A falsa modéstia

A modéstia para muitas de nós é uma pauta recorrente, um assunto que inclusive devemos expor e comunicar quando necessário. Diante de nossos guarda-roupas não deve haver embaraço, nossas vestes devem expressar a verdade bíblica da humildade que existe dentro de nossos corações. O que quero hoje, nesse texto, é refletir com vocês sobre essa última afirmação. Há em nossos corações a verdade única e bíblica da humildade? Seguimos um padrão estabelecido por nossa visão de mundo, sobre nossos costumes e sobre o que achamos que a verdadeira modéstia é, ou existe gravado em nossos corações as palavras da verdade que liberta o coração e os pensamentos das correntes do pecado, nos trazendo a humildade em sua pureza e verdade?

O orgulho do homem o humilha, mas o de espírito humilde obtém honra. (Provérbios 29:23)

Frente a um confronto como o desse verso, gostaria de me colocar ao lado de vocês diante desse desafio de viver o que a Bíblia traz a respeito de um procedimento humilde de caráter e vida. É necessário uma avaliação interna e profunda dos males que assombram nossos desejos e tornam nosso caráter piedoso e manso em ego inflado.

A reflexão que cabe é que ser modesta não significa agir com modéstia simplesmente, mas envolve questões de identidade, abnegação, empatia e esforço sacrificial.

O que gera o problema da falsa modéstia não é ter um guarda-roupa bem selecionado e decente, ou uma voz doce, ou atitudes caridosas, mas sim uma questão mais profunda de quem você é, de quem eu sou – de identidade. O problema vem quando a humildade vira uma arma nas mãos da vaidade e do ego, e quando temos um desejo de superioridade, quando não deixamos as Escrituras entrarem, fazendo varredura em nossas almas.

Li uma frase esses dias que tem muito sentido: “é melhor remover sementes do que árvores”. Se esse pecado é diagnosticado nas motivações de nossas ações e comportamentos, precisamos evitar deixar que suas raízes cresçam e se prendam em nossas mentes e corações. Seremos sábias em remover essas pequenas sementes de falso recato. Confessar o caráter soberbo de nosso ser libertará a alma, deixaremos de ser juízas de nossos irmãos e passaremos a agir com sabedoria submissa ao conhecimento do Senhor, e não com hipocrisia, como a citação de Mateus 7.

E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão. (Mateus 7:3-5)

A razão para o abandono dessa falsa modéstia é evitar o mal que em nós habita, precisamos detestar o mal pelo fato de nosso Senhor assim fazer. Em nossa carnalidade criamos partidos inúteis em nossas mentes. Detestamos a falsa modéstia, mas fazemos questão de ter créditos diante do testemunho de decência na forma que nos portamos; nos revoltamos contra o feminismo mas abraçamos pensamentos e práticas impuros; admiramos heroínas da fé mas gostamos de nossa preguiça; não aceitamos frases negativas, mas dificilmente o contentamento é encontrado em nossos lábios e corações.

Esses são fatores distanciadores da Verdade, são os motivos de às vezes não estarmos de acordo com o padrão colocado por Deus em nossas vidas, fazendo nossa postura diante Dele balançar. O reconhecimento vago ou não real do que Cristo fez por nós, e de Sua suficiência em nossas vidas, realizando tudo e operando em tudo que fazemos é desastroso e fatal às nossas almas. Não há méritos, não há atuações, não há nada de bom que possa ser achado em nós, a não ser pela dádiva dada por Cristo Jesus. Por misericórdia Ele usa vidas como as nossas para manifestação e participação de Sua perfeita glória e obra.

Deus criou tudo do nada, e tudo o que Deus usa, primeiro Ele reduz a nada. (Soren Kierkegaard)

Lembrar de nossas transgressões perdoadas, lembrar de nossa transformação, da destituição que havia sobre nós anteriormente e olhar para nosso estado de graça e misericórdia, de nossa condição santa diante de Deus e de nossa futura e eterna posição na glória são nossos gritos de vitória diante do pecado da falsa modéstia.

Deus criou tudo do nada, e tudo o que Deus usa, primeiro Ele reduz a nada. (Soren Kierkegaard) Click To Tweet

Esse título não cabe a nós, esse posicionamento não nos cabe. Voltemos às Escrituras, voltemos à oração, voltemos ao Senhor. Isso nos cabe, isso Ele nos deixou, isso Ele quer de nós.

Nós precisamos voltar ao Senhor e diante Dele reconhecer nosso tamanho, nossa fragilidade e a benção de pertencermos à Sua família – só isso poderá criar uma modéstia humilde em nós.

Com carinho, de sua amiga,
Tairine