As Parábolas de Jesus: Os Lavradores Maus

“Que, pois, o senhor da vinha fará? Ele virá, destruirá aos lavradores, e dará a vinha a outros” (Marcos 12.9).

Leitura: Marcos 12:1-12

A parábola dos lavradores maus é encontrada nos três evangelhos sinóticos (são os evangelhos que narram a maioria das histórias sobre a vida e o ministério de Jesus Cristo, de acordo com o ponto de vista de cada autor), em Lucas 20:9–19, Marcos 12:1–12 e Mateus 21:33–46, dentre estes três relatos, eu gosto muito da forma como Marcos relata esta parábola que Jesus contou, direcionando-a, especialmente, aos escribas e fariseus. Esta parábola me remete a um  resumo do plano da redenção, nos permitindo ver aspectos como: criação, queda, juízo e redenção.

Jesus começa a parábola dizendo que um homem plantou uma vinha, e naquela época a vinha tinha um retorno grande econômico e necessitava de muitos cuidados, sendo algo precioso aos olhos de todos. A associação que é feita aqui é que o homem que plantou a vinha, é o próprio Deus, e a vinha representa seu Reino que Ele mesmo “plantou”. Deus criou todas as coisas, este é o primeiro reflexo da parábola referente ao aspecto do plano da redenção. Jesus mostra através desta parábola que há um Criador, tudo que existe foi criado por alguém. Mas este homem não parou por aí, ele não só plantou a vinha, mas também a cercou, a sebe era essa proteção. A cerca é uma alusão da separação entre os povos judeus e gentios e, inicialmente, o reino de Deus era para um único povo que, como vemos ao longo da Bíblia, o rejeitou, mas agora esse reino alcança todos os povos e nações. A cerca também representa a separação da idolatria, remetendo à proteção que o próprio Deus colocou para o seu povo.

O homem que plantou a vinha, criou, e protegeu, não somente colocando uma cerca, mas edificando uma torre para a vigia. Aqui se revela a grande preocupação do dono da vinha: a proteção do seu vinhedo. Igualmente, Deus nos oferece sempre sua proteção diária. A vinha estava perfeita, pronta para dar o seu retorno, e o homem da vinha arrendou ela para alguns lavradores. O arrendamento em termos simples é quando por meio de um contrato jurídico alguém que possui um bem cede para outrem, sendo definido um prazo para que as contas sejam acertadas e o pagamento seja feito. Todo o trabalho, esforço e investimento foi feito pelo dono da vinha, os lavradores iriam usufruir de uma colheita que eles não plantaram, e estavam aqui desfrutando de uma generosidade sem tamanho. Este é mais um aspecto do plano da redenção de Deus, Ele é muito generoso, assim como o homem da vinha, Deus nos dá mais do que merecemos, e a sua generosidade nos acompanha a cada dia, nas manhãs em que suas misericórdias se renovam em nossas vidas.

Quantas riquezas espirituais observarmos apenas no primeiro versículo da parábola! Com toda certeza, poderíamos extrair muito mais da fonte inesgotável que a Palavra do nosso Deus é, mas vamos continuar escavando esse grande tesouro.

Jesus continua a parábola, dizendo que o dono da vinha entregou-a para os lavradores e partiu, e passado um tempo, chegou o dia da prestação de contas. Uma das razões de eu amar como Marcos conta essa parábola, é que só neste evangelho vemos os detalhes de quem seriam os servos que o dono da vinha manda para essa prestação de contas: os profetas, como Isaías,  Jeremias e outros. O que acontecia com os profetas de Deus todas as vezes que eles confrontavam o povo? A mesma coisa que aconteceu aqui com esses servos na parábola: eles foram feridos, espancados, perseguidos, intimidados e, muitas vezes, mortos. A generosidade, bondade e misericórdia de Deus é semelhante a essa do homem da vinha, que insistiu em enviar mais e mais servos mesmo diante da resposta de rejeição e atrevimento daqueles com quem desde o início ele vinha sendo misericordioso.

A parábola atinge o ponto crucial no versículo 6 quando o homem da vinha manda o seu filho amado para a prestação de contas, e esse envio é o apontamento para o envio do Deus encarnado,  Jesus Cristo. Esse versículo demonstra o último esforço da generosa misericórdia de Deus e, na parábola, do homem da vinha. Acreditando que o seu herdeiro mais precioso seria respeitado, o dono da vinha o envia para que o pagamento fosse feito. Ao avistarem o herdeiro do dono da vinha, os lavradores maus arquitetam o seu plano e colocam em prática pensando que poderiam ficar com a herança. Eles o pegam e o matam. Há algo que essa cena te lembra ? Sim, o Herdeiro de todas as coisas também foi pego e morto. Os lavradores maus são aqueles que rejeitam a Deus e ao Seu Filho. Os escribas e fariseus que escutavam esta parábola já tinham entendido qual o personagem da parábola com que eles se relacionavam: eles eram os lavradores maus.

Por fim, a parábola chega na minha parte preferida, não pela vingança que o dono da vinha fará a esses lavradores maus, apesar de instintivamente desejarmos que o mal seja punido e ele será, mas ao lembrar que nós que não éramos o seu povo, através da manifestação da rejeição de Deus contra aqueles que O rejeitaram, podemos ser chamadas filhas de Deus e pertencentes ao povo de Deus agora. Deus havia escolhido um povo que o rejeitou, e então Ele expande a sua vinha e alcança a minha vida e a sua vida. O versículo 9 diz: “Que, pois, o senhor da vinha fará? Ele virá, destruirá aos lavradores, e dará a vinha a outros”. Deus nos deu a vinha que não era nossa, mas por causa do nosso Senhor Jesus Cristo ela passa a nos pertencer. E aqueles que a rejeitaram receberão o seu juízo, prestarão contas diante do dono da vinha. 

Marcos cita o salmo 118:22 que diz: “A pedra que os construtores rejeitaram se tornou cabeça de esquina”: Jesus Cristo é a pedra que no edifício espiritual une a todos que o recebem como Senhor e Salvador de suas vidas. É por causa da morte do Herdeiro da vinha que somos agraciadas com a herança eterna de vida. Ele não é só o Filho Amado do dono da vinha, Ele é a Pedra Angular, a Videira Verdadeira e o Filho do Agricultor. Somos uvas no vinhedo de Deus, os lavradores maus são as uvas que serão pisadas e prensadas no lagar e Jesus Cristo é o lavrador de nossas almas.

Celebre a vinha que foi dada a você, pela generosa misericórdia do nosso Deus, com obediência e temor!


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