Como As Redes Sociais Afetam Nossa Maternidade

Quando Deus nos dá filhos, ele nos dá uma grande benção, e como mãe devemos nos deleitar nisso, conforme vemos no Salmo 127, que diz, “Os filhos são herança do Senhor, uma recompensa que ele dá” (v. 3 – NVI). 

A maternidade é um meio precioso de nos ensinar mais sobre o Senhor, sua bondade, sua graça e sua misericórdia. Também é um lugar cheio de desafios, não importa a idade, a época, ou a cultura, ao nascer uma mãe, uma enxurrada de situações completamente novas e desafiadoras surgem às quais temos que aprender a lidar dia após dia. A cada fase superada, uma nova se achega e nos lembra de que o aprendizado na maternidade nunca é exaurido. É sempre tempo de aprender a lidar com determinadas situações. 

Uma vez conversando com uma irmã em Cristo muito querida, mãe de 4, avó de 10 e bisavó de 3, ela me relatou que ainda hoje se vê aprendendo sobre maternidade. Segundo ela, mais do que um crescimento vertical como um edifício bem alto, ela vê a maternidade como um rocambole onde cada camada fina é formada de modo sutil, cuidadosa, muitas vezes invisível para os outros, mas de grande crescimento interior.

Minhas queridas, não há mãe completamente perfeita e apta para lidar com todas as situações. O problema é que além dos desafios que a própria maternidade traz, deixamos que fatores externos nos influenciem a nos sentirmos culpada pelo nosso desempenho como mãe. Veja bem, não falo sobre alertas que evidenciam que estamos pecando em determinada circunstância, mas sim do sentimento de culpa por estarmos fazendo, ou deixando de fazer, coisas usando as redes sociais como parâmetro.

Estamos praticamente no meio da série sobre redes sociais, e para quem vem acompanhando, já temos muito o que refletir sobre nosso uso delas. Os logaritmos parecem que fazem parte da nossa vida como um membro do nosso lar, ele sabe o que gostamos, aquilo que possivelmente queremos ouvir, ler, assistir, chegando a ser um tanto assustador, mas é isso mesmo que eles fazem. Uma única postagem ou busca no termo “filhos” ou “maternidade”, nos trazem propagandas, produtos, cursos, perfis que tratam sobre o tema, e assim somos imersas em uma rolagem infinita.

Numa pesquisa rápida, em grupo de Whastapp que faço parte, perguntei o seguinte: as redes sociais afetam sua maternidade mais de modo positivo ou negativo? Das que votaram (32 mães) o resultado foi exatamente 16 votos de um lado e 16 votos do outro. Não quero fazer dessa pequena pesquisa um dado abrangente e determinante, mas dentro do meu ciclo de contatos é possível perceber como a maturidade e sabedoria ao usar redes sociais vem antes de tudo de uma prioridade no Senhor, ou seja, fazer tudo no Senhor e para sua glória. Falo isso pois uma hora ou outra nosso pecado nos leva em direção a um extremo. Mas, quando colocamos intencionalmente Deus à frente, aprendemos a abençoar e sermos abençoadas, filtrar ou anular por completo tudo que envolve redes sociais.

Ao nascermos como mãe naturalmente buscamos fazer o melhor para nossos filhos. Buscamos informações seguras, atualizadas, dicas, inspirações, e isso é muito bom. Lembro quando passei por dificuldades quanto ao sono da minha primogênita e as redes sociais me ajudaram bastante nisso. Há rede de apoio virtual, ela é real, mas ao mesmo tempo há facilmente o despertar de sentimentos pecaminosos como comparação, disfarce e descontentamento.

O perigo de nos compararmos com vidas online é trazermos para nós um senso de superioridade ou inferioridade que afeta o modo como agimos. Agarramos uma escolha como sendo a correta ou a melhor, sendo que se trata apenas de uma escolha dentro de outras opções também boas, e caso alguém faça diferente, logo queremos justificar nossa escolha, tendendo ao fracasso ou ao orgulho. Do mesmo modo que posso me sentir fracassada ao não ter conseguido amamentar meu bebê, posso me encher de orgulho por ter tido uma amamentação tranquila e sem maiores dificuldades. Não é pelo fato de ter usado BLW ou papinha, leite materno ou fórmula, zero telas ou o uso delas, que determinaremos quem são as boas mães. Ao invés de darmos as mãos umas às outras, como sinônimo de encorajamento e amparo, preferimos, por vezes, segurarmos uma medalha de honra ao mérito.

Queridas, não podemos fazer das redes sociais um meio para nos sentirmos bem e seguras, pois nossa maternidade, antes de tudo como filhas de Deus, deve estar segura em Cristo. Ele sim é a Rocha na qual devemos fundamentar nossa vida, nossa maternidade e é  para ele que devemos criar nossos filhos. Usar as redes sociais como um canal infalível, prioritário e moldador do nosso papel como mãe não é o caminho.

“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra” (2Tm 3:16-17).

Uma mãe precisa conhecer a verdade, convencer-se de seus erros e mudar. Ela precisa aprender o que é exigido por Deus, para que assim ela possa levar uma vida agradável ao Senhor, se tornando, em completa dependência a Ele, uma mãe segundo a sua vontade. Todas nós precisamos de instruções, e como crentes em Cristo, devemos de antemão buscar os princípios da palavra de Deus como guia prioritário, uma vez que é por meio dela que obtemos em abundância as regras do viver santo, e, além disso, direcionamento para nosso principal papel como mãe: levar nossos filhos até Deus. 

Que difícil isso parece ser para muitas de nós, não é mesmo? Quantas vezes as redes sociais acabam sendo o primeiro recurso em determinadas situações, quando nem sequer levamos aquela situação em oração a Deus? Nossa paz acaba se tornando um perfil de Instagram, e não o próprio Senhor.

É claro que os benefícios da tecnologia continuam a nos abençoar com oportunidades, informações, utilidades, assistência, crescimento espiritual e prazer. No entanto, com todos esses possíveis benefícios também vêm vários perigos, riscos e, em certo sentido, um perigo espiritual. É bem provável que você tenha em sua própria história evidências das bênçãos e dos estragos provenientes das redes sociais. Não quero, portanto, demonizar as redes sociais, longe disso. O seu uso pode ser abençoador! O que desejo enfatizar é que nosso padrão deve ser a Bíblia.

A partir disso, tudo entrará em equilíbrio e em conformidade com o que Paulo nos ensina em Tito 2:1: “Você, porém, fale o que está de acordo com a sã doutrina”. O efeito das redes sociais na maternidade deve ter um fim de edificação pessoal, com propósito de encorajar os outros, além de demonstrar a unidade no corpo de Cristo. Não podemos dar a esse instrumento um lugar de destaque indevido, cheio de contendas, palavras tolas e medidor de desempenho. Quando somos tentados a procurar a momentânea aprovação do homem para combater nossas inseguranças, procuremos a aprovação de Deus que já é nossa em Cristo.

Quando de algum modo a internet me faz duvidar ou me orgulhar sobremaneira, trago sempre à mente Provérbios 14:26, Quem teme ao Senhor tem forte amparo, e isso é refúgio para nossos filhos. Eu amo esse versículo, pois ele me traz de volta à centralidade do meu papel como mãe em qualquer circunstância que sou tentada a me desviar dessa missão. Primeiro, porque ele me diz que é temendo ao Senhor que combato qualquer outro temor, pois somente Ele me fornece um forte amparo, ou firme confiança. O “temor ao Senhor” significa ter medo de desonrar a Deus; significa ter medo de duvidar do Senhor. Nós também somos pequeninas, vasos de barro, fracas, lutando contra dúvidas e ansiedades. Será que a solução é fazer nossa melhor encenação e esconder o que somos verdadeiramente? De forma alguma. Isto nos levará ao duplo erro de desonrar a Deus e rejeitar nossos filhos. Esta não é a resposta.

Em Deus nós temos a certeza  plena de exercermos uma boa maternidade. Temendo ao Senhor, temos amparo seguro como os firmamentos da Terra. Com certeza iremos errar e falhar, estamos em constante aprendizado, mas tudo coopera para o bem daqueles que o amam, e são chamados segundo o seu propósito (Rm 8:28). Então, sim, o Provérbio é verdadeiro e nos é de grande ajuda. Temam a Deus, mamães. Temam a Deus. Temam desonrá-lo. Temam duvidar dele. Temam colocar a sua avaliação do problema acima da dele. Ele diz que pode ajudar. Ele é mais inteligente. Ele é mais forte. Ele é mais generoso. Confie nele. Tema não confiar nele.  E, então, seus filhos terão um refúgio. Eles terão uma mãe que “tem firme confiança” – não em si mesma, ou em uma plataforma digital, mas nas promessas de Deus, nas quais ela estremece de não confiar.

Se a internet está tornando sua maternidade pesada, um campo propício ao pecado, se afaste dela por um tempo. Confie no Senhor mais do que em você mesma. Caminhe com o Senhor e nos caminhos de sua sabedoria ensinados nas páginas da Bíblia. Seja uma mulher sábia na Palavra e não uma tola que confia em sua própria sabedoria (ou na falta dela). Proteja-se com maturidade espiritual, com a verdadeira sabedoria, a fim de blindar-se no mundo das redes sociais.

Viver a maternidade de modo abençoador é ver o Espírito Santo trabalhando em nós e em completa dependência ver que é Ele quem faz, e não nós. Rogo a Deus por mim e por você. Que Ele nos ajude.


Esse post faz parte da nossa série de postagens de Outubro com o tema “Redes Sociais”. Para ler todos os posts clique AQUI.