Febe – Altruísmo radiante

Da nossa lista de mulheres desconhecidas para os textos do mês de Março no Graça em Flor, Febe é a representante das mulheres do Novo Testamento, uma mulher que refletiu brilhantemente as características de uma seguidora de Jesus. Com certeza, Febe foi como uma luz neste mundo posta em um lugar apropriado para iluminar a todos (cf. Mt 5.15).

A propósito, o nome Febe que vem do grego comum, Phoibe, significa “radiante”, “brilhante”, ela é citada pelo Apóstolo Paulo ao final da Carta aos Romanos como “nossa irmã Febe” que servia a Igreja de Cristo em Cencréia, um porto localizado cerca de 10 quilômetros a leste de Corinto. Ela encabeça a lista de saudações do Apóstolo, mas como recomendação, pois ela era a portadora da carta destinada aos cristãos de Roma, ou seja, Febe foi designada a carregar o futuro da teologia cristã e entregá-lo à Igreja.

Segundo a historiadora Rute Salviano, em seu livro Vozes femininas no início do cristianismo, desde o início do cristianismo, as mulheres tiveram uma participação marcante no ministério de Jesus: 

“Elas o acolheram, como Maria e Marta; conversaram com ele, como a samaritana; o ungiram com óleo como a pecadora; o serviram com seus bens; seguiram-no até a cruz e foram testemunhas de sua ressurreição. Nas missões narradas pelo livro de Atos e pelas epístolas paulinas, elas afadigaram-se no Senhor, de cidade em cidade (…). Sem dúvida, o trabalho das mulheres nas primeiras comunidades cristãs e seu testemunho de fé nas perseguições manteve-se vivo na memória cristã.”   

O cristianismo, no início, foi uma religião de mulheres; primeiro, porque elas eram a maioria dos membros, o que possibilitou receber muitas crianças nas igrejas, e segundo, porque o Evangelho trazia igualdade entre as classes sociais promovendo assistência aos pobres, desamparados e enfermos. A atuação de Febe na Igreja se dava por meio do serviço, isto é, ela exercia o diaconato, do grego diakonon, e provavelmente foi uma mulher viúva e de posses, já que foi dito dela que era uma protetora inclusive do próprio apóstolo Paulo.

Há certa discussão sobre se ela teve de fato um título oficial, de posição eclesiástica, como diaconisa, uma vez que os regulamentos contidos em 1 Timóteo 3.11 e Tito 2.3-5 fazem referência à conduta das mulheres que deve ser observada para a referida função. Porém, outros estudiosos afirmam que o termo diakonos, usado na passagem de Romanos 16.1, tem tradução mais geral não podendo ser equiparado ao cargo eclesiático de diácono. Todavia a dignidade e honra de Febe estavam em servir à Igreja de seu Mestre, maior era seu trabalho em prol do Reino do que um título oficial, sua condição social ou seus bens.

Em apenas dois versículos, a Bíblia nos mostra que, em tudo, Febe viveu de forma a refletir a Vida que crescia nela: ela foi irmã de todos, foi serva dedicada, foi a auxiliadora que proveu proteção a muitos, fosse com seus bens ou com seu trabalho, e pelos méritos de seu Redentor, Jesus Cristo, ela foi recebida em dignidade e honra no meio do povo santo (cf. Rm 16.1-2).

O altruísmo de Febe irradia a lembrança de que nossa feminilidade redimida em Cristo reafirma nossa função original de auxiliadoras a ser exercida em humildade para nossa família, nossos amigos, em nosso trabalho (no lar ou fora dele), em nossa comunidade cristã e nos chama a refletir a posição tão digna e honrada de servas, pois em um mundo onde o amor se esfria e o egocentrismo é acentuado, os dias se tornam cada vez mais trabalhosos e sombrios; mas mesmo nessas circunstâncias o trabalho para o Reino, em todos os âmbitos da nossa vida, não pode parar.

Querida irmã, precisamos de servas nas searas de Cristo. Nosso amado Senhor Jesus não veio para ser servido, mas para servir. O Filho do Homem veio para dar sua vida por amor de muitos, e é no amor dele que o altruísmo de Febe teve sua fonte e por isso seu trabalho para a Igreja e pelo Evangelho é memorável. Mesmo em um contexto de perseguição, ela teve coragem e confiança no Senhor da seara para acolher, cuidar, alimentar, vestir, amparar, consolar e até mesmo viajar levando nas dobras de seu manto a Palavra de Deus.

Por isso mesmo, o altruísmo radiante de Febe é posto no lugar apropriado, registrado na Palavra de Deus, para que forneça luz para as demais gerações da igreja e, assim, possamos seguir os passos de Cristo no exemplo daquela que foi mencionada como a primeira mulher a exercer o diaconato, não necessariamente como uma posição eclesiástica, mas pelo chamado à vocação de servir em fidelidade e abnegação àqueles que precisavam ser iluminados e envolvidos no amor de Deus através da vida de nossa irmã Febe.    


Esse post faz parte da nossa série de postagens de Março com o tema “Mulheres Desconhecidas da Bíblia”. Para ler todos os posts clique AQUI.