Carta à Minha Amiga Mãe Solteira

Querida amiga mãe solteira, talvez eu não seja uma pessoa experiente no assunto para lhe escrever, afinal, não sou mãe ainda, mas com a graça de Deus quero trazer à sua memória alguns lembretes reais e importantes a respeito de sua maternidade solo. Passei recentemente por uma experiência e provei um vislumbre, embora pequeno, do que seja uma maternidade. Já tive uma criança pequena de 1 ano e alguns meses e um recém-nascido ao mesmo tempo em casa quando acolhi uma amiga que necessitava, passei com ela seu puerpério, foram quase dois meses morando aqui em minha casa e foram meses em que provei das alegrias e tristezas que acompanham a maternidade.

Assim como você, troquei fraldas, passei noites sem dormir tranquilamente, chorei escondida, brinquei até não dar mais conta, cansei e fiquei exausta, mas isto não se compara com o que tens passado, eu sei, pois, eu estava só ajudando uma amiga e  pode ser que você não tenha uma amiga ou alguém para lhe ajudar, pode ser que seja só você, literalmente sozinha. Eu bem que gostaria de te dizer que a maternidade é algo fácil e que vai passar, entretanto, ela é uma fase de adaptação e de novas descobertas que dura a vida toda e isto não é relacionado somente a respeito do novo ser que você concebeu, mas a respeito do evangelho, de Deus e de si mesma.

O primeiro lembrete no qual quero lhe fazer meditar é que não estás sozinha como pensas, o Criador de todas as coisas, o teu Pai está contigo, nas dores sentidas, na modificação do corpo, em cada enjoo e idas ao banheiro, Ele te acompanha, te guarda e cuida de ti, e essa é uma promessa que você pode encontrar em Lucas 12:27-30: 

Observem como crescem os lírios. Eles não trabalham nem tecem. Contudo, eu digo a vocês que nem Salomão, em todo o seu esplendor, vestiu-se como um deles. Se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada ao fogo, quanto mais vestirá vocês, homens de pequena fé! Não busquem ansiosamente o que comer ou beber; não se preocupem com isso. Pois o mundo pagão é que corre atrás dessas coisas; mas o Pai sabe que vocês precisam delas”.

Lucas 12:27-30

Minha querida amiga, Deus sabe do que você necessita. Eu não sei o motivo de sua solitude na maternidade, se foi por luto, por abandono, por negligência, por escolha, mas Deus sabe, e é Ele quem mantém e sustenta todas as coisas. Em toda maternidade há um propósito de Deus, propósitos inesperados que nos pegam de surpresa, mas que jamais fogem do controle daquele que concede vida.

O segundo lembrete é de que a maternidade é um dom dado por Deus para seu aperfeiçoamento, não um impedimento e muito menos uma prisão da qual você jamais se libertará. A maternidade sendo solo ou não, te fará mais parecida com Cristo através das fraldas a trocar, do choro a escutar, das birras a presenciar, do sono que se perderá, e é em cada um desses momentos que você provará da bondade de Deus por ter confiado nEle não somente sua vida, mas a vida de seu(a) filho(a). Esta é outra promessa que encontramos em Romanos 8:28 que diz:

Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito.

Romanos 8:28

Deus ama você, Deus ama o seu filho e isto não sou eu quem diz, mas a própria palavra dele: ambos foram amados desde o ventre. Lembre-se sempre de que tudo — e isso inclui você ser mãe solo — coopera para o seu bem, mesmo que seja difícil compreender nas noites sozinhas, nas consultas sem acompanhante, sem um ombro amigo, sem alguém que segure firme a sua mão, Deus age em teu favor, Deus se faz presente, Ele não somente satisfaz a solitude, como te completa plenamente.

O terceiro lembrete é que seu bebê não foi e não é um erro, ele(a) é uma herança que Alguém depositou em suas mãos, um Alguém que já escreveu toda a sua história. No Salmo 127 o rei Salomão escreve:

“Eis que os filhos são herança do Senhor, e o fruto do ventre o seu galardão. Como flechas na mão de um homem poderoso, assim são os filhos da mocidade. Bem-aventurado o homem que enche deles a sua aljava; não serão confundidos, mas falarão com os seus inimigos à porta”

Seu bebê faz parte do plano de Deus, e ele é uma herança. Não qualquer herança, mas uma herança dada pelo próprio Senhor. O contexto do salmo 127 é de peregrinação, de guerras, de momentos difíceis e quem possuía muitos filhos era bem-aventurado. Em uma outra versão a palavra galardão é substituída por recompensa, uma recompensa preparada e dada pelo próprio Senhor. Você consegue enxergar o privilégio de ser mãe? É uma dádiva vinda das mãos do próprio Deus. Gerar uma vida é o melhor presente que qualquer mulher no mundo poderia ganhar.

Amiga querida, cada maternidade é única, nenhuma será igual, mas todas nós que somos filhas do Deus altíssimo temos nele algo em comum: temos todo o suporte, consolo e amor que necessitamos neste momento em que nossos hormônios, sentimentos e pensamentos estão à flor da pele.

Então, como você deve enfrentar a dor, o abandono, o luto ou a solidão?

Buscando mais do Senhor, fazendo dele o seu tudo, pois, ele é o alfa, o ômega, princípio e fim. É nele, e não em algo parecido com ele, que você deve encontrar satisfação. Antes de ser mãe, você é filha de um Deus, e seu(a) filho(a) tem um Pai que cuida deles.

Querida amiga, termino esta carta lhe aconselhando a não derramar suas frustrações, medos e inseguranças em seus filhos, embora isso seja recorrente em sua maternidade, mas busque aos pés de Jesus a cura para tais sentimentos, faça com a herança que Deus te deu seja deleitosa e prazerosa, busque criar relacionamentos verdadeiros e saudáveis com seus filhos, gaste tempo e energia com conversas, brincadeiras e discipulado, elogie a sua herança, ouça cuidadosamente, seja um exemplo de cristã fiel, eduque-os no caminho do Senhor  e proceda com todo o amor.


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