A caixa do medo

Medo. Essa é a palavra que tem me atormentado nos últimos dias. Um medo absurdo, um medo de tudo. Medo de viver, medo de morrer, medo de perder, medo de ter.

É uma confusão mental que nem sequer faz sentido.

Tenho visto ao meu redor as pessoas sofrendo. Cada casa que vou, cada conversa que tenho, alguém com problemas. Abusos, descasos, problemas, gritarias, perdas, sofrimento, dor, tortura, desespero. É tanta coisa ruim que me sufoca, que me assusta, e eu já nem sei pra onde correr e, na verdade, nem sei de quem correr.

Se o inimigo está sempre a solta e ao nosso redor, então cada segundo que estamos vivos, cada segundo que não somos atacados, cada segundo que não somos destruídos, é um milagre. Um grande milagre de Deus.

Cada segundo que não somos destruídos, é um milagre. Um grande milagre de Deus. Click To Tweet

Porque se existem duas forças no mundo – Deus e o inimigo – então enquanto não sucumbimos em um é porque estamos seguros no outro. Certo?

Eu não posso viver em uma caixa. Ninguém pode. A gente se esconde em qualquer lugar, em todo lugar, mas em qualquer e todo lugar ali está o inimigo. Ali está o pecado. DENTRO DE MIM. Este é meu pecado e meu inimigo – eu mesma. E se eu não posso fugir de mim, a não ser pela morte, então é na morte que teremos real liberdade de tudo que é ruim. Só há um lugar onde não existe a dor e o sofrimento e nesse lugar não se entra vivo.

Então porque eu temo? Eu sei que Ele me ama. Eu sei eu sou dEle. Eu sei que, no final do meu último suspiro aqui, estará o primeiro suspiro na eternidade. Eternidade sem dor. Então porque eu corro disso ao invés de correr para isso?

Na verdade, não tenho medo da morte nem de morrer. Tenho medo da vida, do que acontece nela. Tenho medo do que os outros podem fazer. E penso em mil soluções: não sair em tal horário, não me expor dessa e daquela forma, não olhar aqui, não mexer ali. Novamente, a caixa. Não posso viver na caixa. Mesmo porque EU ainda estaria dentro da caixa, e se estou ali, ali também está a dor e o sofrimento.

Chega da caixa.

Eu preciso sair dela.

Me expor. Dar a cara a tapa. Colocar pro mundo ver a minha fragilidade e mostrar Quem é que me protege. Quer dizer, se você está em um barco, e ele está afundando, você prefere tentar nadar por sua vida ou se agarrar ao barco e morrer com certeza?

Eu não quero desperdiçar minha vida. Viver na caixa, me agarrar ao barco, é impedir que minha vida dê qualquer tipo de fruto.

Viver na caixa, me agarrar ao barco, é impedir que minha vida dê fruto. Click To Tweet

O fruto precisa cair e morrer pra que a semente germine e nasça novamente. E eu preciso sair da caixa para respirar e florescer. Fora da caixa há vida, mas fora da caixa há também morte. Fora da caixa há cor, mas fora da caixa há também escuridão. Entretanto, dentro da caixa há somente morte e escuridão. Qual o objetivo, então? Qual o sentido disso?

É fora da caixa que eu encontro outros. Quebrados. Perdidos. Famintos. Pessoas que nem sequer tiveram a oportunidade de um dia na vida terem uma caixa. Nunca puderam se esconder. Não tiveram a escolha de sair da caixa. Simplesmente foram jogados no mundo, sem direito a nenhuma proteção, a nenhuma caixa. Então, ao invés de tentar colocá-los na minha caixa, e sufocá-los ali, eu preciso sair dela ao encontro deles. Porque fora da caixa é onde Deus está. E fora da caixa é onde Ele quer que eu esteja também. Alcançando pessoas. Buscando aqueles que Ele colocou ali.

Quando eu caio e morro e me permito germinar, a vida flui de mim. Faz todo sentido, assim, o que Jesus disse sobre perder sua vida para achá-la. É sair da caixa. É morrer a fruta para germinar a semente.

Quando eu caio e morro e me permito germinar, a vida flui de mim. Click To Tweet

É viver sem medo, sem amarras, sem proteções falsas de homens.

É viver completamente à mercê, sabendo que existe um muro invisível, um muro feito de anjos e mãos poderosas que me protegem. Quando estou fora da caixa. Quando estou lá fora – sem medo, sem segurança forjada. Apenas confiante, me jogando. Sem me debater, me permitindo.

Fora da caixa.

Respirando.

Fora da minha caixa.

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Mês passado eu viajei sozinha da cidade do noivo até a casa dos meus pais. Peguei o primeiro avião às 4:30 da manhã e cheguei no outro aeroporto às 11:30h. Teria que esperar até às 23:30h para pegar o voo rumo à casa dos meus pais. Ou seja, ficaria 12 horas sozinha em um aeroporto. Há 2976 km do noivo e 6490 km dos meus pais.

Tudo ia bem (na medida do possível) até que a internet que eu tinha para me comunicar com todo mundo parou. PAROU. No aeroporto inteiro. Isso significava 12 horas sozinha, SEM COMUNICAÇÃO com ninguém.

Eu pirei. O medo me sufocou, o desespero me cegou. Corri pro banheiro e chorei. Sem palavras eu clamava “Senhor, Senhor!!”.

Sim, olhando agora, de fora da situação, parece algo extremamente bobo. 12 horas sozinha não é nada ruim. Quer dizer que eu podia ler, descansar, passear. Mas, o meu ser desesperado e medroso só viu as partes ruins e o desespero.

Foi por causa dessa situação (que no final ficou tudo bem, pouco tempo antes de eu entrar no avião a internet voltou e consegui avisar todo mundo) que eu escrevi esse texto, essa escrita livre. Que o Senhor me ajude a deixar de ser medrosa e ser quem Ele me chamou para ser. Afinal, “Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio.” 2 Timóteo 1:7

Você sofre com isso também? Com esse medo irracional? Vamos conversar e nos ajudar nos comentários. Te espero!

Em Cristo,
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