Como lidar com o sentimento de inferioridade? – Graça Responde #19

Como lidar com o sentimento de inferioridade e insegurança, com relação a classe socioeconômica e etnia, à luz da Bíblia?

Deus é Forte, Soberano, Poderoso e Imutável. Lembra de Pedro no mar? Bastou tirar os olhos de Jesus que sentiu medo e começou a naufragar. Os sentimentos de inferioridade e insegurança surgem quando ancoramos nossa confiança em qualquer coisa que não seja Deus. Para onde você tem olhado? Em que tem se baseado? “Como lidar com esses sentimentos à luz da Bíblia?”, você pergunta. Vamos descobrir juntas!

“Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Gn 1.27). Esse versículo nos ensina duas verdades. Primeiro, somos imagem e semelhança de Deus. Todos fomos criados com características morais e espirituais que refletem o caráter e o ser dEle. Segundo, Deus criou toda a diversidade de tons de pele e tipos físicos que temos hoje a partir de um ancestral comum, Adão. Isso significa que não existe superioridade de uma cor ou de determinado grupo, todos temos a mesma origem. Infelizmente o preconceito que vemos ao longo dos anos é mais um dos terríveis resultados da queda e dos efeitos do pecado no mundo.

Enquanto no Jardim do Éden o acesso à diversidade de alimentos era livre, como consequência do pecado o homem passou a ter que se esforçar para trabalhar e sustentar a si e sua família. Isso trouxe consigo uma série de desdobramentos como a divisão entre senhores e servos, a exploração do trabalho, o desemprego, a pobreza e a miséria. O fato de vivermos em um mundo caído faz com que tenhamos que conviver com diferentes classes sociais e níveis de renda. Encontramos isso em diversas passagens bíblicas como: “Pois nunca deixará de haver pobres na terra; por isso, eu te ordeno: livremente, abrirás a mão para o teu irmão, para o necessitado, para o pobre na tua terra” (Deuteronômio 15.11); e “Porque os pobres, sempre os tendes convosco, mas a mim nem sempre me tendes” (Mateus 26.11).

Sabemos, desde Gênesis, que o Senhor nos ama e, apesar de nosso pecado, sempre tem uma forma de demonstrar misericórdia. Foi assim quando Adão e Eva tiveram consciência do que fizeram e receberam a promessa de que Cristo traria redenção (Gn 3.15). No que tange à questão das diferentes classes sociais, nosso Pai ordena que aqueles a quem confiou recursos reparta com os que não têm. Por toda a Escritura vemos ordens do tipo “julga retamente e ajuda o necessitado” (cf Pv. 31.9); “mostre misericórdia e não oprima os vulneráveis” (Zc 7.9-10). Isso se deve ao fato de que tudo vem de Deus, toda riqueza pertence a Ele (1 Cr 29.14) e os homens são apenas administradores do que o Dono do ouro e da prata permite que tenham.

O Senhor se preocupa com os pobres, viúvas, órfãos, estrangeiros e todos quantos são desprezados ou esquecidos pelos demais. Eles também carregam Sua imagem, têm a mesma importância que os tidos como “bem-sucedidos” pela sociedade. Para Ele somos todos iguais: pecadores que necessitam desesperadamente de sua graça (Rm 3.23). Se Ele, que tem toda a autoridade para fazer o que quiser, olha a todos como iguais, por que eu veria ao meu semelhante ou a mim de forma diferente?

Toda a narrativa bíblica mostra como Deus usa pessoas improváveis de todos os tipos para cumprir Seus gloriosos propósitos e, se não fosse Seu poder e Sua forte mão, tudo daria errado. Quando essas pessoas, aparentemente, tinham algo que a sociedade considerava símbolo de poder e destaque, elas eram “quebradas” para, no fim das contas, dependerem somente dEle. Abraão e Sara eram pessoas ricas, de boa família eram estéreis. Deus os usou para o surgimento de uma grande linhagem que culminou no nascimento de Cristo. O apóstolo Pedro, um simples pescador inculto, quando chamado por Jesus, em At. 3.6, diz a um coxo que lhe pede esmola: “Não tenho prata nem ouro, mas lhe dou o que tenho. Em nome de Jesus Cristo, o nazareno, levante-se e ande!”. O Apóstolo Paulo, homem culto e de “bom nascimento”, depois de convertido passou a considerar tudo como insignificante por causa de Cristo (Fp 3.5-8).

O que esses nossos irmãos têm em comum? Uma vez alcançados por Deus, sua visão sobre quem eram foi modificada. As prioridades foram invertidas. Posses e tudo o mais não eram relevantes. Diante de Cristo tudo o mais perde a importância, o brilho e o valor. À medida que o interior vai sendo transformado, a visão muda. Passa-se a entender que cor de pele e classe social não são fatores que devem ser levados em conta por alguém que nasceu de novo e que teve sua mente renovada, para julgar tanto a si mesmo, quanto ao seu semelhante.

O valor de uma pessoa não está em como ela é ou no que possui, tudo isso é passageiro. O valor de uma pessoa está na grande obra que Cristo fez por ela, ao livrá-la da morte eterna, assumindo sua culpa, dando-lhe perdão e restaurando o relacionamento dela com Deus.

Considerando que fomos gerados a partir do mesmo ancestral, Adão, e fomos regenerados pelo Segundo Adão (1Co 15.22), Cristo, do início ao fim estamos unidos e fazemos parte de um mesmo povo.“Não há mais judeu nem gentio, escravo nem livre, homem nem mulher, pois todos vocês são um em Cristo Jesus” (Gl 3.28).

Se, de um lado, desejamos ter bens e ser como os outros, de outro, precisamos saber que existem pessoas que gostariam de estar em nosso lugar. Podemos não ter muito dinheiro, a casa dos sonhos, o corpo perfeito ou as roupas da moda. Mas temos um teto sobre nossas cabeças, o pão de cada dia não nos falta, não precisamos andar despidos, somos livrados de coisas que nem imaginamos e assim vemos o cuidado de Deus em tudo. Considerando que merecemos a ira de Deus, em vez de tudo o que Ele tem nos dado, temos muitos motivos para sermos gratas e cultivarmos um coração alegre. “Porque nada temos trazido para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele. Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes.” (1Tm 6.7,8).  

Os apóstolos Paulo (1Tm 2.9-10) e Pedro (1Pe 3.3-6) ao falarem sobre as mulheres cristãs piedosas em suas cartas, realçam o fato de que a beleza verdadeira está em um modo de vida íntegro, evidenciado por meio de boas obras. “Não se preocupem com a beleza exterior obtida com penteados extravagantes, joias caras e roupas bonitas.
Em vez disso, vistam-se com a beleza que vem de dentro e que não desaparece, a beleza de um espírito amável e sereno, tão precioso para Deus. Era assim que se adornavam as mulheres santas do passado” (1 Pe 3.3-5).

Jesus certa vez assentado no templo elogiou a atitude de uma viúva pobre que ofertou as duas moedas que possuía, as quais constituíam todo o seu sustento, ao passo que os demais que por ali passavam davam o que lhes sobrava. A oferta dela foi considerada a maior (Mc 12.41-44). Em contraste, temos o caso de Ananias e Safira, na igreja primitiva, que venderam uma propriedade, retiveram uma parte do montante e ofertaram o restante como se fosse o valor total, na tentativa de ostentar generosidade, talvez de manter a aparência de piedade e abnegação. O resultado foi a morte de ambos por terem mentido não aos homens, mas ao Espírito (At 5.1-11). Esses exemplos mostram que aquilo que é importante para a sociedade e até mesmo para alguns frequentadores de igreja, para Deus não tem relevância. Ele não se importa com a quantidade de dinheiro que você tem, mas com a motivação e a forma com que o emprega.

Jesus é o exemplo supremo em tudo e nesse assunto não seria diferente. O Rei do Universo desceu à Terra, nasceu em uma estrebaria, seu pai era carpinteiro, e ele não tinha onde reclinar a cabeça; considerando a região geográfica, provavelmente tinha pele morena. O livro do profeta Isaías diz que Jesus não tinha beleza, nem formosura (Is 53.2). Ele poderia vir ao mundo como quisesse e escolheu essas características. Talvez queira nos mostrar algo nisso. O tipo físico e o saldo bancário não são relevantes, para Deus o que importa é nossa obediência aos propósitos que Ele estabeleceu, é focarmos na missão e darmos o nosso melhor para que o Nome dEle seja glorificado, pois nossa pátria não é aqui e não devemos nos apegar ao que esse mundo que jaz no Maligno tem por precioso. Afinal, “o Senhor não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém o Senhor, o coração” (1Sm 16.7).

De capa a capa, a Bíblia condena a ideia de discriminação, seja ela de qual tipo e contra quem for. É incompatível que o Deus que evidencia Sua grandeza e Seu poder criativo através uma variedade de tons de pele, permita que Suas criaturas, feitas à Sua imagem e da mesma matéria-prima, sejam preconceituosas e racistas. É incompatível que o Deus dono de todas as coisas, e que torna alguns administradores das riquezas que a Ele pertencem, fosse conivente com a humilhação e o desprezo por conta de classe social. É incompatível que o Deus de toda graça e misericórdia concorde que os seres humanos que só vivem, se movem e existem porque Ele permite (At 17.28), não passem adiante tudo o que dEle recebem, agindo com falta de compaixão, misericórdia e empatia.
É incompatível que aqueles que foram alvo do amor inimaginável e imensurável de Deus a ponto de serem feitos Seus filhos, dêem ouvidos a outras palavras que não as de seu Pai.

Você é preciosa, pois carrega a imagem do seu Criador, que te torna cada dia mais parecida com Cristo até que Sua face esteja perfeitamente refletida em você. Você é afortunada, pois obteve o favor do Rei que te deu vida abundante e eterna.

“Como lidar com esses sentimentos à luz da Bíblia?”, você pergunta. Com a Bíblia! Ajustando o foco conforme as lentes do Autor. Apegue-se às verdades contidas nas Escrituras, saiba quem você é em Cristo, o que Deus diz sobre você e sobre o pecado. Pregue para si mesma sempre que as dúvidas tentarem permear seu coração e as pessoas tentarem te dizer o contrário. Rogue a Deus que te fortaleça e ajude, e peça também pelos seus ofensores, para que a mesma graça que te transformou os alcance também. Uma vez fortalecida a partir de dentro, o Senhor te dará forças para vencer as batalhas da vida.

Sua irmã,

Jaqueline
Equipe Graça em Flor

Você tem uma pergunta e gostaria que nossas Aconselhadoras respondessem? Envie para gracaemflor.com/perguntas