Bem Me Quer ou Cristo me Quer? (Sobre Amizades Entre Homens e Mulheres)

Há um tópico sensível, que vem trazendo muita ansiedade e até mesmo confusão dentro do corpo de Cristo. Seria alguma interpretação do Apocalipse? Dança na igreja? Marca da Besta?

Não. É a amizade entre homens e mulheres.

Antes de mais nada, quero dizer que não parto aqui de um lugar de julgamento. Eu sei que é  muito comum para mulheres planejarmos demais, imaginarmos as possibilidades, interpretarmos gestos e enraizarmos nossos corações em sonhos “ideais”. Tão comum que aceitamos como normal. Mas é meu dever como amiga trazer verdades para que sejamos edificadas pela Palavra do Senhor, vivendo de forma harmônica com toda igreja de Cristo.

Quando recebi este tema para escrever, confesso que fiquei com receio de parecer muito dura ou sem empatia. Entretanto, com a graça de Deus, darei foco a  basicamente duas situações que acredito serem as mais comuns nesse assunto.

Comecemos lembrando que algumas de nós passam a vida inteira criando expectativas de vida para seus 20 e poucos anos. Achamos que o futuro ideal é nos casarmos cedo com um homem que parece um príncipe encantado perfeito e que o que nos espera é uma vida como a de famílias em comerciais de margarina.

Para alcançar esse propósito, flertamos com todos os irmãos solteiros da igreja. Afinal, alguém tem que gostar de mim, não é mesmo? O que vier, eu aceito, dizemos.

Queremos tanto criar nossa identidade como boas esposas e mães que isso vira o maior objetivo de nossa existência. 

O resultado?  Uma série de expectativas frustradas que causam dor. Queridas, esse tipo de mentalidade traz tantos problemas que não sou sequer capaz de cobri-los todos nesse texto. Amizades inautênticas com nossos irmãos nos fazem perder a real visão do Reino. Não glorificamos ao nosso Deus porque existe outro deus em nosso coração.

Além da evidente coleção de ídolos que acumulamos nesta situação, cito ainda o defraude emocional, a competitividade feminina, a irritabilidade, a ansiedade, a revolta, o controle excessivo e tantos outros males que uma amizade com intenções erradas pode causar.

Isso quer dizer que você não deve ser amiga de seus irmãos em Cristo? É CLARO QUE NÃO. Mas ser amiga não quer dizer que você está assinando ali um termo de possível esposa. Ame seu irmão porque ele é da mesma família espiritual que você. Ajude-o a crescer espiritualmente, dê a ele um bom testemunho, ore por ele, aponte-o sempre para a cruz de Cristo.

O Senhor é soberano inclusive sobre nossas amizades, e se de alguma delas surgir algo mais, o Senhor será soberano sobre isso também.

Agir com segundas intenções sem um coração voltado para a motivação correta pode inclusive trazer um casamento infeliz, muito aquém do esperado, com muitas feridas a serem tratadas.

No que devemos focar quando construímos amizades com nossos irmãos? Em nossa identidade e nossa motivação.

Porque eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim. (Gálatas 2:19,20)

Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz. (1 Pedro 2:9)

Apesar da nossa realidade terrena, devemos nos lembrar a todo instante que vivemos para além do que os olhos podem ver. Vivemos para a eternidade. Somos separados para Deus e vivemos para sua glória.

Tudo que nos tira desse propósito e inclina nosso coração para um fim em nós mesmos é vaidade, e não serve para nada (cf Eclesiastes 1:2).

Querida, se você já se encontra em uma situação em que não sabe se está presa em um defraude emocional ou se realmente está indo no caminho de um amor que glorifica ao único Rei de nossos corações, ore. Peça ao Senhor paz e discernimento para acordar desse limbo. A irmandade cristã é um bálsamo em nossa caminhada, por isso tente desabafar com irmãs mais experientes que você e busque conselhos daquelas que amam a Cristo tanto quanto você!

Um outro adendo que gostaria de trazer aqui é sobre nossa amizade com irmãos casados. Acho que muitas de nós já passamos pela situação de ter um amigo querido que se casa e não sabemos mais como lidar com essa amizade, ou agimos sem prudência e seguimos nos termos de sempre, como se nada tivesse mudado. Mas querida, mudou.

Por amor ao seu amigo e à esposa dele, sugiro duas opções.

A primeira é que você tente ser amiga da esposa dele, de maneira sincera. Como diz as Escrituras Sagradas:

Por isso, deixará o homem a seu pai e mãe [e unir-se-á a sua mulher], e, com sua mulher, serão os dois uma só carne. De modo que já não são dois, mas uma só carne. (Marcos 10:7,8)

O casal é um só. Se você quer seguir com uma amizade presente na vida de alguém casado, é necessário que a esposa seja incluída nas situações, no zelo, na dinâmica desta amizade. Não há que se separar o que é um, com segredos, desabafos, passeios ou qualquer outra coisa excludente de sua ajudadora e companheira.

A segunda, mais radical, é que se você não consegue se dar bem com a esposa do seu amigo ou não consegue criar laços afetivos com ela, honestamente afaste-se dele. Respeite-a. Entenda o quão sagrado é o matrimônio e não queira interferir nisso por  vaidade.

Pode parecer injusto o que estou dizendo, mas acima de qualquer afeto particular que possamos ter com pessoas específicas, somos um só corpo e buscamos nos tornar “…irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo, preservando a palavra da vida, para que, no Dia de Cristo, eu me glorie de que não corri em vão, nem me esforcei inutilmente” (Filipenses 2:15,16).

Que Jesus seja nosso melhor amigo e Rei todos os dias, em tudo que fizermos.


Esse post faz parte da nossa série de postagens de Agosto com o tema “A Mulher na Igreja”. Para ler todos os posts clique AQUI.