi terminada e você provavelmente já conhece bem o relato. Noé e sua família se preparam para embarcar. A essa altura um homem já idoso, com mãos calejadas estende o convite mais uma vez àquela geração incrédula, talvez dizendo “Vocês não estão entendendo? O julgamento está chegando. Vocês não ouviram? Matusalém morreu. Embarquem e sejam salvos!”. Contudo ninguém, a não ser eles, entram na arca. Noé e sua família levaram seus pertences pessoais, viram todos os animais já acomodados e adivinha o que acontece? Passa um, dois, três, sete dias e nada acontece. Deus já havia fechado a porta, mas nada de chuva. Noé provavelmente tenha ficado confuso e incerto, mas não há sinal de que ele tenha questionado a Deus. De toda forma, nenhuma nuvem no céu anunciava aquilo que Deus havia dito. E agora? Noé nos ensina que integridade crê em Deus mesmo quando parece ser ridículo. A verdade é que nós gostamos da integridade, desde que ela faça de nós pessoas respeitáveis. Noé, por outro lado, seguiu a integridade, mesmo quando ela foi sinônimo de incerteza. Temos que aprender e pedir a Deus que nos ajude a guardar Suas promessas com convicção e segurança tão quanto estivéssemos vendo com os nossos próprios olhos. Isso lhe soa conhecido? Sim, estou falando de fé. Noé foi um homem de grande paciência. E, em meio a incertezas, ele permaneceu sendo um homem de integridade e de fé.
Passado então o dilúvio, aos 27 dias do segundo mês, a terra estava seca. Deus disse a Noé para sair da arca juntamente com sua família e todos os animais. Noé então acenou com os braços ao céu e disse “Finalmente acabou! Senhor, nunca mais me coloque em algo assim novamente”. Certo? Errado! Vejamos Gênesis 8:20:
“Levantou Noé um altar ao Senhor e, tomando de animais limpos e de aves limpas, ofereceu holocaustos sobre o altar”.
A presença dos animais na arca tinha basicamente três objetivos: povoar, usar como sacrifícios e de alimentação para o homem. E assim, após sair da arca, a primeira coisa que Noé fez foi conduzir sua família em adoração. Mais de um ano flutuando numa arca, um ano de silêncio da parte de Deus, um ano de incertezas, de tremenda dificuldade e o que Noé faz? Ele adora a Deus. O Senhor responde à adoração de Noé no capítulo 9 estabelecendo uma aliança com a humanidade que muda algumas coisas na Terra, e que tem por sinal no céu o arco, elemento belo que todos nós, até hoje, amamos admirar.
Deus planejou continuar a Criação e Ele assim o fez. Toda a história prossegue e comprova que sua promessa de redenção e de vida eterna não foi esquecida. A chegada na terra prometida, o nascimento de Jesus – o descendente – e sua ressurreição evidenciam isso. Glória ao Deus eterno e imutável. Não que a aliança com Noé prometia as bençãos da vida eterna ou a comunhão espiritual com Deus, mas prometia que a Terra não mais seria destruída por um dilúvio, permitindo à humanidade se arrepender e se voltar para Deus, sendo isso favor imerecido.
Por fim e de forma ainda mais bela, a história do dilúvio nos aponta para Jesus, pois a arca é uma evidência maravilhosa da salvação em Cristo. Deus, não o homem, projetou a arca de forma simples e profunda. Lendo o texto vemos que o método divino de salvação do dilúvio era estar nela, dentro da arca. E assim, partindo dessa perspectiva, hoje, qual o método de salvação? Conforme lemos em Romanos 8:1, não existe mais condenação para os que estão em Cristo Jesus. Além disso, na arca só havia uma porta. Jesus disse posteriormente em João 10:9: Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, será salvo;
Minha querida, as ondas fortes e toda aquela água obedeciam ao Deus soberano. A imensidão de água sobre a Terra nos revela o quanto precisamos buscar a humildade diante da grandeza de Deus. O dilúvio nos lembra que todos nós precisamos morrer, mas louvado seja Deus que amou o mundo de tal maneira, que deu seu Filho Unigênito para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha vida eterna (Jo 3:16). A cruz do calvário, assim como o propósito do dilúvio, nos purifica, nos reveste de nova vida e nos dá gratuitamente a esperança de uma vida eternamente ao lado de Deus.
É possível ser um indivíduo de integridade em meio a nossa geração pervertida e corrupta, assim como Noé foi. No entanto, você precisará buscar de perto o Senhor Jesus Cristo como um bom discípulo, o amando acima de tudo, inclusive da sua própria vida.
Esse post faz parte da nossa série de postagens de Novembro com o tema “Gênesis”. Para ler todos os posts clique AQUI.
5 Comments
Amém!!! Que possamos estar bem abrigadas em Cristo, nossa arca, mesmo quando as tempestades da vida nos assombrarem, sabendo que elas obedecem à voz do nosso bendito Salvador. Glória a Deus!
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