Digno é o Cordeiro… Mas digno de quê?

Apocalipse 5:11-13:

“E olhei, e ouvi a voz de muitos anjos ao redor do trono, e dos animais, e dos anciãos; e era o número deles milhões de milhões, e milhares de milhares, que com grande voz diziam: Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e ações de graças. E ouvi a toda a criatura que está no céu, e na terra, e debaixo da terra, e que estão no mar, e a todas as coisas que neles há, dizer: Ao que está assentado sobre o trono, e ao Cordeiro, sejam dadas ações de graças, e honra, e glória, e poder para todo o sempre.”

Me arrepio sempre que leio esses versículos.

Quando pensamos no Cordeiro Imolado de Deus, o que imaginamos é um animal indefeso, ferido, moribundo. Mas a Palavra diz que é esse cordeiro abatido que é digno de honra, glória, louvor. Digno de tudo. E isso porque Ele não é somente um Cordeirinho torturado, Ele é também o poderoso, majestoso Leão.

A lógica do Céu sempre me surpreende, ainda que eu escute as mesmas histórias várias vezes.

É completamente contrário àquilo que é normal a nós, como seres humanos, que o último seja o primeiro, que a morte crie vida, que o cordeiro torturado seja digno da maior honra do Universo. Mas é assim que Deus trabalha – Ele o faz para confundir os grandes, e se revelar aos pequenos, a quem Ele escolheu mostrar quem realmente é.

Quando leio esses versículos eu me assombro, sim, com o poder do Cordeiro, mas se sou honesta eu também rapidamente passo por cima da verdade desse trecho. “O Cordeiro de Deus é digno de tudo, para sempre”. Palavras lindas que pairam sobre minha cabeça, mas nunca caem ao coração. Palavras quase vazias, porque pouco alteram minha vida e meu modo de vivê-la. Quanto de nosso Cristianismo é assim – vivido em palavras, nunca em ação?

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Se o Cordeiro é digno de tudo, por causa do alto preço que pagou, então o que isso implica em minha vida, de forma prática?

Creio que a primeira vez que parei para pensar nisso foi quando ouvi a história de dois jovens moravianos. Os moravianos foram uma das primeiras denominações protestantes, e sua bandeira era uma imagem de um cordeirinho, que dizia “Nosso Cordeiro conquistou, vamos segui-lO”. O pastor Paul Washer falou, em uma de suas pregações, sobre dois jovens moravianos que ficaram sabendo de uma ilha na qual viviam mais de 2.000 escravos africanos. Eles contataram o dono da ilha (e dos escravos) e perguntou se podiam se mudar para o local como missionários. Seu pedido foi firmemente recusado. Depois de orarem e considerarem suas opções, esses dois jovens então fizeram uma contra-proposta – podemos ir como escravos? Com a resposta positiva, eles usaram o dinheiro de sua própria venda para pagar a passagem até à ilha. Enquanto seu barco partia, eles se abraçaram e gritaram aos amigos e familiares que choravam do porto, “Que o Cordeiro que foi imolado receba a recompensa de seu sofrimento!”.

Meus olhos se enchem d’água toda vez que leio e conto essa história. E minhas mãos se levantam em entrega toda vez que cantamos um hino que diz “Digno é o Cordeiro”. Isso porque a história dos jovens moravianos me faz compreender melhor o peso tão intenso de dizer que o Cordeiro é, de fato, digno. Eu entendo que isso implica perda, sacrifício – em minha vida, e na sua.

Digno é o Cordeiro… De que abandonemos pecados de estimação, e mortifiquemos nossa carne todos os dias. De que paremos de assistir filmes e séries que claramente vão contra os valores que Ele nos mandou ter, ou de ler qualquer coisa que nos faria sentir vergonha se alguém soubesse. De que paremos de nutrir pensamentos de orgulho, de ódio, de luxúria, de egoísmo.

Digno é o Cordeiro… De que trabalhemos com excelência, tanto na igreja quanto nos nossos trabalhos diários. De que não nos entreguemos à preguiça, mas façamos tudo com zêlo e primor, sabendo que é para Ele e não para chefes, gerentes, clientes.

Digno é o Cordeiro… De nosso abandono de relacionamentos que nos afastam dEle. De que deixemos de buscar aqueles rapazes que nos fazem mal, que não amam ao Cordeiro, que nos puxam para longe de Seu amor. De dizermos “não” para a tentação, e de vivermos separadas para nosso Noivo, o Amado de nossas almas, até que Ele envie alguém que tentará ser como Ele é.

Digno é o Cordeiro… De que vivamos como esposas que amam e encorajam, ao invés de sermos rixosas e prontas para acusar. De que amemos a submissão bíblica, e encontremos nossa liberdade em sermos o tipo de mulher que Ele nos chamou para ser – sejamos nós casadas ou solteiras. De que paremos de buscar em vãs filosofias nossas respostas e nossa salvação que Ele pagou tão alto preço para nos dar.

Digno é o Cordeiro… De que cuidemos daquilo que Ele nos deu, inclusive de nosso corpo. De que não usemos desculpas para comer o que não nos nutre, para não mover nosso corpo e exercitá-lo. De que cuidemos de nosso corpo também no sentido de protegê-lo de toques que não deveriam existir, e de preservá-lo puro, independente do nosso passado.

Digno é o Cordeiro… De que acreditemos que somos nova criatura e tudo o que é antigo passou. De que não carreguemos nossas bagagens de pecados antigos, como se Ele não as tivesse jogado no mar do esquecimento. De que perdoemos a nós mesmas, como Ele nos perdoou.

Digno é o Cordeiro… De que coloquemos nossa identidade nEle, e em mais ninguém. De que paremos de aceitar migalhas de homens, e toques que não queremos, para que eles “fiquem conosco”. De que reconheçamos abuso pelo que ele é, e que o paremos o mais breve possível. Afinal de contas, o Cordeiro foi imolado pelo grande amor que sente por nós não para que nós aceitemos menos do que amor de outros homens.

Digno é o Cordeiro… Do sacrifício dos nossos sonhos. Daquilo que achamos ser o rumo de nossa vida. De abrirmos mão, e aceitarmos o que quer que seja que Ele colocar no nosso caminho, e de o fazermos com alegria e com fé de que Ele sabe o melhor.

Digno é o Cordeiro… De que busquemos cura. De que não aceitemos que nossas dores profundas sigam não tratadas, mas que busquemos tratamentos tanto de aconselhamento na Palavra quanto médicos para nossos vazios e escuridões.

Digno é o Cordeiro… De que confessemos nossos pecados. De que não tenhamos medo de contar a verdade umas às outras, buscando assim a cura espiritual e a força para vencer a tentação futura.

Digno é o Cordeiro… De que amemos outros seres criados à imagem e semelhança dEle. Que coloquemos as pessoas acima de nós mesmos, e as amemos com amor real, profundo e sacrificial – como Ele fez por nós. De que busquemos relacionamentos intencionais, e de que os nutramos com cuidado.

Digno é o Cordeiro… Das nossas vidas. Totalmente. Completamente. Sem volta e sem resguardos.

Digno é o Cordeiro de Deus de receber a recompensa por Seu sacrifício.