Natal na Prática: A simplicidade do Natal – Celebrando com menos para experimentar mais

Eu tenho a impressão que, a partir do mês de novembro, o ritmo da maioria das pessoas muda  – é como se uma chave virasse e, a partir de então, tudo gira em torno das comemorações do final do ano e, principalmente, do Natal. Começamos a correr com as confraternizações, sorteios de amigo secreto, definição da ceia natalina, onde nos reuniremos na véspera do dia vinte e cinco, ensaio fotográfico natalino, investir o máximo de tempo e esforço para que nossas casas se pareçam o máximo possível com a vila do papai noel. Ah! E as roupas! O desespero para preparar uma bela roupa para jantar em casa ou na casa de algum parente. As lojas de departamento são inundadas com a paleta de cor natalina, e parece que há alguém severamente nos obrigando a estar como manda o figurino.

Bem, e isso também ocorre quando o assunto é igreja e vida cristã. Buscamos o melhor devocional de advento, o material mais encantador para ensinar sobre Jesus para os nossos filhos, cantatas natalinas nas igrejas, decorações e, novamente, roupas novas para combinar com tudo. 

Ora, todas essas coisas que citei acima não são coisas ruins em si. Não há nada de errado em decorar a nossa casa para o natal nem em querer se vestir bem para um jantar em família. As cantatas são lindas e é  um privilégio ter acesso a tanto conteúdo bíblico para vivermos o advento.

Mas o problema é que, com o passar do tempo, o feriado de Natal tem sido cada vez mais esquecido em seu verdadeiro significado. Há uma busca desenfreada por consumo, beleza, comidas e presentes. Muitas mesas são fartas, mas os corações estão vazios. Há beleza nas vestimentas, mas esquecemos de contemplar o que há de mais belo no Natal – o Deus menino que nos nasceu.

Podemos e devemos celebrar o Natal com toda a alegria, presentes e comidas que essa data merece. Não encontraremos melhor e maior motivo para nos alegrarmos senão o fato de Cristo ter vindo a nós,mas precisamos nos lembrar que o Natal não é apenas uma data comemorativa no calendário de crentes e descrentes, e sim  um momento para pararmos, desacelerarmos e meditarmos em verdades eternas: Deus veio ao mundo como um bebê para que pecadores imperdoáveis pudessem se sentar à Sua mesa como convidados amados. Não mais inimigos, mas agora filhos pelo sangue do Cristo, o Deus que nasceu de mulher e morreu morte de cruz para nos redimir eternamente.

Passamos tanto tempo pensando em decorações, roupas e comidas e nos esquecemos que o motivo para a celebração nasceu em uma simples manjedoura, nu e em uma família totalmente sem recursos. Nos importamos tanto em preparar tudo para o natal que nos esquecemos de preparar verdadeiramente nossos corações para a celebrar a chegada do Cristo.

Simples Como Ele é Simples

A forma como vivemos o Natal revela o Deus a quem servimos, e o nosso Deus é simples. Não precisamos de roupas novas – a não ser as novas vestes que o Cristo nos deu. Não precisamos de um grande banquete, pelo menos não mais do que precisamos do Pão da Vida. Não precisamos de uma infinidade de enfeites quando nosso principal adorno é o coração habitado pelo Espírito.

Jesus é simples, e nós precisamos ser como ele é. Cristo não nos exige grandes coisas para celebrarmos o seu nascimento. O Rei que poderia ter nascido em um palácio todo revestido de ouro, com vestes finas desde o momento em que saiu do ventre de sua mãe, não se importou com  essas coisas. O Deus de toda criação nasceu em uma noite simples, em um  lugar simples e na presença de pessoas simples.

A verdadeira alegria não está na vestimenta ou no banquete, afinal, essas coisas vão passar, e no próximo ano vamos desejá-las de novo, como quem corre atrás do vento. A nossa verdadeira alegria deve estar enraizada na verdade de que Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador, nasceu, e isso mudou tudo para sempre. As coisas aqui irão passar, mas o Senhor vive eternamente.

Celebremos, sim, com o melhor que temos, mas o melhor que podemos ter nessa vida é um coração quebrantado e cheio da graça do Deus vivo. Busquemos bons materiais para viver o advento, mas sem nos esquecermos que tudo o que precisamos está na Bíblia. Ensinemos nossos filhos sobre a chegada do Messias, mas sabendo que não precisamos de nada além da Santa Palavra e da graça do Espírito que opera na simplicidade do coração rendido a Cristo. Comamos em comunhão com aqueles que amamos, mas sem nos esquecermos do real motivo para isso. Afinal, melhor do que banquetear com a família no natal, é saber que haverá um grande banquete final e que fomos convidados pelo próprio Deus a fazer parte de Sua família, pelo sangue de Cristo derramado em nosso favor.

É na simplicidade que Cristo nasce. Nosso coração não precisa de mais peso. Nós não precisamos acelerar mais o ritmo. Nós precisamos apenas que, da mesma forma que o Senhor foi gerado no ventre de uma simples serva, seja também gerado em nosso simples coração, que não se apoia em nada além da graça de Deus para receber o Cristo. Porque Jesus nasceu em uma noite comum, em uma  simples manjedoura, ele pode também nascer hoje nos corações que esperam por ele. É assim que podemos experimentar mais de Deus nesse natal. 


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