Deus está contigo no seu deserto
Artigo escrito originalmente por Katie Laitkep, e publicado aqui.
Traduzido, com permissão, por Francine Veríssimo.
No verão em que eu fiz 17 anos, eu passei meus dias esparramada em um banco de madeira, por trás do vidro da sauna do centro médico onde eu me tratava. Enquanto eu encarava os outros pacientes, se preparando para suas sessões, eu olhava o relógio e enxugava o suor dos 60 graus. Era um cenário irônico para uma época de deserto espiritual.
Enquanto eu estava na sauna, me era permitido um copo de água, algumas toalhas, e um par de meias limpas. Qualquer outra coisa minha deveria ser deixada em um guarda-volumes. Duas vezes por dia eu dava meus óculos, presilhas de cabelo e sandálias às enfermeiras, e ficava com um pedacinho de papel que eu guardava dentro do meu bolso. Era uma prescrição que eu dobrei e embrulhei em papel celofane, assinada pelo diretor do centro médico.
A clínica proibia qualquer uso de aparelhos eletrônicos: celulares, walkie-talkies, relógios com internet… Depois de estar lá por várias semanas, meu médico abriu uma exceção. Eu era a única adolescente no prédio, a única paciente pediátrica que ele tinha, uma criança com muita dor. Talvez ele sabia que eu precisaria de mais do que apenas cura física quando ele pegou seu bloco de receitas médicas e me deu uma permissão escrita. Eu carregava o papel comigo na sauna e junto dele um iPod. (…)
Eu não sei como aguentava o calor. Era sufocante sentar sozinha naquele espaço. Regularmente me davam oxigênio, mas eram as circunstâncias que, frequentemente, me impediam de respirar. Minha doença se tornou um lugar solitário para mim.
Uma vez que eu tinha a aquela permissão, eu podia entrar na sauna e apertar o “play” do iPod, deixando o podcast do Revive Our Hearts preencher o silêncio. Eu bebia minha água com remédio e me encharcava da verdade e graça do podcast. Eu ouvia enquanto Nancy ensinava as Escrituras, falando da história de redenção de um grande Deus, um Deus soberano, um Deus que via minha situação. Esse Deus não poupou seu próprio Filho do sofrimento desse mundo mas O enviou para viver nesse sofrimento do mundo.
Emanuel. É assim que o Deus Filho se chamava: “Deus com os homens.”
DEUS com os homens. Deus COM os homens. Deus com os HOMENS.
Ele não me deixou sozinha.
Um tipo diferente de detox
Nas primeiras semanas em que estava lá, eu saía da sauna direto para o chuveiro, e as enfermeiras diziam que podiam sentir o cheiro das toxinas na minha pele. Eu me esfregava o máximo que podia para tirar aquele cheiro do meu corpo, apesar de saber que a fonte daquilo não estava na superfície. Enquanto eu voltava às sessões e continuava escutando o podcast do ROH, eu comecei a sentir o cheio da amargura, descontentamento e autossuficiência que estava saindo dos meus poros.
Eu queria fazer um detox do medo que eu tinha debaixo da minha pele, do desespero que me deixava me perguntando se existia algum propósito no meu sofrimento.
Em certo momento, de alguma forma, houve alegria, enquanto Nancy me ensinava sobre o sangue de Cristo que lava nossa sujeira, sobre a forma como Cristo preenche nosso vazio com esperança, sobre a misericórdia de Deus que cura por completo nossa doença do pecado.
Eu estava lutando com a doença física por muito tempo. Por dez anos eu vi meus sintomas piorarem, e minha família me levava de médico em médico, alguns dos melhores do país, especialistas que ficavam horas estudando meu caso apenas para me recomendar a outra pessoa de outra área ou prover tratamento que não durava muito tempo.
Nós nos mudamos da casa em que eu e meus irmãos crescemos e, quando meus sintomas ficaram severos demais, eu fui forçada a deixar a escola. Minha identidade, construída sobre conquistas escolares, ruiu aos poucos; meus amigos pareciam distantes; meu futuro não tinha nenhum fundamento sólido, e meu mundo – que eu pensei um dia controlar – parecia instável.
O desespero do deserto mudou meu relacionamento com Cristo. Foi quando parecia que eu não tinha mais nada que Jesus se tornou meu tudo.
Quando parece que não temos mais nada, Jesus se torna nosso tudo. Click To TweetQualquer coisa que me faça precisar de Deus…
O meu diagnóstico demorou 10 anos para sair – uma doença neurológica crônica chamada Lyme – e nesse processo, eu vi a verdade nas palavras de Nancy, até mesmo quando elas vinham embrulhadas na realidade bagunçada da minha rotina diária. “Qualquer coisa que me faça precisar de Deus é uma benção.” Eu acreditei naquilo. Mas, ao começar meu tratamento para Lyme, eu voltei aos hábitos antigos, colocando minha confiança nos médicos e almejando uma cura física.
Deus tem sido misericordioso com essa paciente que demora a aprender.
Vez após vez eu tenho ouvido as mentiras de que uma vida sem dor, uma vida sem solidão, uma vida sem Lyme, vai trazer maior satisfação. Eu coloquei minha fé em exames de sangue e pílulas, e quando o alívio não vem, quando eu acordo com febre ou com muita dor, o desapontamento tem sido mais do que eu consigo suportar.
Nesses momentos, o Espírito Santo sussurra graça em meus ouvidos que me faz voltar meus olhos para o Deus que é conosco.
Ele não me deixará sozinha, e ter a Cristo? É melhor do que ter qualquer coisa que esse mundo possa oferecer.
Hoje, eu estou há 5 anos no tratamento para Lyme. Eu continuo orando para que o Senhor restaure minha saúde, mas mesmo que Ele não o faça, mesmo que esse tratamento falhe, nada muda quem Deus é. Ele ainda é bom; Ele ainda é todo-poderoso; Ele ainda é digno de todo o meu louvor.
Eu vou sempre almejar por saúde, mas se essa doença me traz pra mais perto de Jesus, então é um presente, e eu sou tão grata por isso. Esse Deus é o Deus que me encontrou em meio ao meu deserto; e apesar do calor me pressionar, há tanta paz no refresco e descanso de Sua presença que me satisfaz. Ele está perto, e Ele é suficiente.
Em situações difíceis da vida, em quais características de Jesus você se apoia?
Você tem conhecido o Jesus Emanuel, Deus conosco? Se sim, que diferença esse conhecimento tem feito em sua vida?
O que Deus tem usado para te levar para mais perto de Jesus?
O quão grata a Deus você pode ser, mesmo quando a vida está difícil?
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Lendo esse artigo da Katie, eu pude pensar nas coisas que Deus usa para nos levar para mais perto de Jesus. Não sei o que Ele tem usado na sua vida, mas na minha tem sido a distância. Distância do meu noivo, quando estou no Brasil; distância da minha família, quando for para lá. Sei que isso é bem menor, se comparado ao sofrimento de Katie. Mas isso tem pesado meu coração. E toda vez que penso, “Senhor, que situação dolorida!”, Ele me lembra que é DEUS CONOSCO. Comigo aqui no Brasil, comigo lá, comigo onde quer que eu esteja.
E isso me consola.
Então te pergunto o mesmo que Katie perguntou: você tem conhecido Jesus Emanuel, Deus conosco?
Em Cristo,
8 Comments
Esse texto da Katie me fez pensar sobre a soberania da vontade de Deus, que nós, como suas filhas, entendemos que essa vontade é (sempre) boa, agradável e perfeita ( Rm 12.2), ainda que não corresponda ao desejo do nosso coração. Me lembro de Cristo no Getsêmani pedindo a Deus: “Meu pai, se possível, passe de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres.” (Mt 26.39) Cristo estava com a alma afligida pelo que haveria de suportar, ele sabia que aquela cruz significava suportar o peso do pecado da humanidade como seus, e apesar do desespero que o tomava naqueles últimos instantes ele orou ao Pai: ” Todavia, não seja como eu quero, e sim como Tu queres.” Cristo coloca a vontade de Deus acima dos teus desejos e essa deve ser sempre a nossa decisão! E apesar dos diagnósticos que gostaríamos que fossem diferentes, dos resultados, das respostas que gostaríamos que fossem positivas, dos desertos, crises que estamos a enfrentar, a vontade de Deus deve ser sempre soberana, incontestável em nossas vidas! Sou grata ao Senhor do meu viver pelo seu imensurável amor, minha alegria e satisfação estão sempre nEle, mesmo quando Ele me diz ” não”!
Querida Helen,
seu comentário complementou o texto lindamente. Obrigada por nos lembrar do exemplo do nosso Cristo, que aceitou a morte por amor e obediência ao Senhor. Que Ele redirecione nossos corações a esse exemplo sempre que quisermos reclamar de nossas circunstâncias.
Faço coro contigo, “minha alegria e satisfação estão sempre nEle, mesmo quando Ele me diz ‘não'”. Que assim seja com todas nós <3
Em Cristo,
Fran
Conclui sendo muito infeliz sua comparação,de sua realidade com a de Katie,a situação dela é muito dolorosa,algo que talvez você não consiga entender,apenas quem viveu ou vive essa realidade. Era uma história muito edificante.Sinto muito pela sinceridade e pelo seu problema. Talvez eu esteja vendo seu problema de forma menor,mais não cabe a mim avaliar isso. Apenas senti que desvalorizou o propósito real da história.
Querida Lorena,
em primeiro lugar, agradeço seu comentário tão sincero. O Graça existe justamente para que nós possamos gentilmente falar o que pensamos e foi isso que você fez, e sou grata.
Eu concordo com você – minha dor é muito, MUITO, menor que a da Katie. Eu não sei o que é estar em meio a um diagnóstico como esse, e não entendo todo o sofrimento que vem com isso. E, confesso, eu sou muito fraca. Qualquer dor me atinge profundamente e eu sempre me abalo muito. Eu vejo minhas amigas passando por cada situação terrível e eu penso, “Senhor, eu teria quebrado”. Mas, sabe, nosso Pai sabe disso. Ele sabe o quão fraca eu sou. Eu sempre me lembro do livro “O Refúgio Secreto”, de Corrie ten Boom, umas das minhas heróinas da fé. Quando ela era pequena, perguntou pro seu pai como seria se Jesus a mandasse morrer por Ele. Ela disse que sabia que não teria forças. Então seu pai lhe disse: “Corrie, quando vamos andar de trem, eu te dou sua passagem aqui em casa ou só quando chegamos lá na porta do trem? Assim também o Senhor fará: ele te dará as forças necessárias exatamente quando você precisar delas.” E eu quero crer que Deus me dará as forças que eu preciso quando eu precisar.
Mas, o motivo pelo qual eu compartilhei com vocês, no final do texto, sobre a minha situação é porque o Graça também foi feito para isso: para compartilharmos dores, e não compará-las. E não foi isso que eu fiz. Eu não quis dizer que minha dor é maior, menor ou até mesmo igual a da Katie. Eu apenas compartilhei como você o que tem pesado em meu coração ultimamente, qual tem sido o meu deserto. O nome do texto é justamente esse “Deus está contigo em seu deserto”. Todas nós temos nossos problemas. E meu ministério aqui no Graça é receber os comentários e e-mails de vocês, contando seus problemas, e tentar trazer de Cristo a esses problemas. Sejam eles grandes ou pequenos. Eu recebo meninas que choram pelo término de um namoro e meninas que choram por um passado de abuso sexual. Não cabe a mim dizer “sua dor é maior que a dela”. Cabe somente chorar com quem chora e tentar consolá-las, como amiga.
Querida Lorena, espero que tenha compreendido minhas intenções. De qualquer maneira, peço perdão, de coração aberto, se te ofendi de alguma forma ou desencorajei. Esse realmente não é meu propósito aqui, pelo contrário.
Sinta-se à vontade para responder novamente se tiver mais alguma coisa que queira dizer, que esteja em seu coração 🙂
No amor de nosso Cristo,
Fran
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