Entrevista com missionária – Gabriela (Amazônia) 

Nas últimas semanas tivemos por tema geral Missões. Como tem sido precioso e encorajador aprender um pouco mais sobre as diversas formas de espalhar o Evangelho de Jesus Cristo! Hoje traremos uma entrevista com uma jovem missionária, a querida Gabi, uma irmã que serve ao Senhor no coração da Floresta Amazônica. 

Pega o seu café ou chá e puxa uma cadeira pra conversarmos um pouco com a Gabi. Vamos lá? 

Graça em Flor: Pra gente começar, Gabi, fala um pouquinho sobre você. De onde você é, quando foi sua conversão?   

Gabriela: Me chamo Gabriela Cristina, tenho 28 anos e sou de Serrana, cidade no interior de São Paulo. Falar sobre nós mesmos, nem sempre é fácil né? Mas, eu sou uma pessoa muito família, extrovertida, amo crianças e servir! Acredito que seria um bom resumo (risos). Não nasci em um lar cristão, meus pais ainda não fizeram uma decisão com Cristo, mas eu tive o privilégio de, aos 18 anos, ouvir a palavra de Deus e confiar nele como Senhor e Salvador da minha vida. Desde 2012, sou membro da Igreja Batista Independente em Serrana, onde aprendi a amar missões e onde servi ao Senhor por 10 anos. Há 4 meses, estou namorando Mateus e ele está se preparando para servir entre os povos não alcançados no CTMS (Centro de Treinamento Missionário Shekinah). Temos orado por planos futuros e, se Deus permitir, queremos servir aqui entre os indígenas no Norte do país.

GF: Como foi o chamado para dedicar-se ao reino como missionária em tempo integral?

G: Eu esperava que algo extraordinário acontecesse para que eu pudesse entender que Deus estava me chamando. Mas, em 2014, assisti a uma peça que era baseada em fatos reais, chamada O Clamor de Batum. E foi assistindo a ela que fui desafiada para o serviço do Senhor. Essa peça, em resumo, fala sobre indígenas que queriam ouvir sobre o Senhor Jesus e não tinha quem fosse falar e ensiná-los. Eles mostravam gravetos e, em prantos, diziam nomes dos seus parentes que morreriam e iriam para o inferno se não conhecessem a Jesus Cristo. Me lembrei dos meus e de tantos outros que eu conhecia e estavam na mesma condição e, ali, eu orei ao Senhor, entregando a minha vida para ser aquela pessoa que se prepararia e o serviria, onde ele mandasse. Parafraseando Sophia Muller: “Eu não tive um chamado, eu entendi a necessidade e obedeci”.

GF: Quanto ao campo missionário em que você está servindo, como foi o direcionamento do Senhor para este lugar específico?

G: Por mais que eu tenha sido desafiada para servir através de uma peça transcultural, fui para o seminário com a intenção de aprender mais do Senhor e servir como apoio em alguma Igreja. Foi quando, no último ano, aprendendo sobre missões transculturais e a necessidade de pessoas entre os povos não alcançados, eu comecei a orar por este ministério.

Então, um ano depois, Deus abriu as portas e fui para o CTMS, aprender as ferramentas para servir em um contexto transcultural; foi no treinamento, através de uma matéria onde vivemos a realidade de uma aldeia, que comecei a orar de forma específica. Orei por duas aldeias que estavam precisando de obreiros.

Eu nunca quis escolher um campo, um lugar que fosse agradável aos meus olhos, mas, sim, ter a certeza de estar no lugar que Deus queria me usar e fazer ali a sua vontade.

Durante o treinamento, li uma carta que um dos indígenas aqui da aldeia havia escrito e,  nela, ele pedia por mais missionários; eles queriam aprender do Senhor e aqui tinha apenas uma família pregando o Evangelho. Foi a forma que entendi que deveria servir entre esse povo.

GF: Como foi a experiência de preparação para servir aos povos indígenas na Amazônia?

G: A preparação para estar aqui foi essencial. Para ensinar sobre o Senhor eu precisava primeiro conhecê-lo, então no seminário foi onde pude aprender de forma mais profunda sobre as Escrituras; foram três anos especiais! E, para servir em uma cultura, local e língua diferente, estudei por um ano e meio no centro de treinamento da Missão Novas Tribos. Hoje, estando aqui, posso dizer o quanto é necessário se preparar para  servir de forma transcultural.

Todas as ferramentas que aprendi no curso, hoje tenho colocado em prática. Chegar em um contexto isolado, monolíngue e cultura totalmente diferente da minha, sem as ferramentas que aprendi no curso, dificultaria muito! Acredito que existiria a possibilidade de pisar aqui e voltar pra casa. Com as ferramentas, eu sei a direção que devo seguir e de como conseguir chegar ao objetivo de criar relacionamentos, destruindo as barreiras linguísticas e culturais, e de falar sobre as Boas Novas de Cristo, de uma forma entendível ao povo.

GF: Quais foram seus maiores receios quando recebeu do Senhor o direcionamento para servir aos povos indígenas, Gabi? 

G: Eu costumo brincar que sou a pessoa mais improvável de Deus usar no campo transcultural, pelas limitações que eu tenho ou algumas que eu acreditava ter. Meus receios eram do escuro da floresta, dos animais, das comidas diferentes e cheguei a pensar que o meu eu poderia atrapalhar que Deus usasse a minha vida aqui.

Mas, o verso em 2 Coríntios 2:10: “Porque, quando estou fraco, então, sou forte“  sempre me encorajava a confiar no Senhor, sabendo que ele seria glorificado nas minhas limitações. Que ele me capacitaria pra estar aqui, e a glória seria dele e não minha, quando eu estivesse fazendo aquilo que eu achava difícil ou até mesmo impossível fazer.

Tenho vivido isso neste primeiro mês de aldeia! Feito e vivido coisas que, por mim mesma, não acreditava ser possível e Deus tem sido glorificado, porque tem sido por meio dele que tudo tem acontecido. 

Estar longe da família, em especial sem contato, era uma das coisas que me preocupava. E Deus, em sua infinita bondade, permitiu que tivéssemos internet aqui na aldeia, então já cheguei aqui com acesso e tenho conseguido contato com eles, o que diminui a preocupação de ambos os lados.

GF: Conta um pouquinho pra gente como é a realidade da comunidade em que você está servindo como missionária?

G: A aldeia fica na floresta amazônica, a aproximadamente 2 horas de voo de Boa Vista, Roraima. São 200 moradores e a língua falada é a Xiriana. Alguns falam poucas palavras em Português, então aqui é considerado monolíngue. A recepção com os missionários é ótima e eles cuidam muito bem de nós aqui.

O animismo é predominante e eles temem a diversos espíritos. Aqui já existem indígenas salvos, temos uma igreja e porções da Palavra de Deus traduzidas na língua.

Um dos indígenas lê as porções já traduzidas quando nos reunimos às quartas e domingos à noite. Eles precisam ser discipulados e nós queremos poder chegar à proficiência da língua e cultura para poder ensiná-los de forma entendível, e capacitar líderes indígenas, para que eles possam alcançar outros.

GF: Como podemos orar por você e dar suporte ao seu ministério? 

G:Um dos suportes, seria a oração. É tão especial ter parceiros de oração! 

Orem comigo pelo aprendizado da língua e da cultura, pela salvação dos indígenas, pelo meu namoro (estou namorando há 4 meses e pretendemos, Deus assim permitindo, casar e continuar servindo aqui), que meus familiares conheçam a Cristo como Senhor e Salvador de suas vidas, por nossa equipe (somos 6 adultos e 7 crianças), nossa vida espiritual, física e emocional.

E um pedido muito especial: que Deus seja glorificado na minha vida. Eu quero muito poder ser usada por Deus e ser benção aos que Ele permitir estar em minha vida.

GF: Gabi, quais conselhos você daria às leitoras que têm o chamado para servirem como missionárias em tempo integral?

G: Minhas queridas irmãs, se o Senhor tem te chamado para fazer parte dessa obra tão especial, não hesite! Ele nunca vai nos levar onde sua graça não vai junto.

O meu conselho é: faça sempre a próxima coisa! Foi assim comigo. Deus não me mostrou seu plano de forma completa de uma vez, eu fui caminhando à luz do que Ele me mostrava e hoje posso dizer que estou onde ele queria que estivesse. E, para as irmãs que ainda não sabem onde irão servir, comece em sua igreja local, confiando que Deus vai mostrar os próximos passos.


Adicione a Gabi em sua lista de oração e vamos juntas orar pela salvação dos povos indígenas. Que o Senhor abençoe a Gabi e os outros missionários que estão nos campos e que sejamos despertados a encorajá-los e dar-lhes suporte em oração! 


Esse post faz parte da nossa série de postagens de Agosto com o tema “Missões”. Para ler todos os posts clique AQUI.