Você gosta de Pinã Colada? (A teologia também é para as mulheres)

Calma, jovem, isso não é um incentivo à bebedeira. E não, não estou dizendo que devemos ser pastoras. Então “que que” tem a ver um tema com o outro? Calma! Exerça a sua paciência e venha comigo neste raciocínio.

Em 1979, Rupert Holmes fez uma música, do tipo chiclete (aquela que gruda na cabeça por horas), chamada Escape (The Piña Colada song), um clássico que cantamos só a primeira parte, “If you like Pinã Coladas”, e completamos o restante com na na na na na na. Eu gosto dessa música, confesso. Os acordes são repetitivos e a letra é a mais insana possível, mas gosto.

A canção fala de um cara que estava cansado da esposa e entediado com a vida. Enquanto lia um jornal, viu um classificado de uma mulher que estava procurando um amor que gostasse de Piña Coladas, de ser surpreendido pela chuva, de fazer yoga e outras coisas mais. Seduzido por isso, ele escreve para a moça e diz que a encontrará ao meio-dia em um bar e, lá, planejariam a fuga. Para a surpresa do traidor, a mulher que havia escrito o classificado era sua esposa. E então ele diz: “eu não sabia que era você!”. Ele não fazia ideia de que a esposa gostava de tudo aquilo.

Eu me converti aos 7 anos. Não tenho dúvidas de que naquele momento o Senhor me resgatou para Si, mas foi aos 22 anos que, estudando as Escrituras, tive a mesma reação que o homem da música: oh, Deus, eu não sabia que o Senhor era assim!

Mulheres, por que tememos tanto estudar a Bíblia? De fato, há um incentivo maior sobre os homens, uma vez que são eles que assumirão cargos de pastoreio, seja no lar ou na igreja. Mas quem disse que o estudo profundo da Bíblia é só para eles?

Conversando com algumas mulheres, e me recordando de como eu era, coletei algumas respostas:

Temos medo de saber quem verdadeiramente Deus é

Nós servimos na igreja. Nós fazemos parte da reunião de oração. Nós damos a palavra na reunião das mulheres. Nós oramos da nossa forma. Jejuamos da nossa forma. Servimos da nossa forma. E a verdade é que temos medo de descobrir que erramos em todas as formas. Temos medo de descobrir que Deus não era como a gente imaginava (graças a Deus!). Temos medo de nos encontrar com Deus em sua Palavra e dizer “eu não sabia que o Senhor era assim” e tememos o resultado de quem Ele possa ser.

Eu entendo, minha irmã. Nós criamos um deus a partir do nosso conceito de amor, de serviço, de justiça, de misericórdia… E abrimos a Bíblia e descobrimos que o Deus da Escritura não se parece com o deus que acreditamos, pelo menos em alguns pontos.

Esse baque pode acontecer. Ao estudarmos as Escrituras, nós vamos nos deparar com atos e atributos de Deus que nos causarão confusão. Você vai ficar confusa, não duvide disso. Você vai perder sua noite de sono refletindo sobre quem você adora e deixe-me dizer: isso vai doer. Sua confusão, porém, precisa te levar aos pés de Cristo e dizer: Senhor, me ensina mais de Ti. Com o passar do tempo, o Espírito Santo te trará mais e mais clareza acerca da verdade. Você conhecerá o Deus verdadeiro! E você vai perceber que Ele é melhor do que qualquer coisa que você possa imaginar.

Temos medo de saber que nossas atitudes estão erradas

Coloquemos as cartas na mesa: o Deus da Escritura exige compromisso de suas ovelhas e isso requer um abrir mão dos nossos desejos tão errôneos para que tenhamos “a mente de Cristo”. Como contornar essa situação então? Oras, dizemos que o Antigo Testamento não vale para hoje; que Cristo veio para nos mostrar paz e amor; que Deus é amor e Ele quer que nos sintamos bem; que a igreja foi feita por homens; que você vive mais o amor de Deus fora da igreja do que dentro. E então criamos um deus para satisfazer nossas atitudes, mas no fundo, lá no fundo, sabemos que elas não estão corretas. Ao estudarmos as Escrituras, saberemos como agir da forma que Deus quer e não mais de acordo com o que queremos e isso, inicialmente, nos causa temor.

Temos medo de nos tornarmos frias

Esse é um dos maiores medos: me tornar insensível. J. C. Ryle diz, em sua obra intitulada Santidade, que “os maiores cristãos sempre tiveram o mais profundo senso de sua total indignidade e imperfeição. Quanto maior a iluminação espiritual que desfrutavam, tanto mais percebiam seus incontáveis defeitos e debilidades. Quanto maior graça receberam, tanto mais foram cingidos de humildade”.

Quanto mais de Deus soubermos, melhores cristãos nos tornaremos.

“Mas a letra mata”, você pode dizer. Minha irmã, essa passagem de 2 Coríntios 3.6 é explicada logo no versículo seguinte, quando o apóstolo Paulo cita Moisés e a pedra (tábua): “a letra” é a Lei Mosaica, referência à antiga aliança, que requer obediência absoluta. E quem consegue isso uma vez que é impossível cumprirmos perfeitamente tudo o que Deus nos ordenou? Porém, o “espírito vivifica” está relacionado a essa nossa segunda e nova aliança – É Cristo quem cumpre o que nós não conseguimos. Somos aceitos diante de Deus pela obra de Cristo Jesus. O versículo não é um chamado a não estudar a Bíblia.

Por que estudar Teologia?

Quando digo “estudar Teologia”, logo há um desespero. Não estou dizendo para você começar um curso de Teologia. Não é isso! Teologia tão somente é o estudo sobre Deus. E onde se sabe sobre Deus? Unicamente nas Escrituras. Ele se revelou em Sua Palavra e esse é o único meio de O conhecermos. Esse é o maior motivo de estudarmos as Escrituras: conhecer a Deus. Quando conhecemos a Deus, sabemos adorá-lo da forma que Ele deseja; sabemos agir com o próximo; sabemos servir no lar, na igreja e no trabalho; sabemos distinguir quando uma doutrina está errada e não somos levados por qualquer vento de doutrina.

Há uma música do Stevie Wonder chamada Superstition e ela diz o seguinte: “quando você acredita em coisas que não entende, então você sofre”. Nós sofremos quando adoramos o que não conhecemos. Eu te convido a não sofrer mais, minha irmã. Saia dessas superstições e achismos e venha conhecer seu Criador.

Saia de superstições e achismos e venha conhecer seu Criador. Click To Tweet

Em Cristo,
Nayane