Sinais dos Finais dos Tempos – Profecias Bíblicas Explicadas

Texto chave: Mateus 24:1-31

Quando o Evangelho começou a fazer sentido para mim, eu me deslumbrava em cada descoberta. Tinha uma coisa, porém, que me deixava aflita: o arrebatamento. Ah, como  esse tópico me trazia ansiedade. Lembro de brincar sobre isso, mas com certo temor, sabendo que seria algo real. E se eu não subisse como aqueles que eu amo subiriam? E se eu ficasse para trás e só me sobrasse a bagunça que deixaram? Sem contar a vergonha que seria encarar os que restaram. Acredito que eu não era a única a me sentir assim, pois este assunto instiga um certo interesse em qualquer um de nós e estou contando com a sua compreensão, uma vez que até hoje a escatologia (estudo do fim dos tempos) é algo complexo para mim, apesar de ter crescido e amadurecido na fé desde aquele tempo. Porém, vamos mergulhar juntas nesse assunto tão intrigante e aprender um pouco mais sobre o que a Bíblia tem a nos dizer. 

Como as coisas vão acabar é uma curiosidade natural, inclusive foi assim para os discípulos:

“Dize-nos quando sucederão estas coisas e que sinal haverá da tua vinda e da consumação do século.” Mateus 24:3 

A conversa que aconteceu em Mateus 24 se deu no Monte das Oliveiras, onde Jesus proferiu o famoso discurso sobre o fim dos tempos. Em Jeremias 14, o profeta prediz que o Messias estará sobre o Monte das Oliveiras para julgar as nações e inaugurar seu reino na terra. Por isso, os discípulos estão tão curiosos, assim como nós estaríamos se estivéssemos em seu lugar. É através da pergunta deles que Jesus revela o que acontecerá quando for a hora de sua segunda vinda. 

A fim de tornar nosso tempo mais produtivo, vamos focar em Mateus 24, em vez de tentarmos abraçar exaustivamente todas as profecias bíblicas sobre o fim dos tempos. Neste capítulo, Jesus Cristo está discorrendo sobre tópicos diferentes, embora façam parte do mesmo assunto. Para fins didáticos, vamos passar então sobre cada um desses tópicos separadamente: os sinais dos fins dos tempos, a abominação da desolação (a Grande Tribulação) e, por fim, a segunda vinda do Rei. 

Os Sinais dos Fins dos Tempos

Jesus Cristo nos adverte, nos versículos de 4-6, dizendo: “Vede que ninguém vos engane. Porque virão muitos em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo, e enganarão a muitos. E, certamente, ouvireis falar de guerras e rumores de guerras; vede, não vos assusteis, porque é necessário assim acontecer, mas ainda não é o fim.” Aqui, Jesus Cristo mostra que esses acontecimentos não indicam que Sua segunda vinda estará bem próxima. Essas questões  serão, sim, sinais, mas Ele deseja que olhemos para além dessas coisas a fim de entender o final dos tempos. 

Jesus usa a metáfora de uma gravidez e os estágios do trabalho de parto, assim como os profetas usaram no Antigo Testamento, em passagens como Is. 13:8; 26:17; Je. 4:31; 6:24; Mi. 4:9-10. Nos versículos 7-8, lemos que o princípio das dores se define em fome, terremotos e nações se levantando umas contra as outras. O apóstolo João recebeu mais revelações sobre esses eventos (Ap. 6:1-8; 8:5-13; 9:13-21; 16:2-21). Esse, porém, é “somente” o princípio das dores, e muitos teólogos sustentam que esse tempo precede a grande tribulação, na qual as dores serão intensificadas. 

A fim de nos mostrar a conexão entre a revelação de Jesus aos discípulos e a revelação para o apóstolo João, Renald Showers, em “Maranatha: Our Lord, Come!”, mostra a interrelação entre esses princípios das dores em Mateus 24 com os quatro primeiros selos em Apocalipse 6:

Falsos messias enganando a muitos – Primeiro selo: cavaleiro em cavalo branco, um falso messias.

Guerras e conflitos entre nações – Segundo selo: cavaleiro em cavalo vermelho tirando a paz da terra.

Fome – Terceiro selo: cavaleiro em cavalo preto segurando balança, representando fome

Morte através de fome, terremotos, doenças – Quarto selo: cavaleiro em cavalo amarelo, representando pestilências, fome e bestas feras trazendo morte.

“Então, sereis atribulados, e vos matarão. Sereis odiados de todas as nações, por causa do meu nome. Nesse tempo, muitos hão de se escandalizar, trair e odiar uns aos outros; levantar-se-ão muitos falsos profetas e enganarão a muitos. E, por se multiplicar a iniquidade, o amor se esfriará de quase todos. Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo.” (9-13)

Nesse grupo de versículos, Jesus Cristo está nos mostrando que seus discípulos serão perseguidos e até mesmo mortos por causa do Evangelho. O ódio existirá não somente na humanidade, mas entre os próprios cristãos. Muitos dos que professam fé em Cristo Jesus agora estarão pregando heresias por toda a parte. O amor de irmãos na fé esfriará e, em muitos casos, não haverá reconciliação. Porém aqueles que perseverarem na fé, serão salvos. Notamos que não é o “aguentar” das dificuldades que trará salvação, mas o guardar a fé em Cristo Jesus em meio a essas tribulações. 

Sabemos que perseguição não é algo que naturalmente desejamos, porque nela existe sofrimento e angústia, humilhação e insegurança. Porém, sabemos também, que quando existe perseguição, o Evangelho se espalha – foi assim na igreja primitiva e tem sido assim na igreja hoje. No verso 14, vemos exatamente isso: “E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então, virá o fim.” Vemos, então, que o princípio das dores inclui aqueles sinais que estão escritos até o verso 8; os sinais mais intensos que mostram maiores dores, incluem a perseguição dos discípulos de Cristo Jesus, apostasia, traição, ódio, o sucesso de falsos profetas enganando o povo e falta de justiça e amor (incluindo versos 9-12).

Até agora, todas essas profecias podem ser identificadas no tempo em que vivemos: entre a primeira e a segunda vinda do Messias. Sabemos que os problemas do mundo, apesar de muitos, podem ser ainda intensificados e que essas profecias, apesar de já podermos identificá-las, podem tomar forma diferentes no futuro. Ou seja, os sinais que vemos nos dias em que vivemos não necessariamente estão nos apontando para uma vinda breve de Jesus Cristo. Todas essas dores podem piorar. 

A Grande Tribulação

Depois de explicar sobre essas tribulações, Jesus segue descrevendo o que aparenta ser o maior sinal de todos: A grande tribulação, ou “o abominável da desolação”. Esse termo é usado no livro do profeta Daniel (8:13; 9:27; 11:31; e 12:11) e descreve algo que é de caráter abominável e leva os crentes a abandonarem o “templo”, o sagrado. O abominável é, então, algo que Deus rejeita, segundo seu caráter perfeito e santo. Esse abandono, muitos teólogos acreditam, acontecerá quando um líder mau (mais provavelmente o anticristo) entrar em acordo com líderes de Israel e, depois de um tempo, quebrar o acordo e proibir a verdadeira adoração, e instituir um ídolo no templo. Outros teólogos, no entanto, não veem essa profecia literalmente dessa maneira, mas têm uma visão mais metafórica. 

Os versos seguintes, 16-26, mostram a necessidade dos filhos de Deus buscarem refúgio, fugindo dessa liderança perversa. Deve haver fuga pronta e imediata. Novamente, aqui, temos pontos de vistas diferentes: será essa perseguição somente ao povo etnicamente judeu ou será ao povo de Deus, à Igreja como um todo? Para explicarmos melhor as diferentes abordagens sobre o final dos tempos, precisaríamos de mais tempo (e mais páginas!). Por enquanto, vamos entender mais sobre os sinais que Jesus está mostrando, considerando que eles podem ser explicados por meio de pontos de vista diferentes. 

A Bíblia, de uma maneira intencional, está revelando o que precisamos saber e, ao mesmo tempo, não está dando detalhes específicos nem definindo literalidade. Por isso, é importante que estudemos mais e, ao mesmo tempo, que não sejamos arrogantes em pontos de vista específicos, uma vez que tomaríamos posição firme em algo que a Bíblia não está necessariamente afirmando. Muitos cristãos, por exemplo, crêem que os santos serão poupados da Grande Tribulação e que o arrebatamento acontecerá antes que essas dores intensas de iniciem (pré-tribulacionistas). 

A Segunda Vinda do Rei

Nos versos 23-31, Jesus explica que sua segunda vinda dará término à tribulação. Antes que Ele volte, porém, sabendo que Jesus Cristo está prestes a terminar com as dores, Satanás se aproveitará e se levantará novamente com falsos messias, para enganar. Haverá sinais e maravilhas (executadas pelas trevas) para que o maior número de pessoas sejam enganadas. O engano de muitos, porém, não significa que perderão a salvação em Cristo, apesar de que isso também não pode atestar o oposto. Os santos que são verdadeiramente eleitos jamais perderão a salvação. E é aqui que podemos respirar fundo e confiar que a nossa salvação em Cristo é segura e firme. Não há nada nesse mundo que possa nos separar dEle, nem os enganos durante os últimos dias antes que Ele volte!

Jesus Cristo mostra que, assim como um relâmpago sai do oriente e se mostra no ocidente, assim será sua vinda. Em outras palavras, não haverá dúvidas. Sua primeira vinda foi, de certa forma, silenciosa. Anjos cantaram e uma estrela brilhou no céu, ao mesmo tempo que a maioria da humanidade não foi acordada por um anjo para ouvir da chegada do Messias. A Sua segunda vinda, porém, será inegável – todos saberão, todos verão, todos sentirão. Não existe espaço para dúvidas ou inseguranças. Ninguém perderá o memorando – todos devidamente irão testemunhar.

O final da Grande Tribulação será marcado por algo sem precedentes: os poderes celestes (Sol, Lua  e estrelas) serão abalados, caindo dos céus. Vemos essa linguagem em outras muitas passagens da Bíblia (Is. 13:9-10; 34:4; Ez. 32:7; Jo 2:31; 3:15; Am 8:9; Ag. 2:6; Za. 14:6; Ap. 6:12-14). A forma como a Palavra de Deus aborda esse assunto, mostra potencialmente que não haverá literalidade, mas que o mundo se mostrará dessa forma: a maldade é tão grande na terra que chegou até os céus. Até mesmo os poderes que antes tão intocáveis, constantes e firmes, agora também já não podem ser. 

Jesus então virá com poder e grande glória. Ele aparecerá, não sabemos como exatamente, juntando seus eleitos dos quatro cantos da terra. Para os pré-tribulacionistas, os crentes em Cristo que foram arrebatados antes da tribulação também serão incluídos nesse ajuntamento (Col 3:4). Assim como ressuscitarão em Cristo todos aqueles desde o Antigo Testamento que colocaram sua fé em Deus e em Seu Filho Jesus. Quando Jesus foi aos céus depois de sua ressurreição, Atos 1:11 diz que, assim como viram Ele subir, o verão retornar. Da mesma maneira que esse dia será dia de triunfo e grande alegria para os eleitos, também será dia de julgamento final, luto e dor. Jesus reinará eternamente, e para os seus, todas as lágrimas cessarão. Toda a dor acabará. Estaremos, finalmente, com o nosso Senhor Jesus, reinando eternamente. Aleluia!

Há muito ainda para aprendermos sobre esse assunto, e seria impossível colocar em somente um texto. Por enquanto, que possamos permanecer fiéis em nossos dias, sabendo que a vitória é garantida, a batalha é ganha e a nossa salvação completa e segura. Viveremos a eternidade em grande alegria independentemente da dor que experimentamos aqui na terra. Existe redenção e restauração hoje e no porvir. Maranata! Vem, Senhor Jesus!


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