A Sabedoria em Provérbios: Mulher Sábia – Lições de Provérbios para Construir e Edificar o Lar 

O livro de Provérbios é riquíssimo em ensinamentos de vida prática. Tratando de temas que vão de casamento a finanças, de relacionamentos a comida, Provérbios é um verdadeiro tesouro de sabedoria. Ao nos aproximarmos de Provérbios, é muito importante lembrar que, apesar de tantas diretrizes, o puro seguimento de regras não traz sabedoria. Ainda que alguém seguisse todas as regras morais contidas em Provérbios, sem o verdadeiro temor do Senhor, de nada valeria. O objetivo de Provérbios não é melhorar nossas vidas ou fazer-nos moralmente corretos, mas o alvo principal deste livro é direcionar-nos Àquele que concede a sabedoria (cf. Mt 11:42).

Dentre os muitos temas abordados nesse livro, destaca-se a figura da mulher sábia e da insensata em Provérbios 14:1. Em tempos cada vez mais corridos, onde tantas vozes querem nos dizer o que é ser mulher e o que é sabedoria, revisitar as lições bíblicas sobre o papel da mulher na construção do lar se faz necessário. Provérbios não descreve uma mulher sábia como passiva ou submissa às circunstâncias, mas, sim, uma mulher ativa, prudente, firme e temente a Deus, cuja vida e atitudes marcam positivamente todos ao seu redor. A seguir, exploraremos três lições principais que Provérbios nos oferece sobre como ser uma mulher sábia que edifica o lar: temor ao Senhor como base, sabedoria nas palavras e ações e diligência no cuidado com a família e com a casa.

O temor ao Senhor: alicerce da sabedoria

Provérbios 1:7 afirma: “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento, mas os insensatos desprezam a sabedoria e a disciplina.” Nesta verdade está o alicerce da sabedoria para qualquer pessoa, inclusive para nós, mulheres. Antes de qualquer atitude prática, a construção de um lar começa pela base espiritual. Assim como um empreiteiro de obras não começa a construir uma casa pelo telhado e só depois faz o alicerce, da mesma forma não podemos construir um lar para a glória de Deus sem que o alicerce, Cristo Jesus, esteja posto. Quaisquer paredes ou ornamentos, ou seja, qualquer atitude prática, por melhor que seja, ruirão sem que o alicerce esteja firme. O temor ao Senhor não é medo, mas reverência, respeito profundo e desejo sincero de viver de acordo com os princípios divinos estabelecidos pela Bíblia. É esse alicerce em Deus que orienta todas as demais decisões da mulher que deseja edificar sua casa.

A mulher sábia entende que sua força não está em sua capacidade de organização ou inteligência emocional, mas na sua intimidade com Deus. É na oração que ela busca direção, é na Palavra que encontra respostas e é no relacionamento com o Espírito Santo que ela recebe discernimento para lidar com os desafios do dia-a-dia. Por melhores que sejam outras ferramentas, como métodos de organização e gerenciamento, cursos sobre educação de filhos, livros de hospitalidade… sem a dependência do Senhor tudo isso não passará de meros esforços humanos, destituídos do poder que vem do alto. Provérbios 31:30 reforça isso ao dizer: “Enganosa é a graça e vã é a formosura, mas a mulher que teme ao Senhor, essa será louvada”. Veja, a Palavra não diz que a mulher mais organizada será louvada, que a mulher cuja casa vive impecável será louvada, que a mulher cujos filhos são absolutamente obedientes será louvada. Todas essas coisas não são ruins, é claro, em verdade, têm grande valor. Porém, ser louvada por uma casa impecável é infinitamente inferior do que ser louvada por ser uma mulher que teme ao Deus Vivo. 

Portanto, a primeira e mais importante lição de Provérbios para as mulheres é que, sem o temor ao Senhor, é impossível exercer sabedoria verdadeira. Somente uma mulher que caminha com Deus é capaz de edificar um lar sólido, mesmo diante das tempestades internas e externas da vida.

Sabedoria nas palavras e atitudes

Provérbios 14:1 nos traz uma das declarações mais diretas e profundas sobre o impacto da mulher no lar: “A mulher sábia edifica a sua casa, mas a insensata, com as próprias mãos, a derruba.” Aqui, vemos que a influência da mulher tem o poder de construir ou destruir. Não se trata apenas de tarefas físicas ou responsabilidades domésticas, mas de atitudes que trazem vida, e não morte.

A mulher sábia é aquela que controla sua língua, que não se apressa em julgar ou criticar, mas que fala com amor, verdade e compaixão. Provérbios 15:1 afirma: “A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira.” Essa mulher entende que o tom e o conteúdo das palavras têm um efeito direto no ambiente familiar. Aqui não se trata de falar de modo infantilizado ou acuado como sendo sinônimo de sabedoria; é plenamente possível falar com amor e firmeza ao mesmo tempo. Com nossas palavras e com a forma como nos comunicamos podemos promover a paz ou acender as chamas de conflitos; podemos afirmar e encorajar filhos, esposo, pais, irmãos, colegas de quarto, ou podemos desencorajá-los e afastá-los.

Além das palavras, as atitudes de uma mulher que teme a Deus são marcadas pela sabedoria. A mulher de Provérbios 31, por exemplo, não se limita a reagir às situações, mas age com proatividade e visão. Ela cuida dos negócios do lar, mas também administra, orienta e lidera com equilíbrio e prudência. A sabedoria se manifesta tanto nas pequenas decisões do cotidiano quanto nas grandes escolhas da vida familiar.

Diligência e cuidado no lar e na família

Por falar em Provérbios 31, vemos ali um dos exemplos bíblicos da mulher sábia como alguém diligente, trabalhadora e atenta às necessidades de sua casa. Nesse capítulo, vemos uma mulher que se levanta cedo, que planeja, que cuida dos filhos, do marido, da casa e até dos negócios. Ela não é ociosa, mas encontra dignidade e propósito em servir sua família com amor e zelo.

Ser diligente não significa perfeição ou exaustão, mas, sim, responsabilidade, constância e amor no que se faz. O oposto da preguiça não é a hiperprodutividade, tão propagada em nossos dias, mas a diligência. Em várias passagens de provérbios vemos o autor contrastando o preguiçoso com o diligente (10:4; 12:24, 27; 19:24). A mulher sábia não negligencia o lar, mas também sabe equilibrar suas prioridades. Ela entende que sua casa é o primeiro ministério que Deus lhe confiou e, por isso, cuida dela com carinho e reverência, ainda que tenha outras responsabilidades para além do lar.

Ter o lar como prioridade não significa, necessariamente, ser mãe e dona de casa em tempo integral, por exemplo, mas implica saber que o lar (e especialmente as pessoas que ali habitam) deve ter primazia na vida cotidiana. Pessoas são muito mais importantes que coisas. De nada adianta ter um lar perfeitamente ordenado às custas de irritação e gritaria, é vão ter filhos que apresentem uma obediência quase militar se o preço pra isso é o excesso de punição e a falta de afeto, é inútil largar uma carreira para dedicar-se à família se o preço disso for uma mulher que, sim, está sempre em casa, mas também está sempre reclamando por justamente estar ali. 

Queridas, a sabedoria precisa partir do alto, entrar em nossos corações e então se apresentar em ações. Práticas sábias podem esconder um falso moralismo, sabedoria teórica sem ações é apenas conhecimento vazio. Só poderemos começar a ser mulheres sábias que edificam o lar e os que nos rodeiam quando reconhecermos que essa sabedoria não vem de nós mesma, mas do Pai das luzes (cf. Tg 1:17). 

Seja você casada, solteira, viúva ou divorciada, você mora em um lar. Deus te colocou em um determinado lugar em que te chamou para exercer influência. Como tem sido a influência que tem partido de você? De sua boca tem fluído palavras de vida ou de morte (cf. Pv 18:21)? Suas ações são temperadas com amor (cf. 1Co 16:14)? Seu coração está firmado em Cristo, a Rocha Eterna (cf. Is 28:16)?

Graças a Deus, que não represa para si sua infinita sabedoria, mas liberalmente a concede àqueles que lhe pedem. Peçamos a ele a graça de sermos mulheres sábias que apontam para Cristo com um viver digno daquelas que são filhas amadas do Senhor.  

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