O amor, do ponto de vista dos seres imperfeitos

Durante esses dias tenho sentido dentro de mim um ímpeto de pensar mais profundamente sobre o amor. Comecei a buscar então fontes bíblicas, passagens, versículos que pudessem me esclarecer o que é verdadeiramente o amor, como ele funciona, no que acarreta.

Muitas são as lições que Deus deixou registradas em Sua Palavra sobre isso, e eu tenho aprendido tanto! No começo eu tinha decidido guardar minhas conclusões só pra mim, mas depois pensei que, como eu, muitos de vocês, leitores, possam se interessar pelo assunto.

Possam ter coragem o suficiente de ir profundamente na Bíblia com o anseio de desmascarar e destruir esse amor superficial e hipócrita que sentimos, e aprender a amar com o amor com que Cristo nos amou.

Fiz então um texto que, de forma extremamente resumida, busca ajudá-los. Espero que alcance o mais profundo do seu coração. Não as minhas palavras e pensamentos, mas as palavras e pensamentos daquele que é o próprio amor.

O amor é paciente, suave e bom, não inveja nem tem ciúmes, não é vaidoso, nem orgulhoso. Click To Tweet

O meu texto não busca tratar somente, ou mesmo principalmente, do amor em sua forma romântica, entre um homem e uma mulher. Busco ir mais além. Busco falar do amor que devo sentir pelos meus pais, pelos meus amigos, pelas pessoas que me cercam, e pelas pessoas do mundo todo, sejam elas quem forem. Busco falar do amor, em sua essência, que é tudo aquilo registrado na famosa passagem de I Coríntios 13. Paciente, benigno, não inveja, não se vangloria, não se ensoberbece, não se porta inconvenientemente, não busca seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal, não se alegra com a injustiça, regozija com a verdade, tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. Acho interessante notar que muita gente enxerga esse texto somente do prisma romântico. “Não tenho namorada/noiva/esposa ainda, mas o amor tudo espera, é paciente”; “Tenho namorada/noiva/esposa então tenho de tratá-la buscando os interesses dela e não os meus.” Mas, e na situação “aquela pessoa me machucou tanto! Feriu o mais profundo do meu ser. Mas, o amor tudo sofre, tudo suporta”? Nessa situação, usamos I Coríntios 13?

Eu creio, e a Bíblia assim o diz em Romanos capítulo 3, que o ser humano, em sua essência, nada tem de bom. Portanto, sabemos que nada de bom que fazemos vem de nós, e que nossa tendência natural é de odiar, invejar, irritar, desesperar. Entretanto, a Bíblia diz que se o homem é nova criatura, eis que tudo se fez novo. Agora, com a ajuda de Deus, podemos lutar até conseguirmos alcançar a dádiva de amar. Portanto, devemos conhecer nosso alvo, e lutar.

O amor não maltrata, nem busca seus próprios interesses, não se irrita, nem suspeita mal. Click To Tweet
  • Amar a quem?

A Bíblia deixa bem claro, em um versículo muito decorado, mas escassamente aplicado, a quem devemos amar: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. E amarás o teu próximo como a ti mesmo.

Sobre amar a Deus, creio que nem preciso me aprofundar. Esta é uma dádiva dada pelo próprio Senhor a nós, pois nós O amamos porque Ele nos amou primeiro. O amor que devemos ter com Deus deve ser tratado com numa profundidade que minha cabecinha não saberia como alcançar. Então, ao invés de tratar do amor na sua forma vertical, vou tentar escrever sobre o amor em sua forma horizontal, ou seja, do homem para o homem.

Quem é nosso próximo? Por mais simples que a resposta pareça, muitas vezes nós a ignoramos, e a modificamos aos nossos próprios interesses. Meu próximo é, pura e simplesmente, todo aquele que não sou eu. Ou seja, desde o meu vizinho, meu parente, meu amigo, até aquele pessoa que me maltratou, que machucou alguém que amo, que me feriu tanto física como emocionalmente. Todos eles são meus próximos. E, segundo o próprio Cristo, eu devo amá-los.

O amor não guarda rancor, não se alegra com a injustiça, mas sim com a verdade. Click To Tweet

Na parábola do bom samaritano, do livro de Lucas, capítulo 10,  Jesus explica exatamente quem é meu próximo. O samaritano, inimigo histórico dos judeus foi quem prestou socorro ao homem jogado na estrada. É importante lembrarmos que durante cerca de 800 anos os judeus não se davam com os samaritanos, depois que em 722, Salmanezer e Sargão II, reis da Assíria, tomaram Samaria e substituíram seus habitantes por babilônios e sírios, que trouxeram suas tradições, crenças religiosas contrárias às dos judeus (fonte: http://www.jesusvoltara.com.br/sermoes/sermao01.htm). Ou seja, meu próximo vai muito além do meu amigo e vizinho pacífico. Meu próximo é aquele que chega até a ser considerado meu inimigo.

Tendo dito isso, vamos ver agora qual é o tipo de amor que devo ter, então, para com meu próximo.

  • O amor, o que é?

Em I Coríntios já vimos algumas de suas características, mas nós sempre passamos tão por cima delas, não nos aprofundamos em conhecê-las e reconhecer a cada uma delas. Vamos tentar nos aprofundar somente mais um pouco, então.

O amor é paciente (em outra versão: é sofredor). Paciência é, na minha opinião, umas das partes do fruto do Espírito mais difíceis de ter. Paciência é a capacidade de tolerar contrariedades, desavenças. É, na prática, a capacidade de ouvir a opinião do outro, contrária à sua, e saber engolir aquela resposta grossa, do famoso “você está errado! Eu é que estou certo!”. É o saber esperar.

O amor é benigno (suave e bom). O amor é suave, é bom, é calmo. Não trata com maledicência, não fala alto, não fala ríspido. Sempre tem uma resposta franca e delicada.

O amor não inveja (em outra versão: não arde em ciúmes). Ou seja, se o amor não inveja, e eu devo amar a todos, logo eu não posso sentir inveja de ninguém. A inveja só revela falta de amor próprio (muito diferente de excesso de amor próprio, que leva ao egoísmo e ao orgulho), e só leva à tristeza e amargura de espírito.

O amor não se vangloria (envaidece). Vanglória está ligada à vaidade, ao orgulho exacerbado. Ou seja, assim como a inveja é a falta de amor próprio, a vanglória é excesso. Ambos os extremos são prejudiciais à própria pessoa.

O amor não se ensoberbece (em outra versão: não se orgulha). Também trata de orgulho, arrogância. É tratar o próximo como diferente por sua classe social, sua cultura diferente, ou por qualquer outro motivo, achando-se melhor do que ele.

O amor não se porta inconvenientemente (em outra versão: Não maltrata). Acho que eu poderia dar muitos exemplos práticos desse ponto, mas basicamente o mais importante é perceber que o amor porta-se com conveniência, ou seja, sendo útil, proveitoso, sábio, moderado, necessário.

O amor  não busca seus próprios interesses. Ou seja, não é egoísta. Ah, se a teoria fosse tão simples quanto a prática, não é? É muito lindo dizer que o amor não é egoísta, mas é muito difícil deixar de fazer aquilo que você tanto queria para satisfazer a necessidade do próximo. Um exemplo simples? Lavar a louça sem nem mesmo perguntar à mãe se ela queria ajuda, enquanto você poderia estar dormindo, vendo TV, ou fazendo qualquer outra coisa… São nessas pequenas coisas que o verdadeiro amor bíblico é demonstrado.

O amor não se irrita. Nem é preciso explicar muita coisa, não é? O amor é calmo, engole aquela resposta grossa, respira e mantém a calma, sem se irritar.

O amor não suspeita mal (em outra versão: não guarda rancor). Ou seja, o amor confia, e quando desapontado, o amor perdoa e segue em frente.

O amor não se alegra com a injustiça. Pelo contrário, alegra-se na justiça, no fazer o bem, no fazer o correto.

O amor regozija com a verdade. O amor entristece-se, portanto, com a mentira. A mentira o deixa fraco e inseguro.

O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. Ele sofre e continua calmo, com paciência. Ele crê, confia, acredita no melhor. Ele espera, mesmo que demore, mesmo que não venha. Ele suporta a dor, o xingamento, a tristeza, a traição. Ou seja, o amor é o Amor – Cristo encarnado que fez tudo isso que I Co. 13 exemplifica.

O amor tudo sofre, crê, espera e suporta. Click To Tweet

É esse amor, simples porém tão pouco sentido, que devemos ter pelo próximo. Por todas aquelas pessoas que cruzam nossos caminhos. Para que nosso amor seja não seja fingido nem hipócrita. Que saibamos como amar uns aos outros de coração, com toda a verdade no nosso ser. (Rom. 12) Para que, quando nos baterem em uma face, saibamos amar a tal ponto de conseguirmos dar então a outra face para que nela batam também. Porque o amor do nosso Mestre, a quem devemos imitar, foi tão grandioso e sublime que aceitou suportar toda culpa do pecado, para que o Seu povo, aquele povo que o odiou, fosse redimido e pudesse amá-lO.

Ah, ajuda-nos, Senhor!

“Mas eu lhes digo: Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem, para que vocês venham a ser filhos de seu Pai que está nos céus. Porque ele faz raiar o seu sol sobre maus e bons e derrama chuva sobre justos e injustos.
Se vocês amarem aqueles que os amam, que recompensa receberão? Até os publicanos fazem isso!
E se vocês saudarem apenas os seus irmãos, o que estarão fazendo de mais? Até os pagãos fazem isso!
Portanto, sejam perfeitos como perfeito é o Pai celestial de vocês”. (Mateus 5:44-48)

Publicado no Truth Faith Love, em 10 de Maio de 2011.

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Eu precisava me relembrar dessas coisas que escrevi há 5 anos. Eu era uma pessoa totalmente diferente naquela época, ainda não tinha visto muita coisa, vivido muita coisa. Mas, esses ensinamentos servem tanto para a Francine de 18 anos, no segundo ano da faculdade, tentando entender a vida e buscando um relacionamento, quanto para a Francine de 23, noiva, se preparando para o casamento e para a vida a dois.

As verdades da Bíblia são necessárias em todas as épocas da vida.

Que o Senhor tenha misericórdia de nós e nos ajude a amarmos uns aos outros!

E você? Quais dessas características do amor você acha mais difícil de cumprir em sua vida? Para mim é o “não se orgulha”. Ah! Como sou orgulhosa! Me conte qual é a parte mais difícil de cumprir para você nos comentários.

Em Cristo,
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