Casamento: Intimidade Conjugal (Sexo)

Se há um assunto considerado polêmico e até mesmo intocável no meio cristão, é a intimidade conjugal, o relacionamento íntimo dentro do casamento. Sexo – uma palavra tão pequena, mas que gera, em muitos filhos de Deus, um grande constrangimento. Um assunto tão vasto, com muitos pontos a serem considerados, mas que quase nunca é explorado, explicado e, muito menos, celebrado.

O sexo, como graça comum de Deus para os homens, tem sido cada vez mais celebrado fora do padrão divino – a aliança do casamento – e deixado de lado pelo povo de Deus que se encontra exatamente no lugar perfeito para vivê-lo – dentro da aliança do casamento. No contexto atual, o sexo se popularizou por uma característica que não representa o que trataremos neste artigo: a falta de compromisso. É cada vez mais comum duas pessoas que mal se conhecem, não nutrem nenhum tipo de afeto e não se responsabilizam por suas emoções e atitudes se relacionarem uma vez, ou até mais, e então se despedirem como se nunca tivessem se conhecido — o famoso sexo casual.

Neste artigo, não é sobre este tipo de relação que trataremos, uma vez que abordaremos   o sexo à luz da Bíblia. Esse é um assunto tão sério para o Senhor, que temos em muitas páginas das Escrituras o que o Ele pensa sobre a intimidade conjugal e, se você quer um spoiler: o sexo é uma benção e digno de ser desfrutado dentro da aliança do casamento, com alegria, santidade e devoção mútua, favorecendo o relacionamento conjugal, a intimidade entre o casal, o afeto, a alegria e dando bom testemunho da vontade de Deus. 

O que Deus diz?

Quanto aos assuntos sobre os quais vocês escreveram, é bom que o homem não toque em mulher,

mas, por causa da imoralidade, cada um deve ter sua esposa, e cada mulher o seu próprio marido.

O marido deve cumprir os seus deveres conjugais para com a sua mulher, e da mesma forma a mulher para com o seu marido.

A mulher não tem autoridade sobre o seu próprio corpo, mas sim o marido. Da mesma forma, o marido não tem autoridade sobre o seu próprio corpo, mas sim a mulher.

Não se recusem um ao outro, exceto por mútuo consentimento e durante certo tempo, para se dedicarem à oração. Depois, unam-se de novo, para que Satanás não os tente por não terem domínio próprio. (1 Coríntios 7:1-5)

Aqui, por meio da pena do apóstolo Paulo, temos uma vontade explícita de Deus para o casamento: cada mulher deve ter o seu próprio marido, cada marido, sua própria esposa, e, uma vez que se uniram em uma aliança marital, nenhum dos dois possui autoridade sobre o próprio corpo, pois passam a pertencer um ao outro. É preciso, porém, deixar claro neste ponto que Deus não deseja que cada um use esse direito como bem entender e nem o manche com o pecado, pois, antes de tudo, todo ser humano pertence ao Senhor e, por isso, é digno de respeito. Esse direito deve ser usado para o bem de cada um como ser individual e de ambos para a glória de Deus; assim, esse versículo de forma alguma insinua que marido ou esposa podem abusar e ferir um ao outro em nome de Deus. 

Nesse contexto, o apóstolo Paulo trata com uma sociedade profundamente promíscua em relação à sexualidade e fortemente machista, mas, ao afirmar, inspirado por Deus, a igualdade dos direitos conjugais, o apóstolo quebra esses paradigmas da cultura existente. 

Quando, no verso 3, Paulo instrui que cada um conceda ao cônjuge o que lhe é devido, está falando sobre o relacionamento sexual e trazendo a relação íntima como um dever habitual dos casados. A mesma Escritura que condena o sexo fora do casamento, a fornicação e o adultério, também está nos dizendo que a ausência de sexo dentro do casamento é um pecado, pois quem o instituiu foi o próprio Deus. Tanto o marido quanto a mulher têm seus direitos assegurados por Deus de desfrutarem plenamente da satisfação sexual dentro da sagrada aliança do casamento, e, por isso, não fazê-lo é desobedecer à Palavra de Deus. Se cremos que toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, repreensão, correção e educação na justiça (cf. 2 Tm 3.16), devemos passar a considerar com mais seriedade o que Deus diz sobre o sexo.

Quando um não quer…

… dois não brigam – eis o dito popular. Pois, agora, sabendo que a relação sexual dentro do casamento não é meramente uma opção, mas sim um dever, como lidar com casos em que marido e mulher não se desejam dessa forma, seja por alguma razão de saúde, como  hormônios desregulados, alguma condição física ou mental, ou simplesmente porque não sentem mais atração um pelo outro?

Bem, como em todas as situações da nossa vida, devemos considerar as Escrituras e a vontade de Deus. Somos ordenados a não privar o cônjuge daquilo que o próprio Deus lhe assegurou por direito; logo, a prática do sexo é uma ordenança apostólica, e a ausência dela é um pecado. Dentro da normalidade de uma união, a relação sexual tem o dever de existir, é um direito sagrado dado por Deus e nem o marido e nem a mulher podem simplesmente escolher não exercê-lo.

Assim como temos de nos esforçar para crescer em certas áreas de santidade em nossa caminhada cristã – como, perdoarmos quem nos feriu, sermos pacientes, bondosos, amáveis, sabermos esperar no Senhor, nos abstermos de certas práticas que não convém mais àqueles que foram salvos e todas as demais coisas — que são feitas na força do Senhor, confiando que o Espírito Santo nos capacita, assim também devemos fazer na área sexual do nosso casamento. Se a abstinência não for por uma decisão mútua e consentida, em que ambos concordam que o melhor para aquele momento é se abster por amor e cuidado ao outro, então estão pecando e se prejudicando.

É comum que muitos casais, independentemente do tempo de caminhada juntos, comecem a, em algum momento, se privarem com desculpas descabidas e, para além da desobediência bíblica, esse é também um perigo para o relacionamento e para cada um individualmente. O sexo no casamento nos protege de muitas armadilhas deste mundo. Privar o seu cônjuge é deixá-lo desprotegido nas tentações sexuais, físicas e emocionais, não que isso determine e justifique qualquer tipo de pecado sexual, mas o sexo é, sim, uma barreira contra adultério, pornografia e todo tipo de pecado que adentra os casamentos. Na Bíblia, proteção e prazer andam juntos quando o assunto é matrimônio. O casamento que é fortalecido pelo relacionamento íntimo não só está protegido, mas também está nutrido por carinho, afeto e alegria.

É difícil para muitos crentes acreditarem que Deus se importa com as nossas necessidades, e por isso fez com que o casamento não apenas servisse para procriação, mas também para alegria e prazer mútuo. Deus se importa com aquilo que pode trazer santa felicidade à vida de seus filhos aqui deste lado do céu.

Um rio de delícias

Beba das águas da sua cisterna, das águas que brotam do seu próprio poço.

Por que deixar que as suas fontes transbordem pelas ruas, e os teus ribeiros pelas praças? (Provérbios 5:15,16)

Em seus comentários sobre o livro de Provérbios, Hernandes Dias Lopes nos ensina que o homem deve se satisfazer nas águas da sua própria cisterna, ou seja, desfrutar plenamente da intimidade conjugal com sua esposa, uma vez que o sexo matrimonial é santo, puro e deleitoso. O leito conjugal, prossegue o Reverendo, deve ser fonte de prazer, um manancial de delícias, um rio transbordante de afetos, em que marido e mulher se abastecem continuamente.

Quando nos casamos, passamos a pertencer um ao outro, e esse relacionamento não pode estar firmado em egoísmo, competição ou rivalidade. Deus criou o casamento para apontar para o casamento final, aquele de Apocalipse 19, entre Cristo e a Igreja. 

Desfrutar da plenitude dessa aliança é obedecer a Deus e crescer em santidade, e aproveitar de algo belo e bom criado também para o prazer de seus filhos. A vida sexual dos casados não deve ser ríspida, sem sentimentos e automática, mas cheia de deleite, poesia, carícias e amor. Não pode ser algo mecânico e sem entusiasmo, mas uma experiência de delícias reservadas para os que fazem parte dessa aliança. Deus criou homem e mulher com a capacidade de dar e sentir prazer, e, dentro do casamento, essa é uma grande benção a ser constantemente desfrutada. 

Sabemos e consideramos que cada fase da vida tem seus desafios, mas Deus deseja que contemos com sua ajuda para que possamos lidar com os desafios e permanecer em obediência quanto a esse mandamento. 

Das muitas dádivas dadas por um bom Deus a seus filhos, a intimidade sexual é uma das maiores e mais proveitosas. Deus instituiu o casamento para que o homem e a mulher pudessem desfrutar dessa benção de forma superlativa e abundante. Que passemos a tratar com seriedade um assunto que Deus também trata com seriedade e a proteger e abençoar nosso casamento e nosso cônjuge com todas as ferramentas que o Senhor nos provê. 


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