É pecado uma cristã fazer cirurgia plástica? (Graça Responde #14)

É pecado uma cristã fazer cirurgia plástica (rinoplastia) apenas por questão estética?

1.472.435 foi o número de cirurgias plásticas estéticas ou reparadoras registradas pela SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgias Plásticas) no ano de 2016. Deste número, 97 mil foram feitas em adolescentes. O Brasil está na liderança de cirurgias estéticas em adolescentes não somente com cirurgias reparadoras, mas principalmente estética! Sim, a maioria das cirurgias feitas em adolescentes são rinoplastia e aumento dos seios. Os médicos entrevistados que também contribuíram com esses dados, relataram que na entrevista que precede a cirurgia, as adolescentes informam que a motivação vem de “inspirações” de atrizes famosas e celebridades de internet (muitas vezes levam fotos dessas “inspirações” para que o resultado fique o mais parecido possível). A outra parte desses adolescentes que fazem cirurgias, sofreram bullying e fazem cirurgias reparatórias nos seios, orelhas, gengivas etc, em uma tentativa desesperada de ser aceito e/ou acabar com o sofrimento e humilhação diários que sofrem. 

Essa é uma das questões que a Bíblia não fala diretamente sobre, já que os autores bíblicos estavam limitados ao conhecimento daquela época. Mas ela nos fala sobre alguns princípios que podemos sim relacionar diretamente com esta pergunta. A Bíblia é muito clara quando fala, por exemplo, de vaidade, sobre cuidarmos mais do exterior do que interior, sobre a superficialidade do uso do nosso dinheiro, assim como as reais motivações do nosso coração, ou seja: qual o nosso propósito em fazer ou não fazer isto ou aquilo? De uma coisa sabemos: nosso foco não é o exterior! (Isso não quer dizer que não devemos nos cuidar e nos arrumar, mas também não significa que precisamos buscar incansavelmente pela fonte da juventude com medo ou receio do envelhecimento). Para facilitar nossa compreensão, dividi alguns desses argumentos em 4 aspectos observáveis que você deve analisar antes de cogitar fazer uma cirurgia plástica.

É seguro?

Toda e qualquer cirurgia envolve riscos. Fazer alterações no corpo definitivamente não é algo natural e pode sim ter efeitos indesejados tanto físicos, como emocionais. É muito comum que uma certa porcentagem dos pacientes que fazem cirurgia, retornarem ao consultório para refazer ou “retocar” alguma coisa que não ficou como o desejado, além dos casos em que o procedimento tem falhas graves que podem gerar outras complicações de saúde. (Não, meu intuito não é assustar ninguém, mas sim mostrar as possibilidades que existem para que ao cogitar fazer uma cirurgia, você possa ponderar de forma racional). Dito isso, gostaria de falar um pouco sobre os efeitos emocionais: nós, enquanto seres humanos, criamos expectativas com muita facilidade. Quando a real motivação é a busca pelo corpo perfeito ou se parecer mais com outra pessoa e esse resultado não é atingido através da cirurgia, toda a expectativa criada mentalmente é frustrada, o que traz mais tristeza e infelicidade. Será mesmo que compensa me submeter a um procedimento estético, colocar o meu corpo que é templo do Espírito Santo em risco, simplesmente para satisfazer um desejo carnal de “me sentir melhor” ou me parecer com alguém, em nome da vaidade? Lembremos:

 “Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus.” – I Coríntios 6:19-20

Isso nos leva aos pontos 2 e 3:

Estou buscando aceitação (dos outros e de mim mesmo)?

A teologia do amor próprio ganhou muita força nos últimos tempos com a ascensão dos “teólogos coaching” e falsos profetas com pregações humanistas cheias do homem, mas vazias de Deus. É sim importante cuidarmos de nós mesmos, já que nosso corpo é o templo do Espírito. Mas essa busca desenfreada por amor próprio e aceitação dos que estão ao nosso redor, não é saudável e muito menos bíblica. A palavra é muito clara em dizer que onde nosso amor deve estar focado:

“Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento.” – Marcos 12:30

Cristo morreu por nós, entregou sua vida, pagou um alto preço com algo que seria impossível mensurarmos o real valor: seu sangue puro! Ele te ama assim como você é! Não precisamos de autoaceitação e muito menos da aceitação dos outros ao nosso redor. O vazio emocional que você sente jamais será preenchido com amor próprio, aceitação de outras pessoas e muito menos cirurgias plásticas. Seu coração só será preenchido de verdade, quando estiver cheio do amor e graça de Deus.  Não dá para basear nosso bem-estar na beleza. Se perceber que está buscando na cirurgia plástica a solução para sua depressão e baixa autoestima, pare! Seu coração precisa com urgência de um cuidado interior, e você só poderá consegui-lo em Cristo Jesus!

“Porque o Senhor não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração”. 1 Samuel 16:7

Qual a minha real motivação?

Fazer uma cirurgia em si não é pecado. Mas a motivação que me leva a desejar fazê-la pode ser. Paulo nos diz em I Coríntios 10:23:

“Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam.”

A Bíblia não dirá explicitamente a você: “Não deverás fazer cirurgias plásticas”, mas ela dirá sobre vaidade, beleza, modéstia, malícia, idolatria e o modo como se portar. Se sua real intenção é tornar-se uma mulher mais sexy, chamar atenção de outras pessoas, parecer-se com alguém, mudar seu corpo porque você o odeia, ou qualquer outro motivo vão, sim, você estará pecando. Olhe para dentro de si mesma, olhe para as intenções reais do seu coração, veja se é puro, justo e amável, se representa a conduta de uma mulher cristã, veja se suas intenções refletem os conselhos e ordenanças que a Bíblia nos dá. 

O enfeite delas não seja o exterior, no frisado dos cabelos, no uso de jóias de ouro, na compostura dos vestidos; Mas o homem encoberto no coração; no incorruptível traje de um espírito manso e quieto, que é precioso diante de Deus.” – 1 Pedro 3:3,4

“Enganosa é a beleza e vã a formosura, mas a mulher que teme ao Senhor, essa sim será louvada.” – Provérbios 31:30

“Que do mesmo modo as mulheres se ataviem em traje honesto, com pudor e modéstia, não com tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos preciosos, mas (como convém a mulheres que fazem profissão de servir a Deus) com boas obras.” – 1 Timóteo 2:9,10

Creio que Deus me ama assim como sou?

Deus criou cada um de nós, seres únicos, com suas peculiaridades. É incrível pensar na diversidade de diferenças existentes nos seres humanos. Davi, em Salmos 139, escreve uma oração pessoal em forma de poesia, meditando sobre os atributos de Deus, que contrasta a sua grandeza com a pequenez do homem. No versículo 14, ele diz:

“Eu te louvarei, porque de um modo assombroso, e tão maravilhoso fui feito; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem.”

Deus, em sua onisciência criou uma infinidade de cores, formas, texturas, ângulos e linhas na natureza. Criou o homem cuidadosamente. Já sabia da sua existência antes mesmo de você nascer. Acima disso, mandou o único filho para morrer por nós (“Ele morreu por todos para que aqueles que vivem já não vivam mais para si mesmos, mas para Aquele que por eles morreu e ressuscitou.” – II Coríntios 5:15). Ele te ama assim como você é. Nada mais além disso importa. Ele te criou exatamente como deveria ser. Nada a mais, nada a menos. Tudo na medida exata. Se esse amor e essa graça não transbordam o seu coração de amor, alegria e gratidão, nada o fará. Nenhum procedimento, nenhuma maquiagem, nenhum cabelo arrumado te dará isso. Davi disse que as obras de Deus eram MARAVILHOSAS e a alma dele sabia disso, e isso o alegrava. 

Por fim, antes de realizar qualquer procedimento estético (qualquer um mesmo, não somente cirurgias), seja sincera e avalie suas reais intenções com isso. Sabemos que em alguns casos há necessidades de cirurgias reparatórias, mas exceto esses casos, avalie suas intenções, coloque diante de Deus, converse com sua família, esposo, líderes espirituais e outras mulheres que já realizaram procedimentos semelhantes. Conheço algumas pessoas que fizeram e se arrependeram profundamente por terem surgido complicações, porquê o vazio que sentia não se foi ou porque percebeu que não havia uma necessidade real. 

Quero aqui compartilhar algo pessoal: por muito tempo me senti incomodada em relação ao meu corpo. Por vezes cogitei fazer rinoplastia por achar que meu nariz é desproporcional ao meu rosto e por sofrer diversas vezes na época do colégio por isso. em outro momento da minha vida, juntei dinheiro para fazer cirurgia nos seios. Queria desesperadamente fazer a cirurgia antes de me casar para que o meu marido gostasse mais de mim (que loucura!!!!). No final das contas, tudo culminou para que eu não fizesse nem uma, nem outra. Sou grata a Deus pelo corpo físico que me deu, e hoje, quando fazem piada sobre meu nariz, eu entro na brincadeira, e caso seja inadequada, digo que não gostei. Meu marido me ama independentemente da quantidade de curvas que tenho no meu corpo e hoje, damos graças a Deus juntos por eu nunca ter realizado uma cirurgia!

Não, fazer cirurgia plástica não é pecado! Se você, querida irmã, já fez algum dia mesmo que pelos motivos errados, converse com Deus e não se sinta culpada. Se você querida irmã, sente que tem sim necessidade de fazer uma cirurgia, tem apoio, não há maldade ou malícia em suas intenções e seu coração, após orar e buscar a vontade de Deus está em paz, faça! Deus em sua infinita bondade nos dá a liberdade de fazermos nossas próprias escolhas.

Que Deus seja o nosso refúgio e única forma de preencher nosso vazio, que aprendamos com o salmista a sermos gratos pela onisciência e soberania de Deus demonstrados através da criação.

Com amor,

Thais
Equipe Graça em Flor

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