Egolatria e medo de rejeição

O que é a egolatria? Egolatria é a idolatria do ego, ou seja, é a adoração de si mesma. Uma pessoa ególatra é uma pessoa que tem uma imagem elevada de si.

Tendemos a associar a egolatria com uma autoestima elevada unicamente no sentido de se amar demais de forma positiva, alguém que positivamente considera a si mesmo de forma demasiada, que se ama demais e que só pensa em si mesmo, e embora isso seja verdade, não é esse todo o conceito, a egolatria tem várias facetas e essa é apenas uma delas.

Egolatria não é apenas pensar em si mesmo de forma elevada neste sentido. É na verdade pensar em si mesmo de forma demasiada, seja tanto pela elevação do ego ou pela autopiedade, comiseração.

Quando não adoramos a Deus, fazemos outros ídolos em nosso coração, e é muito provável que por vezes nós mesmos sejamos esse ídolo. Quando a verdade de Deus é abandonada pela mentira, então vira idolatria:

“Porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato. Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis. Por isso, Deus entregou tais homens à imundícia, pelas concupiscências de seu próprio coração, para desonrarem o seu corpo entre si; pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do Criador, o qual é bendito eternamente. Amém!” Romanos 1.21-25 (ARA)

O pecado da autoestima elevada nos leva a egolatria, nos colocando no centro de todas as coisas e nos fazendo pensar que o mundo nos deve algo.

Mas, o que isso tem a ver com rejeição?

Querida irmã, se você é como eu, também tende a se chatear facilmente quando fica de fora de alguma coisa, e mais, tende também a pensar ter o direito de se chatear.

Uma notícia importante e eu não fui escolhida para saber? Chateação. Um evento, casamento, aniversário, seja lá o que for, e eu não fui chamada? Chateação na certa. Pessoas queridas reunidas e eu sequer fui lembrada? Chateação total.

Acontece que o medo da rejeição e o desejo de aprovação estão intimamente relacionados com a egolatria. Nos chateamos por pensarmos em nós mais do que deveríamos. O sentimento de rejeição muitas vezes é um sentimento ególatra. A necessidade de aceitação é idolatria disfarçada. Eu estimo demais a forma como o outro me vê e preciso a todo custo estar presente em todos os momentos e acontecimentos, e ser querida e aceita por todos.

Sentir pena de si mesma, ou seja, a autocomiseração é também uma forma de idolatria do ego. É o orgulho ferido que nos leva a pensar que as pessoas devem nos colocar também no centro da vida delas, e quando isso não acontece, sentimo-nos feridas.

Será que realmente queríamos ter sido convidadas ou noticiadas sobre algo para nos alegrarmos junto ou simplesmente pelo desejo de ser lembrada por alguém?

Buscar nas pessoas o que elas não têm obrigação de nos dar é construir relacionamentos falsos e doentios, firmados sempre em nossas necessidades egoístas e nunca em consideração aos sentimentos do outro. O mundo não nos deve nada e as pessoas menos ainda. Embora isso seja duro, mais duro ainda é viver esperando que os outros vivam pelas nossas necessidades afetivas. Mais duro ainda é trazer o outro para o nosso abismo de pecado e idolatria e fadar todos os nossos relacionamentos ao fracasso.

O Evangelho e a adoração certa

Querida amiga, precisamos ter a adoração centrada na Pessoa certa, e essa pessoa não pode ser nós mesmas. Enquanto nosso coração não adorar ao Senhor totalmente, buscará em outras coisas preencher o espaço vazio. Mas o espaço vazio que há em nós é exatamente do tamanho do nosso Senhor: somente Ele nos preenche e nos satisfaz por completo.

O que Jesus nos diz sobre o eu? Negue-o. Precisamos diariamente negar a nós mesmas, nossos desejos e nosso orgulho. Precisamos olhar constantemente para Cristo e imitá-Lo em tudo quanto pudermos.

Temos adoecido nossos relacionamentos não pelo fato de o outro não agir como esperamos, mas por pensarmos sobre nós além do que deveríamos. O Senhor nos diz em Sua Palavra que não devemos pensar sobre nós de forma exagerada e nem de forma inferiorizada, ambas são formas de idolatria. Devemos pensar sobre nós de forma moderada, não além do que convém, afinal, nenhum de nós vive para si mesmo. Nós vivemos para o Senhor, e isso quer dizer que vivemos para adorá-Lo em tudo, sempre, todos os dias e em todos os momentos. Vivemos para negar nosso eu e fazer Sua vontade.

É de extrema urgência começarmos a nos alegrar com a alegria dos nossos irmãos, ainda que isso não nos envolva. Mas é somente com o coração no lugar certo que isso se torna possível. Não consigo imaginar nosso Senhor chateado com alguém por não ter sido lembrado. Se assim fosse, para nós não haveria salvação. Nós rejeitamos e esquecemos da melhor Pessoa que já existiu e ainda assim Ele continuou a nos amar e nos acolher.

Sendo a idolatria uma forma distorcida e falsificada do amor, a forma de vencer a idolatria é conhecendo a verdade de Deus. Colocando Deus em Seu lugar: no trono, no governo da nossa vida, do nosso coração, do nosso pensamento e das nossas atitudes.

Fazemos isso em oração, confessando nosso pecado ególatra e clamando para que o Senhor desvende nossos olhos para sempre identificarmos nossos pecados e confessarmos à Ele. Temos Sua promessa de perdão ao pecado confessado. Devemos confiar e nos agarrar nesta promessa. Fazemos isso quando conhecemos a verdade de Deus, quando nos empenhamos e nos dedicamos a conhecer o Evangelho, a conhecer toda a Escritura. Fazer essas coisas nos levará a conhecer e amar a Deus acima de todas as coisas. Mas isso leva tempo, querida irmã. Não destronamos de um dia para o outro um ídolo que estamos adorando há tempos.

Somente Cristo, pelo poder de Sua Palavra pode mudar o nosso coração. Cristo é o nosso manancial de águas vivas, é nosso tesouro e nossa alegria, é Ele o nosso Amado e a quem a nossa alma deve ansiar e adorar acima de todas as coisas. Ele é a água que sacia, o pão que alimenta e a luz que dissipa as mais densas trevas de nosso coração orgulhoso.

Conhecer a Cristo nos livra dessa vida miserável de vivermos no centro de tudo. Conhecer a Cristo nos conduz a reconhecer e viver nossa identidade de filhas do Deus vivo. É Jesus quem nos alivia do pesado fardo de estarmos no centro de todas as coisas. É Ele quem nos dá a leveza de vivermos para adorá-Lo e confiar somente Nele para nossa salvação e santificação.

Confiar na promessa de vida eterna, amor leal e segurança nos dá uma vida plena de adoração ao Senhor. Confiar que por Ele já somos aceitas e amadas nos livra do desejo de sermos aceitas e amadas pelas pessoas. Negar nosso eu e deixar de querer ocupar um lugar que é de Deus nos faz livres para viver somente para amá-Lo e servi-Lo, amar e servir a Seus outros filhos. Nossa segurança vem somente do Senhor que nos sustenta, e não da aprovação de ninguém.

O amor exacerbado por nós mesmas nunca nos saciará. O amor a Deus nos sacia. Não me esqueço jamais do dia em que ouvi que, “A adoração tem formato da cruz. Da cruz de Cristo.”
Precisamos aprender com Ele sobre o verdadeiro amor. Ser como Ele é. Agir como Ele age. Adorar a pessoa certa lança fora o medo de ser rejeitada e joga para longe a necessidade de ser aceita: Ele já me aceitou. Louvado seja Deus.

Em Cristo,

Bella