As Parábolas de Jesus: A Viúva e o Juiz
Leitura: Lucas 18:1-8
Como já aprendemos nesta série, o objetivo das parábolas de Jesus era ensinar os seus discípulos acerca dos mistérios do Reino dos céus (cf. Mt 13:10-11). Acredito que a grande diferença de uma parábola ser um ensinamento transformador para nossas vidas ou uma simples analogia está em Jesus. Somente um relacionamento de intimidade com o Senhor pode nos trazer luz para interpretar a sabedoria de suas parábolas. Ele é a peça-chave para tal conhecimento.
A passagem bíblica encontrada em Lucas 18:1-8 nos ensina sobre o dever de orar sempre e nunca esmorecer (cf. Lc. 18:1). A Parábola da viúva tem 4 fundamentos importantes para nossa compreensão:
- Vida de oração
- Persistência
- Espera
- Fé
Vida de oração
A Bíblia sempre nos instruiu na busca de ter um relacionamento com Deus. Desde o Éden esse era o nosso chamado: falar com Deus. Andar com Ele. Apesar do pecado e da queda do homem, o propósito do Senhor para nós nunca mudou. O que Cristo quer de nós é uma vida de relacionamento. E como nos relacionamos com outra pessoa? Conhecendo esse alguém. O convívio constrói um relacionamento. Dia após dia você conhece o outro à medida em que conversam, trocam experiências, passam tempo juntos e confiam um no outro. Assim também é uma vida de oração: relacionamento dia após dia com Jesus.
E como orar? Essa parábola nos ensina a não deixarmos de orar e buscar o Pai que está nos céus. Não é pedir a Ele sempre que quisermos algo ou só lembrar do seu poder quando estivermos em apuros. É viver uma vida de oração em que tanto faz estarmos lavando louças, dobrando roupas, trabalhando no computador ou na vigília de oração da nossa igreja, a nossa vida irá refletir o nosso relacionamento com o Pai porque oramos. Orar não é apenas um privilégio, mas um dever. Será que o temos cumprido com excelência?
A Palavra de Deus, ao falar da viúva, traz a ideia de que ela ia ter com o juiz todos os dias: “Havia também, naquela mesma cidade, uma viúva que vinha ter com ele.” (Lc 18:3) Constantemente ela ia lhe pedir que fosse feita justiça. O juiz na parábola era conhecido por ser um juiz iníquo, uma autoridade que não temia a Deus e não respeitava homem algum (cf. Lc. 18:2).
Imagine quão humilhante era para essa mulher viúva se submeter a tal insistência com um homem mau para conseguir justiça à sua causa? Acredito que o Senhor traz essa comparação para nos dar esse choque de realidade: Se essa viúva se submetia a um encontro desconfortável, quem somos nós para não buscar ter encontros diários e transformadores com Jesus?
E assim caminhamos para o segundo ponto deste estudo: a persistência.
Persistência
Eu particularmente sou encantada pela parábola da viúva e o juiz. Não é à toa que sempre trago ela como exemplo nas conversas quando o assunto é persistência. Não somente lembro de pedir e orar, mas sim de perseverar, pois se tem alguém que persistiu no que buscava foi ela. E não era só o fato de orar que Jesus buscava ensinar com essa parábola, mas muito mais o dever de perseverarmos na Sua Vontade.
A Palavra de Deus vai nos dizer que ela insistia de tal forma com o juiz que o importunava (cf. Lc 18:5). Do mesmo jeito que ela percebeu que para ter êxito na sua justiça era preciso não apenas comunicar ao juiz a sua causa, mas insistir no seu pedido; nós aprendemos que não é suficiente orarmos uma vez, mas sim devemos viver uma vida de oração perseverante que busca incessantemente fazer a vontade do Senhor.
Será que temos sido perseverantes em buscar cumprir a vontade de Deus?
Espera
Com a viúva também aprendemos que precisamos esperar em Deus para alcançar o que precisamos. O tempo é o aliado de quem vive uma vida de oração e espera a resposta do Senhor. Quantas vezes você já desistiu daquilo que orava porque não perseverou ou não soube esperar? A palavra de Deus nos ensina que há tempo certo pra tudo (cf. Eclesiastes 3).
Nós, nessa vida imediatista e querendo resolver tudo do nosso jeito, temos a sensação de que Deus pode estar demorando para atender nossos pedidos. “Mas, Senhor, já faz tanto tempo que eu não vejo o teu agir!”
Precisamos aprender a olhar para a vida sob a perspectiva de Deus. O tempo para o Senhor é diferente. O que para nós parece demorar, para Ele é o tempo necessário.
Amada, a “demora” de Deus é um exercício para a nossa fé. Enquanto esperamos, crescemos em fé e confiança no relacionamento com Deus. É na espera que aprendemos a descansar, confiar, perseverar e a querer tudo aquilo que Deus quer. A espera com Deus é não dar margem para o engano humano. O Senhor agirá em seu tempo devido. Tão somente espere. É fácil? Não. Mas é seguro. Confiar e esperar em Deus é passar pelo vale da sombra da morte sabendo que com Ele, repousaremos em pastos verdejantes.
Fé
Ao final da parábola, Jesus exorta os seus discípulos quanto à fé que eles tinham. O contraste entre o Juiz iníquo e Deus nos faz voltar os olhos para a bondade e a misericórdia do Senhor. Aquele juiz estava longe de ser justo, além de não temer a Deus, não se importava com os homens. A viúva não era ninguém para este juiz e ainda sim, a sua perseverança mudou o julgamento da sua causa. O que antes poderia ter sido esquecido, foi atendido devido a tamanha insistência.
Diferente deste juiz, Deus que é rico em misericórdia, inclina-se para atender as nossas orações e deseja fazer justiça aos seus escolhidos. Deus não demora. Deus não tarda. Deus não esquece. Ele nos fará justiça e depressa. Mas, quando Ele vier, encontrará fé em nós? (cf. Lc 18:7-8)
Talvez você esteja passando por um momento de desânimo na sua vida de oração. A sua fé parece fraca e você não consegue ser constante, não consegue perseverar. Deixa-me te dizer uma coisa, querida: a força não vem de nós, é tudo pela graça de Deus! E por isso oramos no início desse estudo, para buscarmos forças no Senhor. Não estaremos livres das setas de ansiedade e desânimo na nossa vida espiritual assim como também a viúva teve dias maus, haverá dias mais difíceis que outros para nós. A grande diferença que muda toda a história é que não temos um juiz cruel e iníquo, mas um Pai Celestial, bondoso e compassivo, que ama os seus filhos e deu a sua vida para que houvesse salvação e vida eterna.
O maior interessado em ter relacionamento conosco é Deus e para isso Jesus foi à cruz. Jesus, ao nos ensinar a orar sempre e não desanimar nessa parábola estava nos dizendo: “Insista mais uma vez. Persevere mais um pouco. Eu voltarei logo e não tardarei. A tua causa é minha, descansa e espera. Eu venho depressa.”
Ore e alegre-se. Jesus está voltando!
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